![preços dos alimentos](https://forbes.com.br/wp-content/uploads/2025/02/agro_supermercados_13fev25_-Getty-768x512.jpg)
O Rabobank (Coöperatieve Rabobank U.A.), um dos maiores bancos do mundo especializados no setor agroalimentar, presente em cerca de 40 países, incluindo o Brasil, apresentou nesta semana seu relatório sobre as perspectivas e expectativas para o setor do agro, assinado por Mauricio Une, economista-chefe para a América do Sul, e Renan Alves, economista para o Brasil, analisa o cenário econômico do país.
O agronegócio brasileiro inicia 2025 sob pressão, dizem os economistas. De um lado, a inflação dos alimentos segue elevada, impulsionada pelo aumento nos preços do café e do tomate. De outro, as exportações do setor recuaram no início do ano, e a política monetária restritiva encarece o crédito rural. “O cenário para 2025 é desafiador, com a inflação de alimentos ainda resiliente, volatilidade cambial e incertezas no comércio internacional”, aponta o relatório.
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Mas, apesar dos desafios, o relatório aponta que o agronegócio brasileiro segue competitivo e bem posicionado no comércio global. “A expectativa é de uma safra forte e de um câmbio que favorece as exportações. No entanto, os custos de produção seguem elevados, e o setor precisa se preparar para um ano de volatilidade”, diz o estudo.
A inflação do setor agroalimentar começou o ano desacelerando, mas segue elevada. Em janeiro, o IPCA fechou em 0,16%, abaixo dos 0,52% registrados em dezembro. No entanto, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,96%, pressionado pelo café moído (+8,56%) e pelo tomate (+20,27%). Já as carnes tiveram alta de 0,36%, um alívio após a forte valorização de 5,26% no mês anterior.
“O mercado de proteínas segue pressionado pela demanda externa e pela valorização do dólar, que torna a exportação mais atrativa”, destaca o estudo.
Exportações do Agro começam 2025 em queda
A balança comercial do agronegócio surpreendeu negativamente em janeiro, com um superávit de US$ 2,2 bilhões, bem abaixo dos US$ 6,2 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. O desempenho fraco se deve à queda das exportações, que recuaram 5,7%, e ao aumento das importações, que cresceram 12,2%.
Entre os produtos que mais caíram nas exportações do agro estão: trigo e centeio (-39%) e açúcar e melaço (-41,5%). Já nas importações, os destaques foram o aumento na compra de frutas e nozes (+16,8%) e máquinas e motores não elétricos (+56,7%), refletindo a demanda do setor agropecuário por tecnologia e equipamentos.
Mas, com uma safra que caminha bem até agora, o Rabobank projeta um superávit de US$ 76,9 bilhões para 2025, sustentado por uma safra recorde de soja e uma possível recuperação da demanda externa. Com um senão: o mercado externo segue como um fator de risco para o Brasil.
O relatório do Rabobank chama a atenção para os efeitos das políticas protecionistas do governo dos Estados Unidos e da desaceleração da economia chinesa. Além das tarifas sobre aço e alumínio, no cenário internacional uma desaceleração da China pode reduzir a demanda por grãos e carne bovina, impactando as exportações do Brasil. “O Brasil ainda mantém vantagem competitiva no mercado global, mas precisa estar atento a essas movimentações”, alerta o Rabobank.
Custos seguem elevados
O relatório também destaca os impactos do câmbio e da política monetária no setor. Apesar da recente valorização do real, o dólar fechou a última semana a R$ 5,8050 e deve terminar o ano em R$ 5,94, segundo as projeções do Rabobank.
“O câmbio mais depreciado favorece as exportações, mas encarece os insumos agrícolas importados, como fertilizantes e defensivos”, explicam os economistas.
A política monetária também pesa sobre o setor. O Banco Central manteve uma postura conservadora, e a taxa Selic pode alcançar 15% ao ano, o que torna o crédito rural mais caro e reduz o apetite para novos investimentos no campo.