A Coamo Agroindustrial, maior cooperativa agrícola do Brasil, prevê receber volume próximo de 5,4 milhões de toneladas de soja em 2025, aumento de 12,5% na comparação com 2024, diante da expectativa de um crescimento da colheita em algumas de suas áreas de atuação, disseram nesta terça-feira (11) dirigentes da organização à Reuters.
O volume, entretanto, ficaria abaixo das cerca de 6 milhões de toneladas de 2023, quando o Paraná teve um recorde de produção, diz o presidente-executivo da Coamo, Airton Galinari.
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Embora a cooperativa com sede em Campo Mourão (PR) obtenha a maior parte dos seus volumes no Paraná, ela atua ainda em Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, onde algumas regiões também sofrem com o tempo seco.
“Tudo indica que a quebra no Paraná é menor do que no ano passado, que foi catastrófico no norte do Estado. Mas não é uma super safra. O sul de Mato Grosso do Sul tem quebras mais importantes, eles sofreram bastante, o norte do MS está melhor”, disse Galinari.
Segundo ele, o norte do Paraná está “sofrendo um pouco” com o clima, enquanto o centro-sul do Estado, um dos maiores produtores de soja do Brasil, tem uma safra em melhores condições.
“Temos quebra de safra. Estamos vendo quebra de 5% a 20% (dependendo da região), com a maior quebra em Mato Grosso do Sul e a menor no Paraná”, acrescentou o presidente do Conselho de Administração da Coamo, José Aroldo Gallassini.
Questionados sobre perspectivas de resultados em receita em 2025, os dirigentes afirmaram que há incertezas relacionadas aos preços, uma vez que outras partes do Brasil estão colhendo bem, o que deverá resultar em uma safra recorde do país.
Além disso, eles citaram ainda que há dúvidas ligadas ao impacto das políticas do presidente dos EUA, Donald Trump, para o mercado.
“Deve ser mais ou menos a mesma posição (de 2024), quebra de preço, quebra de safra e quebra no preço dos insumos”, comentou Gallassini.
A soja é o principal produto agrícola recebido pela Coamo, respondendo por aproximadamente 60% das cerca de 8 milhões de toneladas de grãos que a cooperativa obteve em 2024, que incluem também milho e trigo, entre outros.
Safra adiantada
Com a colheita de soja adiantada no Paraná, a Coamo nunca recebeu tanta oleaginosa em janeiro, um volume estimado em cerca de 1 milhão de toneladas, disse o presidente-executivo, acrescentando que esses totais não significam vendas efetivas de produtores, que estão em ritmo “um pouquinho melhor” na comparação com a mesma época do ano passado.
Segundo Gallassini, os preços, contudo, não têm estimulado muito os negócios, e os produtores “estão vendendo à medida que estão vencendo suas contas”.
Uma colheita antecipada de soja está permitindo uma boa janela de plantio de milho segunda safra na área de atuação da Coamo, o que deve ajudar a impulsionar o plantio, disse Galinari.
Segundo ele, a área de milho dos cooperados da Coamo poderá crescer 15%, para mais de 2 milhões de hectares.
Investimento em biodiesel
A Coamo fechou 2024 com receita de R$28,82 bilhões, recuo de quase 5% na comparação com os mais de R$ 30 bilhões de 2023, enquanto as sobras líquidas do ano passado somaram pouco mais de R$ 2 bilhões de reais, baixa de pouco mais de 10% ante o período anterior, segundo resultados aprovados em assembleia nesta terça-feira.
Deste valor, após a dedução estatutária, a Coamo vai distribuir aos mais de 32 mil cooperados no Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul mais de R$ 694 milhões, na proporção da movimentação de cada produtor na cooperativa.
A cooperativa anunciou ainda que planeja investir cerca de R$ 300 milhões na construção de uma indústria de biodiesel na área do porto de Paranaguá, onde a empresa já tem uma unidade de processamento de soja, matéria-prima do biocombustível.
A planta deverá ficar pronta ao final de 2026, mesma data prevista para o início da operação da uma nova usina de etanol de milho da cooperativa, anunciada anteriormente.
O investimento na indústria de biodiesel integrará um aporte total de R$ 850 milhões aprovado na assembleia nesta terça-feira.
A Coamo exportou 4,341 milhões de toneladas de commodities e produtos alimentícios, gerando um faturamento de US$ 1,88 bilhão.