
A safra de soja 2024/25 do Rio Grande do Sul foi estimada nesta terça-feira (11) em 15,07 milhões de toneladas, de acordo com o segundo levantamento de produção da Emater para a temporada, que indicou um corte de cerca de 30% na comparação com a previsão inicial, divulgada em agosto do ano passado.
Segundo o órgão de assistência técnica ligado ao governo gaúcho, a falta de chuva e o calor reduziram as expectativas, que eram de 21,65 milhões de toneladas, inicialmente.
Com base na estimativa atual, a produção de soja gaúcha deverá cair 17,4% em 2024/25 em relação ao ciclo anterior, quando o Estado sofreu com enchentes históricas.
Em seu levantamento de fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já havia apontado problemas na safra gaúcha 2024/25, colocando Goiás à frente do Rio Grande do Sul como terceiro Estado produtor de soja do Brasil.
Levando-se em conta os números da Emater, o Brasil deverá colher ainda uma safra de soja recorde em 2024/25. Em fevereiro, a Conab apontou uma produção nacional de 166 milhões de toneladas –a máxima histórica anterior foi de 155,7 milhões de toneladas, em 2022/23.
Diferentemente do Rio Grande do Sul, Estados do centro-norte do país, maior produtor e exportador da oleaginosa, foram beneficiados com chuvas na safra 2024/25.
A Conab, que estimava a safra de soja do Rio Grande do Sul em 18,4 milhões de toneladas, no mês passado, vai atualizar seus números na próxima quinta-feira.
Segundo o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, a lavoura do Rio Grande do Sul sofreu com falta de chuva, estresse hídrico e ondas de calor. Algumas áreas, mais a leste do Estado, sofreram menos, enquanto o oeste foi mais afetado.
“É o impacto mais significativo… até pela área cultivada (maior), mas é o impacto na economia mais significativo que o Estado do Rio Grande do Sul sofre com a estiagem na questão de grãos”, afirmou Baldissera, durante apresentação dos números em evento na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS).
O levantamento de safra na Emater foi realizado na segunda quinzena de fevereiro. Neste momento, o Rio Grande do Sul já está em processo de colheita, o que indica que as alterações nas projeções de agora em diante devem ser menos expressivas.
Mais irrigação
O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, afirmou durante o evento que os números são importantes para o Estado traçar políticas públicas, e chamou a atenção para um programa estadual que subsidia sistemas de irrigação.
Ele lembrou que menos de 4% da área plantada no Rio Grande do Sul é irrigada atualmente, com boa parte concentrada no arroz.
“No tocante à soja, milho, certamente vamos precisar aumentar ainda mais a área irrigada”, afirmou ele, citando o programa Supera Estiagem que cobre 20% do custo do projeto de irrigação.
“Não é crédito subsidiado, é dinheiro no bolso do produtor…”, ressaltou.
Após seguidas safras frustradas, Souza lembrou que o Estado que é um dos maiores produtores de grãos do Brasil precisa ter uma atenção do governo federal em relação à renegociação de dívidas, destacando que já falou pessoalmente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o tema.
“Quarta estiagem consecutiva, quando não é um dilúvio de chuvas… temos ausência de água, que muitas vezes nem mesmo os mais sofisticados de sistema de irrigação aguentam.”
A Emater destacou que o arroz, que tem grande parte das áreas irrigadas, não sofreu os impactos da estiagem.
O órgão elevou ligeiramente a previsão de safra de arroz do Estado que é o maior produtor do Brasil para 8,1 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 13% na comparação anual, em momento em que o governo federal está preocupado em manter sob controle os preços do alimento básico.
O Rio Grande do Sul, que é o maior produtor de milho na primeira safra do Brasil, deverá colher 4,78 milhões de toneladas do cereal, ante 5,32 milhões de toneladas na previsão inicial, segundo dados da Emater.
O novo número representa um aumento de 6,1% na comparação com a safra passada, com produtividades melhores, uma vez que o calendário de plantio do cereal é diferente do da soja e sofreu menos o impacto da estiagem.
O Estado, que não faz segunda safra, na qual o país colhe grande parte do seu milho, teve produtividades mais elevadas que no ciclo passado, também prejudicado por intempéries.