Os Jogos de Tóquio 2020 têm o maior número de atletas abertamente LGBT+ de todos os tempos, incluindo vários pioneiros que fizeram história como os primeiros atletas declaradamente trans e não binários a participar das Olimpíadas.
Quinn, meio-campista do time de futebol feminino canadense que se identifica como pessoa não binária e fez história como a primeira competidora abertamente trans em uma Olimpíada, disse que se sentiu “orgulhosa” de ver seu nome na escalação, mas “triste ao saber que havia atletas olímpicos antes de mim incapazes de viver a sua verdade e cientes das realidades da discriminação e preconceito que as mulheres trans enfrentam”.
LEIA TAMBÉM: Estudo revela potencial de terra indígena para gerar créditos de carbono
Alana Smith foi a primeira atleta não binária a representar os Estados Unidos, ficando em último lugar no skate feminino de rua. Ela disse que está “orgulhosa” de alcançar seu objetivo de ser uma representação visual para outras pessoas como ela, e competiu com um skate que traz, estampado, os pronomes “they/them”.
Já a ciclista Chelsea Wolfe, atleta reserva de BMX do time norte-americano, é a primeira atleta abertamente trans a se juntar à equipe dos EUA, embora só vá competir em Tóquio se um dos dois outros integrantes se retirar.
A halterofilista neozelandesa Laurel Hubbard deve se tornar a primeira mulher abertamente trans a competir em uma Olimpíada depois de quebrar o braço durante uma competição nos Jogos da Commonwealth, três anos atrás. Laurel disse que está “grata pela gentileza e apoio” que os neozelandeses demonstraram por ela.
Apesar de atender aos critérios estabelecidos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) – incluindo demonstrar que seu nível de testosterona está abaixo do que foi definido – a participação de Laurel se tornou um tópico controverso, com muitos atletas e críticos acreditando que ela tinha uma vantagem injusta.
De acordo com as regras do COI, os atletas trans foram autorizados a competir nas Olimpíadas desde que Atenas sediou a competição em 2004. Quatro edições – em Atenas, Pequim, Londres e Rio de Janeiro – e uma mudança nas regras (permitindo que os atletas trans competissem sem passar por cirurgia) mais tarde, Tóquio 2020 está fazendo história com vários concorrentes abertamente trans e não binários. A inclusão desses atletas gerou reações violentas e muitos críticos argumentaram que é uma medida injusta, que prejudica outros competidores.
Normalmente, é feita uma distinção entre identidade de gênero e sexo, com as vantagens biológicas do último (como níveis elevados de testosterona) usadas para justificar a exclusão de competidores de eventos que se enquadrem em sua identidade de gênero. Os argumentos espelham aqueles usados para justificar esforços generalizados para reverter os direitos trans nos EUA, embora não sejam necessariamente fundamentados em fatos: a pesquisa científica, embora não seja definitiva, geralmente não revela que os atletas trans tenham as supostas vantagens que os críticos dizem ter. Embora alguns atletas trans se sobressaiam, há poucas evidências de que eles dominam os esportes nos quais competem, e muitos legisladores não conseguem nomear um único atleta cuja participação tenha causado problemas.
As características do “sexo biológico” também não são tão definidas como sugerido, com os níveis de testosterona e densidade óssea variando significativamente entre os atletas e pessoas intersexo, aquelas que nascem com características do sexo masculino e feminino. Várias atletas do alto escalão foram proibidas de competir no cenário internacional devido aos altos níveis de testosterona sob regras que proíbem indivíduos intersexo, a menos que tomem medicamentos ou façam cirurgia para reduzi-los.
Durante os Jogos de Tóquio, o COI anunciou planos para lançar novas diretrizes para atletas transgêneros em dois meses com foco em segurança, justiça e inclusão. Todos os esportes precisariam decidir por si mesmos onde está o “ponto ideal”. É provável que o elemento de segurança seja um fator-chave em alguns esportes, especialmente os de contato, como o rugby, que baniu as mulheres trans dos jogos de elite no final de 2020 justamente por causa dos riscos.
Os comentaristas interpretaram mal o gênero de Alana Smith no evento de skateboarding pela Team USA, com especialistas da “NBC” e da “BBC” usando pronomes incorretos durante toda a competição. A mídia não está sozinha no uso de pronomes incorretos para atletas não binários nas competições. Embora as biografias olímpicas oficiais de Quinn e Alana façam uso de seus pronomes, têm seu gênero listado incorretamente como feminino no topo da página.
“Changing The Game”, um documentário do cineasta vencedor do Emmy Michael Barnett, acompanha a vida de três atletas trans do ensino médio nos Estados Unidos. Em meio aos esforços para restringir a participação de atletas trans do país, o filme lança uma luz mais humana sobre as pessoas reais cujas vidas são o assunto de debates politizados sobre direitos trans.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.