A Equatic, uma startup de tecnologia limpa – ou no jargão técnico uma cleantech –, que foi criada na UCLA, a Universidade da Califórnia, em Los Angeles, no ano passado, desenvolveu uma metodologia capaz de remover o dióxido de carbono da atmosfera de forma acessível e, ao mesmo tempo, produzir hidrogénio verde.
Agora, a cleantech acaba de anunciar que deu mais um passo e avança para comercializar o sistema a uma fábrica de grande escala, localizada em Quebec, no Canadá, no valor de de US$ 100 milhões (R$ 540,4 milhões na cotação atual).
Para a construção da fábrica, a startup sediada em Los Angeles, cofundada por Gaurav Sant, diretor do Instituto de Gestão de Carbono da UCLA e professor de engenharia ambiental, fechou uma parceria com a Deep Sky, empresa canadense que desenvolve vários projetos de remoção de carbono.
A unidade localizada no St. Lawrence Seaway, será inaugurada em 2026 e estará dimensionada para remover mais de 100 mil toneladas métricas de CO2 anualmente, ao mesmo tempo que gera 3.600 toneladas de hidrogênio que a empresa pode vender. O St. Lawrence Seaway, ou Canal de São Lourenço, é um um sistema de eclusas e canais que permite que navios transoceânicos viagem do Oceano Atlântico aos Grandes Lagos na América do Norte, na divisa entre Canadá e EUA.
“A fábrica nos permitirá chegar a menos de US$ 100 por tonelada (de remoção de CO2) até 2030”, disse Edward Sanders, COO da Equatic, à Forbes EUA, levando em consideração a receita projetada das vendas de hidrogênio. A eletricidade virá de uma “fonte não fóssil”, embora ele tenha se recusado a confirmar que seria hidrelétrica. “O trabalho de engenharia começa agora, com meta de operação até o final de 2026”, afirmou Sanders.
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A remoção de carbono à escala industrial é vista como uma nova indústria crítica, juntamente com o crescimento das energias renováveis, para ajudar a combater os piores efeitos das alterações climáticas que já estão provocando calor recorde e tempestades mais intensas. Desde o início, o foco da Equatic tem sido desenvolver uma forma acessível de extrair CO2 do oceano, que funciona como uma esponja para o gás de efeito estufa em todo o planeta, mas que em breve ficará supersaturado.
Enquanto empresas como a Climeworks atuam como aspiradores que sugam o CO2 do ar ambiente em grande escala e o sequestram no subsolo na forma sólida, a abordagem oceânica da Equatic utiliza um processo eletroquímico para torná-lo inofensivo, enquanto cria hidrogênio e materiais como carbonato de cálcio, ou giz.
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No mês passado, a Equatic iniciou a construção de uma unidade de demonstração em Singapura que usará a mesma tecnologia da instalação de Quebec. A Equatic fez parceria com uma concessionária local para este projeto que está localizado junto à uma usina de dessalinização. Embora a Equatic planeje anunciar uma nova rodada de financiamento, além dos US$ 30 milhões (R$ 162,1 milhões) que arrecadou em 2023, ela já começou a vender créditos por cerca de US$ 500 (R$ 2.700) por tonelada, disse Sanders. No ano passado, ele anunciou um acordo para vender futuros créditos de remoção de carbono à Boeing, que podem valer pelo menos US$ 50 milhões (R$ 270 milhões).
A Climeworks, que já opera instalações comerciais de captura de carbono na Islândia, disse este mês que o seu próximo sistema de geração seria capaz de reduzir os custos de remoção de CO2 para apenas US$ 400 (R$ 1.160) por tonelada até 2030, menos de metade do seu custo atual. Mesmo que a Equatic não venda o hidrogênio que gera, Sanders estima que o seu custo de remoção de CO2 seria de cerca de US$ 200 (R$ 1.080) por tonelada.
Isso é obtido usando um eletrolisador energeticamente eficiente para eliminar o CO2 da água do mar, que também consome menos energia do que sugá-lo do ar. Considere a capacidade de compensar esses custos com a venda de hidrogênio sem carbono e isso se tornará uma abordagem ainda mais acessível, disse ele.
“À medida que a urgência climática aumenta, precisamos acelerar o desenvolvimento de instalações comerciais”, disse Damien Steel, CEO da Deep Sky, que arrecadou US$ 75 milhões (R$ 405,3 milhões) de fundos de risco para ajudar a construir projetos de remoção de carbono. “Estamos entusiasmados em iniciar a fase de engenharia de uma planta em escala comercial com a Equatic, aproximando-nos da remoção de bilhões de toneladas de CO2 usando os oceanos para reverter o aquecimento global.”
Mais instalações da Equatic estão chegando, incluindo uma nos EUA, disse Sanders, sem dar mais detalhes. A empresa foi recentemente nomeada semifinalista de uma competição de tecnologia de remoção de carbono organizada pelo Departamento de Energia dos EUA. Para receber todos os benefícios desse prêmio, “temos que colocar uma fábrica no país. E isso está absolutamente dentro dos nossos planos”.