
A Raising Cane’s pode não vender muitos itens — apenas tiras de frango, batatas fritas onduladas, pão Texas, salada de repolho e um molho — mas vende isso em enormes quantidades. Em 2024, a rede de fast food comercializou US$ 5,1 bilhões (R$ 30 bilhões na cotação atual) em produtos, seu melhor ano até agora, segundo dados financeiros deste período obtidos pela Forbes.
Isso foi suficiente para deixar Todd Graves, fundador e CEO da empresa, muito mais rico. A Forbes estima que Graves praticamente dobrou seu patrimônio líquido, chegando a US$ 17,2 bilhões (R$ 101 bilhões), impulsionado pelos excelentes resultados da Cane’s.
Em 2024, a rede abriu mais de 100 novos restaurantes, elevando o total para quase 900 unidades em 42 estados. Mas o que realmente faz da Cane’s a inveja do mundo do fast food é a quantidade de clientes que lota cada uma das lojas. A rede — que ficou em 22º lugar em receita no relatório anual QSR 50 do ano passado — registrou em média US$ 5,7 milhões (R$ 33,4 milhões) em vendas por unidade. Esse valor foi mais que o dobro de concorrentes como Zaxby’s e Bojangles, e o segundo maior valor entre todas as grandes cadeias de serviço rápido, atrás apenas do Chick-fil-A.
As vendas por loja subiram para US$ 6,6 milhões em 2024, segundo os dados financeiros recém obtidos, e o EBITDA está se aproximando de US$ 1 bilhão. Por tudo isso, Graves pode agradecer ao cardápio limitado disponível aos clientes, que ajuda a manter os custos baixos, e uma base de fãs fervorosos.
Graves escolheu o nome do negócio em homenagem ao seu cão labrador amarelo, aposta fortemente nas redes sociais e em celebridades para promovê-lo — incluindo permitir que seu amigo, o rapper Post Malone, projetasse sua própria unidade em 2023. Passou a aparecer na TV para construir sua marca e destacar seus esforços de engajamento comunitário, inclusive por meio do Restaurant Recovery, uma série limitada da discovery+, criada por ele para orientar restaurantes independentes durante a pandemia de Covid-19.
No último outono, ele participou como “tubarão convidado” em dois episódios do programa de sucesso Shark Tank, da ABC, apresentando sua habilidade de marketing para os participantes em busca de um investidor.
“Sou uma máquina de redes sociais”, disse Graves durante uma apresentação bem-sucedida. “Tenho uma equipe inteira por trás de mim que me ajuda com essas coisas e eu vivo isso todos os dias. Vou divulgar seu produto e ajudá-lo a expandi-lo com baixos custos de aquisição.”
Fast food bilionário
Graves percorreu um longo caminho até a lista de bilionários da Forbes. Nascido na Louisiana, sua ideia de um restaurante que servisse apenas tiras de frango foi rejeitada por banqueiros, investidores, incluindo um professor universitário que deu à sua proposta a menor nota da turma.
Então ele foi trabalhar como caldeireiro em uma refinaria de petróleo em Los Angeles e passou dias e dias de 20 horas pescando salmão vermelho (Sockeye) no Alasca para juntar dinheiro e financiar seu restaurante. Usando suas economias e um empréstimo do SBA (Small Business Administration), Graves abriu o primeiro Raising Cane’s perto do campus da Universidade Estadual da Louisiana em 1996. Hoje, com 900 unidades, Graves ainda insiste em manter o cardápio limitado a tiras de frango, alguns acompanhamentos, um único molho e nenhuma sobremesa.
Essa fórmula de fast food simples encheu seus bolsos. Ele detém cerca de 91% do negócio, segundo os dados financeiros obtidos pela Forbes, e pagou a si mesmo pelo menos US$ 250 milhões (R$ 1,5 bilhão) em dividendos desde 2020, com base em uma análise da Forbes dos registros de dívida da empresa. E parece que há muito mais de onde isso veio.
“Nossa próxima aspiração é ser uma das 10 principais marcas de restaurantes dos EUA. Pense nos grandões — McDonald’s, Wendy’s, Starbucks, Subway — empresas que estão abertas há muito mais tempo que nós”, disse Graves recentemente à Nation’s Restaurant News. “Vamos atingir US$ 10 bilhões em vendas, volumes médios de US$ 8 milhões por unidade e 1.600 restaurantes em todas as grandes cidades e novos mercados internacionais ao redor do mundo. Teremos 150 mil colaboradores, incluindo 16 mil promoções internas. E devolveremos US$ 100 milhões às comunidades. Imagine o que poderemos devolver às nossas comunidades quando nos tornarmos uma das 10 principais marcas.”