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A Índia é um dos principais produtores de alimentos do mundo, e uma das mais diversificadas produções, desempenhando um papel central na economia do país e na segurança alimentar global. A Índia é o segundo maior produtor de alimentos do planeta, atrás apenas da China, e lidera a produção de diversos itens agrícolas.
É o maior produtor de leite, especiarias, leguminosas e chá. Está entre os principais produtores de trigo, arroz, açúcar, algodão e óleos vegetais. E entre os grandes exportadores de arroz do mundo, com forte produção em estados como Punjab, Uttar Pradesh e Bengala Ocidental. A Índia lidera a produção de bananas, mangas e papaias e também é um grande produtor de batatas, cebolas e tomates. A produção de carne de búfalo e frango tem crescido, tornando o país um dos principais exportadores de carne bovina (de búfalo) e de aves.
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Mas, com uma população de 1,46 bilhão de habitantes, a maior do mundo, e que deve chegar a 1,67 bilhão de pessoas em 2050, segundo a Organização das Nações Unidas, isso não basta. Apostando no crescimento e na melhoria da agricultura e da economia rural, o governo planeja acelerar o desenvolvimento no ano fiscal de 2026. Com iniciativas para impulsionar a produção de vegetais, frutas, sementes e crédito para agricultores, pescadores e produtores de laticínios, o governo da Índia está apostando fortemente no crescimento agrícola.
Identificando a agricultura como o primeiro dos quatro motores do desenvolvimento, a ministra das Finanças, Nirmala Sitharaman, afirmou recentemente em sua apresentação no Parlamento: “Neste orçamento, as medidas propostas de desenvolvimento abrangem dez áreas principais, com foco nos pobres, nos jovens, nos agricultores e nas mulheres.”
Em 2026, o governo vai investir, em moeda local, Rs 1,71 lakh crore, que equivalem a R$ 1,131 trilhão na cotação atual. Para comparação, neste ano de 2025, o valor destinado ao ano fiscal foi Rs 1,4 lakh crore, ou R$ 926,1 bilhões. “No geral, em linha com as expectativas, o governo continua enfatizando a infraestrutura, o set r agrícola e o ecossistema de startups. Se executado corretamente, o orçamento poderá revitalizar a economia indiana, que vem passando por uma desaceleração”, afirma Sanjay Sanghvi, sócio da Khaitan & Co.
Com o objetivo de ajudar 17 milhões de agricultores, o governo anunciou um novo programa agrícola chamado ‘Prime Minister Dhan-Dhaanya Krishi Yojana’ em parceria com os estados. Por meio da convergência de programas existentes e medidas especializadas, o programa abrangerá 100 distritos com baixa produtividade, intensidade agrícola moderada e parâmetros de crédito abaixo da média.
O programa visa aumentar a produtividade agrícola da Índia, adotar a diversificação de culturas e práticas agrícolas sustentáveis, ampliar o armazenamento pós-colheita em nível de panchayat (conselhos locais) e blocos regionais, melhorar as instalações de irrigação e facilitar o acesso a crédito de curto e longo prazo.
No passado, os repetitivos choques de preços dos alimentos destacaram a importância de aumentar os investimentos em armazenamento refrigerado e infraestrutura agrícola para proteger os agricultores de flutuações excessivas nos preços dos alimentos.
O governo também planeja lançar um programa multissetorial chamado ‘Prosperidade e Resiliência Rural’, em parceria com os estados. “Isso abordará o subemprego na agricultura por meio de capacitação, investimentos, tecnologia e fortalecimento da economia rural. O objetivo é gerar amplas oportunidades nas áreas rurais, para que a migração seja uma opção, mas não uma necessidade”, disse Sitharaman.
Também há uma proposta na Índia de lançar uma missão de seis anos chamada “Missão para a Autossuficiência em Leguminosas”, com foco especial em tur, urad e masoor (variedades de leguminosas). Com o objetivo de promover a produção, o abastecimento eficiente, o processamento e preços remuneradores para os agricultores, o governo também pretende lançar um programa voltado para vegetais e frutas.
Um Conselho do Makhana será estabelecido em Bihar para melhorar a produção, o processamento, a agregação de valor e a comercialização do makhana (sementes comestíveis de lótus). As pessoas envolvidas nessas atividades farão parte de Organizações de Produtores Agrícolas (FPOs). O conselho oferecerá suporte técnico e treinamento aos agricultores de makhana e também trabalhará para garantir que eles recebam os benefícios de todos os programas governamentais relevantes.
O governo também propôs o lançamento de uma missão nacional para sementes de alto rendimento, visando fortalecer o ecossistema de pesquisa, o desenvolvimento direcionado e a disseminação de sementes com alta produtividade, resistência a pragas e resiliência climática, além da disponibilização comercial de mais de 100 variedades de sementes lançadas desde julho de 2024.
Segundo Saugata Gupta, diretor executivo (MD) e CEO da Marico, o fundo destinado à agricultura e atividades correlatas, aliado a iniciativas como a ‘Missão Nacional para Oleaginosas Comestíveis’, ‘Autossuficiência em Leguminosas’ e a ‘Prime Minister Dhan-Dhaanya Krishi Yojana’, impulsionará a produtividade agrícola, estabilizará as economias rurais e garantirá que os agricultores tenham acesso aos recursos essenciais. “No campo da saúde e nutrição, o aprimoramento dos padrões de custo para programas de suporte nutricional, como Saksham Anganwadi e Poshan 2.0, é um passo significativo”, acrescenta.
Enquanto isso, para o setor pesqueiro, o governo estabelecerá um marco regulatório para a exploração sustentável da pesca na Zona Econômica Exclusiva da Índia e em alto-mar, com foco especial nas Ilhas Andaman & Nicobar e Lakshadweep.
Com o objetivo de aumentar a produtividade do algodão, o governo propôs uma missão para o setor. “Essa missão de cinco anos facilitará melhorias significativas na produtividade e sustentabilidade da cultura do algodão e promoverá variedades de algodão de fibra extra-longa”, disse a ministra das Finanças.
Por fim, para promover o acesso ao crédito para agricultores, o governo propôs a ampliação dos Cartões de Crédito Kisan (KCC) para facilitar empréstimos de curto prazo a 77 milhões de agricultores, pescadores e produtores de laticínios. O limite de crédito sob o esquema modificado de subvenção de juros será aumentado de cerca de R$ 20 mil para R$ 33 mil para empréstimos obtidos por meio do KCC.
“A decisão do governo de aumentar o limite de empréstimo de curto prazo no âmbito do KCC deve impulsionar o crescimento do mercado de cartões de crédito na Índia”, afirma Raj Gaikar, analista de pesquisa da Samco Securities. Ele acrescenta que bancos do setor público, como o SBI, o Union Bank e o Canara Bank, que concedem ativamente empréstimos KCC, provavelmente verão um aumento na receita de crédito. Além disso, líderes do setor privado no segmento de cartões de crédito, como HDFC Bank e Axis Bank, poderão se beneficiar da maior adoção do crédito, fortalecendo ainda mais sua posição no mercado.