
Os choques nos preços do café verde levam cerca de um ano para chegar aos consumidores, enquanto o impacto residual dura pelo menos quatro anos, de acordo com um relatório publicado nesta sexta-feira (14) pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês).
Graças à manutenção de condições climáticas adversas que prejudicam a oferta e corroem os estoques globais, os preços do café verde estão em alta, com o arábica ganhando 70% na bolsa ICE no ano passado e mais de 20% até agora neste ano.
De acordo com a FAO, cerca de 80% desses aumentos de preços serão repassados aos consumidores ao longo de 11 meses na União Europeia, enquanto nos Estados Unidos 80% dos aumentos serão repassados ao longo de 8 meses.
Os EUA e a União Europeia são, de longe, as maiores regiões consumidoras de café do mundo.
É provável que os aumentos de preços para os consumidores sejam muito menores do que o aumento do custo dos grãos crus, pois há outros fatores que contribuem para os preços do café no varejo, como transporte, torrefação, embalagem, certificação e margens de lucro no varejo.
De acordo com o relatório da FAO, um aumento de 1% no custo do grão cru na UE se traduz em um aumento de 0,24% no preço de varejo após 19 meses, “com o choque persistindo por vários anos”.
Em termos de países produtores, o órgão da ONU disse que os preços para os produtores de café em grão subiram 17,8% na Etiópia, 12,3% no Quênia, 13,6% no Brasil e 11,9% na Colômbia — muito longe dos ganhos observados em mercados negociados internacionalmente, como a ICE.