A colheita da soja avança em Mato Grosso, trazendo reflexos diretos para a segunda safra de milho no estado. Segundo dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), divulgados em relatório do Santander nesta segunda-feira (10), 28,6% da área estimada para colheita de soja já foi colhida, um avanço de 16,4 pontos percentuais na semana. O ritmo, no entanto, ainda é inferior à média dos últimos cinco anos, que é de 39,6%, e também ao registrado no mesmo período do ano passado, de 51,5%.
A evolução da colheita é um fator determinante para a safrinha de milho, que depende da liberação das áreas de plantio. Até o momento, o milho de segunda safra foi semeado em 23,5% da área estimada, um incremento semanal de 17,2 pontos percentuais. Assim como na soja, o índice também está abaixo da média de cinco anos, de 36,1%, e dos 42,1% registrados no mesmo período da safra passada.
Leia também
O ritmo da colheita da soja e do plantio do milho está diretamente relacionado às condições climáticas. De acordo com previsões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), as próximas duas semanas devem ter níveis de precipitação abaixo da média, o que pode favorecer ainda mais a colheita da oleaginosa e acelerar a semeadura do milho.
“Caso as condições climáticas se mantenham favoráveis, podemos ver uma melhora nos números divulgados pelo IMEA nas próximas semanas”, aponta o estudo do Santander, conduzido pelos analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, do Banco Santander Brasil. Eles são responsáveis pela análise do setor de transporte e infraestrutura agrícola no país e acompanham de perto a evolução da safra e seus impactos no mercado.
Além disso, dados do NOAA indicam que a umidade do solo em Mato Grosso está dentro da média histórica, o que contribui para uma boa germinação das lavouras recém-plantadas. Segundo o relatório, a precipitação acumulada no estado nas últimas duas semanas ficou abaixo da média, reduzindo o risco de atrasos na colheita.
O ritmo mais acelerado da colheita da soja pode reduzir riscos para a safrinha de milho, permitindo que grande parte da cultura se desenvolva dentro da janela climática ideal, que vai até o fim de fevereiro. “A concentração do plantio do milho dentro desse período é fundamental para evitar perdas com estiagens e garantir boa produtividade”, destaca o relatório.
O impacto na logística
O desempenho das colheitas também tem impacto direto na logística de transporte de grãos. A empresa Rumo, que opera ferrovias no Centro-Oeste, pode se beneficiar da aceleração na safra, com maior volume de cargas transportadas. “Vemos esse cenário como positivo para a Rumo, considerando o ritmo mais rápido da colheita e do plantio, que tende a manter a demanda por transporte elevada”, analisa o estudo.
Além dos impactos no transporte, o relatório aponta que a comercialização da soja no estado segue a um ritmo mais lento do que o esperado. Até o início de fevereiro, apenas 42% da safra 2024/25 havia sido comercializada, abaixo dos 55% registrados no mesmo período do ciclo anterior. “A volatilidade dos preços e a expectativa de melhores cotações têm levado os produtores a segurar as vendas”, explica o relatório.
A evolução da safra de soja e da safrinha de milho continuará sendo monitorada nas próximas semanas, com atenção especial para as condições climáticas e os impactos sobre a produtividade e o escoamento da produção.