
A SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos e oleaginosas do Brasil, estimou nesta sexta-feira (7) que poderá ampliar a área plantada na próxima safra (2025/26) em 13% ante o ciclo atual, para cerca de 834 mil hectares, após anunciar a compra da Sierentz Agro Brasil por US$ 135 milhões.
A Sierentz, cuja operação envolve áreas 100% arrendadas no Maranhão, Piauí e Pará, totalizando cerca de 96 mil hectares, cultiva basicamente soja, milho e também cria gado em sistema de integração lavoura-pecuária.
“No ano atual, tivemos crescimento de 60 mil hectares, e estamos anunciando o crescimento de mais 100 mil hectares”, afirmou o presidente da SLC, Aurélio Pavinato, em teleconferência com analistas para comentar a transação com a Sierentz.
Pavinato destacou que o crescimento da companhia ocorre em momento em que os de preços das commodities agrícolas estão em patamares “baixos”, em uma referência ao histórico de mercado de soja, milho e algodão. “Estamos crescendo no momento certo”, acrescentou.
Geralmente, os custos de aquisição e arrendamento de terras ficam mais altos quando os preços das commodities também se situam em níveis mais elevados.
O preço da soja, uma referência para arrendamentos, está cotado atualmente na bolsa de Chicago em torno de US$ 10 por bushel, abaixo dos níveis de mais de US$ 17 vistos pela última vez em meados de 2022 e, antes disso, em 2012.
Segundo o executivo, a aquisição está alinhada à estratégia da empresa em termos da fatia operada de terras arrendadas, que deverão passar de 62% para 66,5% do total, e terras próprias.
“A meta era chegar a um terço de terras próprias, hoje chegamos no objetivo. Como pretendemos continuar arrendando áreas no futuro, não descartamos a possibilidade de comprar algum ativo também para justamente manter este ‘share’…”, destacou.
Pensando mais a longo prazo, segundo Pavinato, a SLC poderia atingir três quartos de terras arrendadas, sendo um quarto próprias. “Mas no momento o foco é um terço”, disse ele, referindo-se meta.
O acordo também amplia a diversificação geográfica da SLC, que agora terá operação no Pará, com 1,2% da área total prevista para 2025/26.
A maior operação na próxima safra deverá seguir em Mato Grosso, com 38,4% das áreas, ante 43% em 2024/25. O Maranhão representará 25,6%, versus 20% atualmente, enquanto a Bahia terá 16,9% em 2025/26, contra 19%. A empresa também atua no Piauí, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais.
As ações da SLC subiam 3%, às 13h30, cotadas a R$19,23, enquanto o Ibovespa mostrava alta de 0,9%.
O ACORDO
A transação com a Sierentz prevê pagamento em três parcelas, das quais a primeira equivalente a 60% do valor do negócio em sua conclusão.
“Parte dessas áreas têm aptidão para a realização de segunda safra, totalizando um potencial de em torno de 135 mil hectares plantados”, afirmou a SLC.
Segundo a empresa, os contratos de arrendamento da Sierentz possuem um custo médio anual de 9,3 sacas de soja por hectare, com prazo médio de 13 anos.
A conclusão da aquisição está condicionada a cumprimento de obrigações e condições precedentes, como a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A SLC afirmou que, na hipótese de confirmação e fechamento do negócio, em torno de 33 mil hectares físicos já possuem proposta vinculante para aquisição dos direitos de operação pelas Terrus.
Essa operação com a Terrus deverá ser precedida de uma cisão parcial da Sierentz Agro Brasil. O valor aproximado dessa transação é de R$ 191,20 milhões, mais ou menos o capital de giro.
A SLC Agrícola vai operar, indiretamente, 63 mil hectares físicos, em torno de 100 mil hectares de área plantada. O plano de produção é de manter o plantio de soja e milho. Já o algodão será implantado a partir do terceiro ano de produção.
O controle da operação pela SLC Agrícola deverá ocorrer a partir de 1º de julho e permitirá à empresa um crescimento de 13% sobre a área plantada na safra 2024/25.
Ainda segundo a SLC, a operação fortalece a estratégia de diversificação geográfica do portfólio de terras sob gestão, “visando dirimir riscos climáticos”, e amplia a exposição em áreas arrendadas, passando a representar 66,5% da área física sob gestão da companhia.