
A indústria de frutas do Brasil, que exportou o equivalente a US$ 1 bilhão em 2024, tem potencial para vender muito mais no exterior, a exemplo de setores líderes globais do agronegócio do país, como café, soja, e algodão, disseram especialistas durante evento do setor em São Paulo.
“Não há razão alguma para o setor de frutas ficar somente nesta cifra de um universo de embarques do agro, que já supera US$ 160 bilhões por ano”, disse o professor Marcos Jank, coordenador do núcleo Insper Agro Global, durante a Fruit Attraction São Paulo 2025.
A logística é um dos entraves para a exportação de frutas, que são produtos perecíveis. Mas o setor também precisa abrir mercados, seguindo o exemplo de outros segmentos.
De acordo com o especialista, a fruticultura brasileira deveria expandir para outros mercados, além dos EUA e Europa, buscando também oportunidades na Ásia e Oriente Médio.
“O setor de frutas pode aprender com outros segmentos, como o de grãos, café, carnes, algodão, entre outros”, disse Jank, citando produtos do Brasil que são líderes na exportação global.
Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Waldyr Promicia, o Brasil poderia exportar muito mais, já que tem potencial para “dobrar, triplicar, quadruplicar nossa produção”.
Mas o desafio consiste na abertura de novos mercados.
“Hoje, a fruticultura brasileira tem somente 4% de participação nas vendas globais. Somos apenas o 23º exportador mundial do segmento”, notou ele.
Oportunidade geopolítica?
Segundo Jank, do Insper Agro Global, a agenda do governo Donald Trump que disparou uma guerra comercial tarifária com diversos países, em particular a China, mostra que o comércio internacional caminha para um cenário muito mais ancorado em critérios geopolíticos do que de negociações baseadas em fundamentos de mercados.
“Mas, de alguma forma, neste momento, este cenário pode ser favorável para a fruticultura do Brasil, por exemplo, a partir de barreiras impostas pela Casa Branca ao México. Anualmente, os EUA importam cerca de US$45 bilhões em frutas e verduras”, destacou.
Além do desafio da abertura de mercados, que esbarra muitas vezes em questões protecionistas, a logística também é um gargalo, já que as frutas são itens perecíveis.
Neste sentido, ele sugeriu a busca por ampliação de rotas aéreas, por exemplo, e a adoção de tecnologias que deem mais tempo de prateleira aos produtos.