Nos últimos 18 meses, muitas populações urbanas começaram a acordar com o som de pássaros cantando do lado de fora de suas janelas e raios do sol matinais vindos do céu. O aumento da biodiversidade revelou-se como um dos poucos lados positivos da pandemia, uma vez que a redução das práticas urbanas contribuiu para uma manifestação silenciosa da natureza. É importante que a sociedade ajude a prevenir a perda contínua de biodiversidade causada por atividades humanas em cidades e locais industriais. A resposta está nas soluções digitais, mas também na nossa relação com a própria natureza.
Morando em cidades, pode ser fácil consumir sem considerar de onde as coisas vêm, desde a proteína animal em nossos alimentos aos combustíveis fósseis que são queimados para gerar eletricidade. Da mesma forma, quando não vemos a natureza todos os dias, é fácil nos sentirmos desconectados dela. A sustentabilidade pode se tornar um conceito teórico, ao invés de algo prático que requer participação ativa. Uma pesquisa conduzida pela Schneider Electric pouco antes da pandemia mostrou que 90% dos consumidores do Reino Unido não tinham planos de fazer mais pelo bem-estar do planeta.
No entanto, essa mentalidade é algo que, se revertido, pode ser uma ferramenta poderosa para a mudança. Se começarmos a ser expostos à natureza com mais frequência, estaremos mais dispostos a agir em prol do meio ambiente. Governos e corporações podem implementar programas de conservação e restauração da biodiversidade para aumentar essa conexão pessoal e ajudar as pessoas a preservarem o ecossistema.
É nosso papel, como líderes empresariais, criar tecnologias digitais que capacitem as sociedades a impulsionar mudanças sustentáveis, promovendo a biodiversidade e, ao mesmo tempo, tornando-a financeiramente viável para consumidores e organizações fazerem o bem.
COMPREENDA AS AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE
O primeiro passo para combater a perda de biodiversidade é entender a natureza e a escala do impacto que temos sobre o meio ambiente. As soluções digitais nos permitem medir o desperdício de energia e as emissões de CO2, que, juntamente com o uso da terra, são os principais responsáveis pela diminuição do ecossistema.
Já se foi o tempo em que as empresas podiam simplesmente publicar relatórios financeiros todos os anos. Agora, precisamos quantificar como a atividade econômica impacta a biodiversidade com transparência, rastreabilidade e esquemas de certificação na estratégia ambiental.
Para isso, é preciso definir os padrões que permitem a medição de ponta a ponta do nosso impacto ambiental. O indicador GBS (Global Biodiversity Score), desenvolvido pelo CDC Biodiversité, é uma dessas ferramentas valiosas para avaliar o nível de biodiversidade das empresas. Sem sistemas aceitos internacionalmente para nos ajudar a quantificar os danos ambientais e dados concretos derivados de sensores e estudos, as iniciativas de sustentabilidade correm o risco de ficar sem direção ou, pior ainda, perder o controle.
Quando as empresas avaliam os efeitos de suas operações sobre a biodiversidade, elas podem identificar as principais alavancas de ação, definir metas e monitorar o progresso para alcançar as metas de biodiversidade. Após medir o desperdício de energia, é possível otimizar a forma de consumo. Da mesma forma, ao identificar a eficiência e a vida útil do equipamento, é viável fazer mudanças na operação.
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ADOTE A ECONOMIA CIRCULAR
Uma das estratégias para as empresas protegerem a biodiversidade é introduzir práticas de economia circular. As companhias podem rejeitar modelos descartáveis em prol daqueles que reutilizam, reciclam e reduzem o consumo. Quando implementada em escala, a economia circular ajudará a abordar as causas profundas da perda de biodiversidade, reduzindo a extração e o desperdício, ao mesmo tempo em que desempenha um papel ativo na regeneração da terra e no sequestro de carbono.
A circularidade começa com o projeto de durabilidade, reparabilidade e reciclabilidade, assim como com a eliminação de resíduos tóxicos. Em seguida, o processo envolve a manutenção e a reforma de equipamentos e práticas renováveis para reduzir o desperdício.
Se a economia fosse adotada nos cinco principais segmentos, incluindo plástico, alimentos e materiais usados em ambientes construídos, nossas emissões anuais de gases de efeito estufa seriam reduzidas em 9,3 bilhões de toneladas de CO2 em 2050 – o equivalente ao à remoção de todos os gases globais de emissões causadas pelo transporte.
CRIE UM PLANETA CONECTADO
As soluções digitais podem nos ajudar a proteger a biodiversidade, desde a criação de melhores embalagens à expansão da vida útil dos equipamentos. Essas ferramentas são essenciais para medir o progresso em relação às metas e, também, para rastrear cada pedaço de produto e material reciclável que não deve acabar em aterros sanitários.
Além disso, elas nos ajudam a planejar, construir e prever as necessidades de manutenção e impactos ambientais de residências, escritórios, fábricas e infraestruturas. As tecnologias de IoT (internet das coisas) e IIoT (internet das coisas industrial) abertas e interoperáveis são uma parte crucial do quebra-cabeça: quando todos os nossos dispositivos estão conectados, ganhamos visibilidade total dos processos e somos capazes de automatizá-los para fornecer resultados mais eficientes e sustentáveis.
As soluções de IoT permitirão o desenvolvimento de uma economia circular verdadeiramente conectada. No entanto, quando se trata de sistemas digitais também precisamos rejeitar modelos proprietários fechados para obter os melhores resultados. As empresas precisam trabalhar com padrões abertos e comuns que permitam interoperabilidade total e uma interface perfeita entre clientes e fornecedores.
O novo padrão Matter – código aberto de automação doméstica, criado por uma aliança de gigantes da indústria – apresenta oportunidades interessantes a esse respeito, pois permite que qualquer fabricante crie dispositivos inteligentes compatíveis com as tecnologias de casa inteligente mais populares de empresas como Google e Amazon. O mesmo vale para a Automação Universal em manufatura inteligente, definida para realmente revelar a promessa da Quarta Revolução Industrial por meio de interoperabilidade orientada por software ou equipamentos de produção.
NO GERAL
A natureza é essencial para a prosperidade econômica global, o sucesso empresarial individual e o bem-estar humano. Quando se trata de grandes negócios, devemos nos comprometer com a perda de biodiversidade causada por operações diretas, e precisamos ajudar a proteger as bênçãos do mundo natural para as gerações futuras. Para isso, podemos utilizar tecnologias e padrões abertos capazes de medir o impacto que causamos no meio ambiente. Ao entender os desafios que enfrentamos, podemos implementar soluções para resolvê-los e medir nosso progresso.
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