O desmatamento na floresta amazônica brasileira cresceu em outubro em relação a um ano atrás, mostraram dados de satélite nesta sexta-feira (12), apesar das afirmações do governo do presidente Jair Bolsonaro de que está reprimindo a destruição de uma barreira crucial contra a mudança climática.
Os dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelaram que cerca de 877 quilômetros quadrados de floresta foram derrubados no mês passado, um aumento de 5% na comparação com outubro de 2020. Foi o pior desmatamento em outubro desde que o atual sistema de monitoramento entrou em operação em 2015.
O Brasil está se empenhando em demonstrar à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) em Glasgow que aumentou seus cuidados com a Amazônia, prometendo acabar com o desmatamento ilegal até 2028, dois anos antes de uma meta anterior.
Mas cientistas, diplomatas e ativistas dizem que estas promessas significam pouco tendo em conta como o desmatamento disparou a níveis vistos pela última vez em 2008 durante a gestão Bolsonaro, uma vez que o presidente defende o garimpo e a agropecuária na Amazônia.
“Os anúncios do governo não estão mudando a realidade, o Brasil real continua perdendo florestas”, disse Ane Alencar, diretora científica do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), na COP26. “O mundo sabe onde o Brasil está, então esta tentativa de mostrar um Brasil diferente não ressoa, porque os dados de satélite mostram claramente a realidade”.
Um assessor de imprensa da delegação brasileira na COP26 não quis comentar de imediato. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, deve conversar com a mídia mais tarde nesta sexta.
Bolsonaro adotou um tom mais conciliador nas questões ambientais desde que o presidente norte-americano, Joe Biden, tomou posse, prometendo em uma cúpula do Dia da Terra da Casa Branca, e novamente na Assembleia-Geral das Nações Unidas, coibir o desmatamento ilegal.
Mas desde que tomou posse o governo cortou funcionários de agências ambientais e criou obstáculos para a aplicação de leis ambientais, além de não ter conseguido conter o desmatamento por meio de uma operação do Exército na Amazônia.
Ane Alencar disse que a elevação do desmatamento na Amazônia sublinha a importância de se chegar a um acordo eficaz sobre os mercados de carbono na COP26 para liberar fundos para a preservação florestal no Brasil.
As conversas entraram em seu último dia programado nesta sexta-feira (12), mas podem se estender, já que até o início da tarde local ainda não se tinha um acordo.