A sustentabilidade é uma prioridade declarada, e, aliada ao impacto ambiental e social, tem se tornado a prioridade número 1 dos executivos em todo o mundo.
Grandes mudanças climáticas, aquelas associadas com incêndios florestais, tempestades massivas e ondas de calor mortais, despertaram o mundo corporativo para as duras realidades do nosso planeta.
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As iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG), como nunca antes, são prioridades – e crescentes – para os conselhos das empresas que estão a par da evolução ou ajustando modelos de negócios.
De acordo com uma pesquisa elaborada em 2022 pelo The Harris Poll para o Google, os tomadores de decisões – c-level – estão procurando investir mais em programas de sustentabilidade e tecnologia do que em qualquer outra área este ano, embora revele também que eles não têm certeza por onde começar a jornada para a sustentabilidade.
Apesar das melhores intenções, a confiança dos executivos em esforços de sustentabilidade pode ser mal aplicada. O problema parece estar relacionado ao propósito do negócio e à medição do impacto.
Aprofundando os dados do The Harris Poll (foram ouvidos 1.491 CEOs e outros executivos c-level de empresas com mais de 500 funcionários, de 16 diferentes países), mais da metade dos executivos relatam que suas empresas exageram os esforços de sustentabilidade. Ou seja, há uma admissão que suas próprias companhias praticam greenwashing. Cerca de dois terços dos c-level entrevistados disseram questionar a autenticidade das iniciativas de sustentabilidade.
Outro ponto de atenção é a constatação de que muitos executivos não estão medindo o impacto. A pesquisa mostrou uma lacuna preocupante entre o quão bem as empresas pensam que estão indo e a precisão com que são capazes de medir esse progresso.
Apenas 36% dos entrevistados disseram que suas organizações possuem ferramentas de medição para quantificar os esforços de sustentabilidade, e apenas 17% estão usando essas medições para otimizar a operação com base nos resultados.
Sem uma medição precisa é difícil relatar um progresso genuíno. Assim, parece haver uma hipocrisia verde. Os negócios exageram seus esforços não legítimos de sustentabilidade.
A liderança para a sustentabilidade começa no topo do organograma. A agenda ESG é ética e responsável. Está centrada na alta liderança dos negócios, nos membros do conselho e líderes seniores. A abertura de espaço para os executivos deve ser consequência de quão estratégica e prioritária é a agenda da sustentabilidade para o legado do negócio.
Os executivos querem mais transparência e oportunidade para superar as principais barreiras. É premissa comum compreender que se os líderes empresariais puderem ser mais honestos sobre os problemas que enfrentam para se tornarem mais sustentáveis do ponto das boas práticas ambiental e social, eles poderão fazer progressos mais significativos.
Reconhecemos que construir um negócio mais sustentável não é fácil. As equipes ESG devem ter assento do lado da alta liderança do negócio para construir um futuro mais sustentável e longevo.
Diante deste contexto todo, o Pacto Global lançou um alerta cheio de ironia. Acertou na mosca ao divulgar o espetacular vídeo que propõe a mudança dos negócios para Marte: “Imagine um lugar onde as empresas não têm necessidade de preservar o meio ambiente, onde não existe nenhuma política de equidade de gênero ou racial e a emissão de gases do efeito estufa é liberada. Sim, o paraíso socioambiental existe. E fica a apenas 277 milhões de km da Terra”. Pense bem antes de se mudar, na Terra ainda há escolha!
Haroldo Rodrigues é Sócio Fundador da investidora in3 New B Capital S. A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará
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