O lema dos investimentos sustentáveis é que você pode “se dar bem” ao fazer o bem. Mas uma questão permanece de fundo: como saber se um investimento é realmente sustentável ou tem impacto positivo na sociedade?
Infelizmente, a confusão sobre como definir um “investimento sustentável” torna difícil medir se um investimento realmente cumpre essa função. Isso faz com que os investidores institucionais e de varejo se envolvam em suas próprias pesquisas na tentativa de descobrir o quão sustentáveis, de fato, são os seus investimentos.
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Os investimentos sustentáveis continuam a atrair grandes quantias de capital, já que cada vez mais os investidores querem contribuir para mudanças positivas, como reverter a mudança climática, promover justiça social e defender uma melhor governança. De acordo com levantamento da Bloomberg, os ativos sob gestão investidos globalmente em fundos e carteiras de sustentabilidade podem chegar a US$ 53 trilhões em 2025, respondendo assim por mais de um terço do total projetado de US$ 140,5 trilhões em ativos sob gestão no mundo todo.
Atualmente, a Europa é responsável por cerca de metade dos ativos sustentáveis globais. A demanda europeia por esses investimentos levou 253 fundos europeus a mudarem suas estratégias ou portfólios em 2020. Além disso, a Europa registrou 505 novos lançamentos de fundos sustentáveis somente em 2020.
O segmento deve crescer ainda mais com o apoio dos investidores na Ásia, especialmente no Japão, onde a McKinsey identificou que o tema sustentabilidade está fortemente vinculado ao ethos cultural de 400 anos do shuchu kiyaku (uma espécie de código de ética asiático).
Os EUA também observam um forte crescimento em investimentos sustentáveis, que responderam por mais de 25% de todo o dinheiro investido em ações e fundos multimercados de renda fixa em 2020.
O efeito greenwashing
Dada a forte demanda dos investidores por investimentos sustentáveis em todo o mundo, os esforços são altos para eliminar as preocupações constantes sobre o greenwashing, prática em que as empresas “exageram” ao divulgar os impactos positivos das suas ações. E isso é mais do que um problema de percepção: um grupo de pesquisadores define o greenwashing como “uma combinação de mau comportamento e comunicação enganosa” – incluindo a fabricação intencional de informações falsas pelas organizações.
Tornou-se cada vez mais difícil para os investidores enxergar quando as empresas se apresentam como mais sustentáveis ou ecologicamente corretas do que realmente são. Em uma pesquisa recente da Quilter Investors, o greenwashing encabeçou a lista de preocupações entre 44% dos investidores pesquisados. Em outra pesquisa, seis em cada dez investidores consideram o greenwashing um desafio para o investimento sustentável, especialmente porque essa modalidade de investimento está se tornando cada vez mais comum para investidores e gestores de fundos.
Padrões Europeus de Investimento Sustentável
A Europa está bem à frente dos EUA e de outros países do mundo no estabelecimento de padrões para os investimentos sustentáveis graças, entre outros fatores, à implementação do SFDR (Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis, em tradução livre). O SFDR entrou em vigor em março de 2021 e define as regras para informações relacionadas à sustentabilidade que o setor financeiro do bloco deve utilizar.
O objetivo é impedir que firmas de investimento façam alegações sobre sustentabilidade inverídicas ou equivocadas para fazer seus fundos de investimentos parecerem mais atraentes aos investidores.
Existem dois aspectos do investimento sustentável – chamados de dupla materialidade – que o SFDR tenta medir de maneira uniforme. O primeiro é se uma empresa ou um investimento realmente tem um impacto sustentável no meio ambiente ou na sociedade. O segundo é se o impacto sustentável de uma empresa em portfólio influencia diretamente o desempenho dos seus investimentos.
Também sob o SFDR, os gestores de fundos precisarão fornecer detalhes sobre como contabilizam métricas ESG (meio ambiente, social e governança) e outros fatores na seleção de produtos financeiros para suas carteiras. Como resultado, espera-se que os investidores obtenham mais clareza nas informações.
O SFDR recebeu algumas críticas por potencialmente aumentar a confusão sobre como os fundos são classificados. No entanto, é senso comum que a criação destes critérios podem fornecer algum nível de transparência ao mercado.
O quão sustentável é isso?
À medida que a popularidade dos investimentos sustentáveis explode ao redor do mundo, o desenvolvimento e a adoção de padrões são um imperativo global.
O setor precisa de uma estrutura abrangente para fornecer uma comparação real que permita aos investidores pesar um investimento contra outro. Caso contrário, terão que adivinhar o quão sustentável qualquer investimento realmente é. O SFDR é uma oportunidade para fornecer uma melhor medição do quão alinhados empresas e fundos estão quanto às práticas ESG.
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