Cientistas holandeses fizeram ratos engordarem apenas deixando-os expostos por 24 horas à luz artificial. Os animais gordos não comeram mais nem fizeram menos exercício que os magros. A principal diferença observada foi na atividade de uma substância chamada gordura marrom, usada pelos mamíferos para queimar gordura e torná-la calor corporal.
O estudo pode explicar a conexão entre exposição à luz e a obesidade em humanos. Um dos líderes da pesquisa, Patrick Rensen, do Leiden University Medical Center, na Holanda, disse que por anos cientistas identificaram associações entre trabalhos por turnos e obesidade. Recentemente, um estudo com mais de 100.000 mulheres no Reino Unido mostrou uma conexão entre o sobrepeso e a quantidade de luz que entra no quarto durante o sono.
A questão para os cientistas era o quanto a luz poderia influenciar no depósito de gordura. Uma possibilidade é o quanto a luz atrapalha o sono e isso muda os padrões de alimentação. Mas Rensen estava curioso sobre a possível ligação com a gordura marrom. Você precisa desse tipo de gordura para manter a temperatura do seu corpo perto de 37º C. Algumas pessoas têm mais do que outras, de acordo com Rensen, e ela vai diminuindo conforma a idade. Além disso, quem é obeso quase não tem essa gordura.
No experimento, Rensen e seus colegas expuseram os ratos a 12 horas de luz e 12 de escuridão e outros a 24 horas de luz. Eles mediam o nível de gordura marrom dos animais, além do quanto eles se movimentam e comiam. O resultado foi que, após cinco semanas, os ratos que ficavam o dia inteiro expostos tinham mais gordura corporal que os outros. Eles tinham comido as mesmas quantidades de comida, feito os mesmos exercícios e dormido o mesmo número de horas. Os ratos mais expostos à luz eram mais gordos do que ratos com dietas com mais gordura.
A luz afeta uma parte do cérebro chamada núcleo supraquiasmático, onde há um relógio circadiano. A luz afeta esse relógio, que conversa com a gordura marrom. Existem remédios que diminuem o apetite e ativam esse tipo de gordura, mas eles são proibidos no mercado por serem considerados perigosos.
Rensen diz que é possível achar remédios para perda de peso que sejam mais seguros e não afetem o cérebro, agindo diretamente na gordura marrom. Porém, por enquanto, eles ainda pretendem estudar mais a relação entre a luz, a gordura marrom e a obesidade em humanos antes de criarem remédios.