A indústria do café no Brasil registrou um salto de mais de 60% no faturamento interno em 2024, alcançando R$ 36,8 bilhões, uma alta de 60,85% quando comparado a 2023, em meio a preços mais altos nas gôndolas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), divulgados nesta quarta-feira (5). A entidade monitora as vendas no varejo por meio de 3 milhões de notas fiscais coletadas mensalmente.
O consumo da bebida do grão torrado também teve aumento. De novembro de 2023 a outubro de 2024 houve uma alta de 1,1% na compra de café em relação ao mesmo período anterior. O Brasil, maior produtor e exportador global e segundo consumidor mundial de café, consumiu 21,9 milhões de sacas (equivalentes), versus 21,68 milhões de sacas de novembro de 2022 a outubro de 2023.
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O volume do consumo representa 40,4% da safra de 2024 do país estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 54,21 milhões de saca, enquanto no período anterior o total consumido representou 39,4% da previsão oficial de colheita, citou a Abic.
Com os novos números, o Brasil segue na posição de segundo maior consumidor de café do mundo, atrás dos Estados Unidos em volumes absolutos, disse a Abic, citando que o total consumido pelos norte-americanos superou o nacional em 4,1 milhões de sacas.
Mas se for levado em conta o consumo per capita do Brasil com os EUA, os brasileiros levam a melhor. O consumo per capita no Brasil entre novembro de 2023 a outubro de 2024 foi de 6,26 kg por ano de café cru, ante 4,9 kg dos EUA.
Embora os números de safra de café de fontes governamentais sejam vistos como subestimados, já que somente a exportação do Brasil superou 50 milhões de sacas em 2024, segundo dados do conselho de exportadores Cecafé, o aumento do percentual consumido em relação à produção nacional dá uma ideia do balanço de oferta e demanda mais apertado.
O preços do café cru engataram uma alta nos mercado globais desde o início de 2024, após problemas de safra no Brasil e no Vietnã, maior produtor de grãos da variedade canéfora, o que levou a indústria local a repassar custos.
Segundo a Abic, o preço médio no varejo dos cafés especiais sofreu um aumento de 9,80%, quando comparado o período de janeiro de 2024 com dezembro do mesmo ano; na categoria de cafés gourmets, a alta foi de 16,17%; enquanto nos tradicionais e extrafortes o avanço foi de 39,36%.
Mas a entidade ressaltou que o custo da matéria-prima, nos últimos quatro anos, aumentou mais do que no varejo, subindo 224% e 110%, respectivamente. A variação do café tradicional nos supermercados, contudo, foi mais forte do que a registrada em alguns produtos da cesta básica, como leite (+18,4%), arroz (+15%) e óleo de soja (+26,6%), relatou a Abic.