A cúpula anual da Organização das Nações Unidas sobre o clima (COP29) teve início nesta segunda-feira (11) com alguns líderes proeminentes planejando não comparecer ao evento, que terá negociações difíceis sobre finanças e comércio, após um ano de desastres climáticos que têm fortalecido demandas dos países em desenvolvimento por mais dinheiro.
Os delegados reunidos na capital do Azerbaijão, Baku, esperam resolver o principal item da agenda da COP29 — um acordo de até US$ 1 trilhão (R$ 5,8 trilhões na cotação atual) em financiamento climático anual para os países em desenvolvimento, substituindo a meta anterior de US$ 100 bilhões (R$ 579 bilhões).
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“Vamos dispensar a ideia de que o financiamento climático é caridade”, disse o chefe climático da ONU, Simon Stiell, em Baku. “Uma nova e ambiciosa meta de financiamento climático é totalmente do interesse de todas as nações, inclusive das maiores e mais ricas”.
Mas a meta de financiamento está disputando atenção com preocupações econômicas, guerras na Ucrânia e em Gaza e a eleição de Donald Trump para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos.
Entre os líderes políticos que devem ficar de fora estão o presidente dos EUA, Joe Biden, o presidente chinês, Xi Jinping, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma das primeiras tarefas no início das negociações da cúpula foi adaptar a agenda para acomodar a proposta de última hora da China de discutir o comércio. Feita em nome do grupo Basic, que inclui Brasil, Índia e África do Sul, o país asiático pede que a cúpula trate de “medidas comerciais restritivas”, como as tarifas de carbono da União Europeia que entrarão em vigor em 2026.
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Essas preocupações foram agravadas pela promessa de campanha de Trump de impor tarifas de 20% sobre todos os produtos estrangeiros e 60% sobre os produtos chineses. Além disso, o futuro comandante da Casa Branca tem chamado as mudança climáticas de farsa e diz que vai retirar novamente os EUA do Acordo de Paris, o tratado global para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Apesar das preocupações com Trump, os EUA, sob o governo Biden, fizeram uma declaração antecipada positiva com um acordo inédito no mundo para garantir alguns dos empréstimos do Banco Asiático de Desenvolvimento.
Este ano está a caminho de ser o mais quente já registrado. Tanto os países ricos quanto os pobres têm sido afetados por eventos climáticos extremos, incluindo inundações na África, no Rio Grande do Sul, no litoral da Espanha e no Estado norte-americano da Carolina do Norte, e secas na América do Sul, no México e no oeste dos EUA.
No entanto, muitas pessoas reunidas em Baku temem que o descompromisso dos EUA possa levar outros países a voltar atrás em suas promessas climáticas existentes ou a reduzir suas ambições futuras.