Imagine reduzir a emissão de dióxido de carbono na atmosfera em quase 20 milhões de toneladas apenas substituindo o material das estradas brasileiras. Esse tipo de medida já é possível ao empregar o concreto na construção das pavimentações, de acordo com um estudo feito pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) com base em uma pesquisa do Centro de Sustentabilidade de Concreto do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Da mesma forma, a mudança seria capaz de economizar mais de 5 bilhões de litros de combustível por ano, considerando apenas a frota de caminhões.
A redução de 18 milhões de toneladas de CO2 corresponde a um terço dos gases emitidos pela indústria do cimento. Só para ter uma ideia, seriam necessárias cerca de 1 bilhão de árvores para a neutralização dessas emissões – o correspondente a, aproximadamente, 10 milhões de hectares de floresta. Já em relação ao combustível, a economia ficaria em R$ 20 bilhões por ano.
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Além dos benefícios ambientais da diminuição da queima do diesel, a característica estrutural do concreto também ajudaria nessa redução. O engenheiro Fernão Nonemacher Dias Paes Leme, responsável pelo estudo da ABCP, explica que as estradas feitas pelo material apresentam desvios menores, exigindo menos combustível para que os veículos saiam da inércia. Além do mais, devido a cor, o material reflete mais luz do que o asfalto, aliviando as ilhas de calor e possibilitando uma redução de até 50% no número de postes de iluminação.
“Um benefício mais imediato é a viabilidade econômica, principalmente na redução do custo de construção” aponta o engenheiro. “Para isso, é preciso considerar a economia de recursos de manutenção do pavimento de concreto. Enquanto ele apresenta uma durabilidade de, no mínimo, 20 anos, o asfalto dura, em média, dez anos ou menos, exigindo uma atenção rotineira mais intensiva”, complementa Fernão.
O discurso é reforçado pelo Banco Mundial, que divulgou uma série de dados que mostram que cada US$ 1 investido em uma estrada de concreto corresponde a uma economia futura de US$ 3 em custo operacional, quando comparado a outros tipos de pavimento. Da mesma forma, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que as más condições das estradas brasileiras podem elevar em até 38% os custos operacionais dos veículos, além de aumentar a chance de acidentes em 50% e o tempo de viagem em 100%.
“Hoje, segundo o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), temos apenas 3% das estradas brasileiras pavimentadas com cimento. Nosso objetivo é aumentar esse índice e trazer economia para vários setores”, conclui o engenheiro.
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