![Foto ilustrativa de uma pessoa plantando em meio a um cenário de seca](https://forbes.com.br/wp-content/uploads/2025/02/mudancas-climaticas-768x512.png)
Muitas das maiores nações poluidoras do mundo perderam o prazo da ONU para estabelecer novas metas climáticas, no momento em que os esforços para conter o aquecimento global estão sob pressão após a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Os quase 200 países que assinaram o Acordo de Paris tinham o prazo de segunda-feira (10) para apresentar novos planos climáticos nacionais à ONU, definindo como eles planejam reduzir as emissões até 2035.
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Até a manhã de segunda-feira (10), muitos dos maiores poluidores do mundo — incluindo China, Índia e União Europeia — não tinham feito isso.
“O público tem o direito de esperar uma forte reação de seus governos ao fato de que o aquecimento global já atingiu 1,5 grau Celsius por um ano inteiro, mas não vimos praticamente nada de real substância”, disse Bill Hare, presidente-executivo do instituto de ciência e política Climate Analytics.
O acordo climático de Paris de 2015 compromete as nações a tentar evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Até o momento, as ações ficaram muito aquém dos cortes profundos de emissões que permitiriam atingir esse objetivo. O ano passado foi o primeiro a ultrapassar 1,5ºC de aquecimento.
Entre as grandes economias que anunciaram novos planos climáticos estão EUA, Reino Unido, Brasil, Japão e Canadá — embora se espere que Trump elimine a contribuição dos EUA da era Biden.
No mês passado, Trump ordenou que os EUA se retirem do Acordo de Paris e suspendeu alguns gastos federais com energia limpa.
O chefe do clima da ONU, Simon Stiell, disse na semana passada que a maioria dos países indicou que ainda produzirá seus planos este ano.
“Os países estão levando isso muito a sério, o que não é surpreendente, já que esses planos serão essenciais para determinar quanto dos 2 trilhões de dólares em expansão os governos poderão garantir”, disse Stiell, citando os 2 trilhões de dólares investidos globalmente em energia limpa e infraestrutura no ano passado.
“Portanto, faz sentido dedicar um pouco mais de tempo para garantir que esses planos sejam de primeira linha”, acrescentou.
Mas o prazo perdido aumenta as preocupações de que a ação climática tenha caído nas agendas dos governos, com algumas autoridades sinalizando que a reviravolta dos EUA na política climática está atrapalhando os esforços de outras nações.
O chefe de política climática da UE, Wopke Hoekstra, disse à Reuters no mês passado que o ciclo de elaboração de políticas do bloco não se alinhava com o prazo da ONU, mas que Bruxelas teria seu plano pronto para a cúpula climática da COP30 da ONU em novembro.
A China publicará seu plano climático “no devido tempo”, afirmou porta-voz do Ministério das Relações Exteriores na segunda-feira.