Quem me conhece ou lê meus artigos sabe que em Las Vegas o meu hotel predileto é o Wynn Resort. Apesar de todo gigantismo do complexo — ele e sua torre gêmea, o Encore, somam quase 5 mil apartamentos —, tenho a sensação de estar em um hotel butique devido à qualidade e rapidez dos serviços prestados pelo seu exército de 14 mil colaboradores. Não é à toa que Wynn e Encore, juntamente com seus respectivos spas, ostentam o renomado Forbes Travel Service 5-Star Award.
Desta vez, o motivo da minha visita foi conhecer o White Glove Driving Program, da Rolls-Royce. O curso oferecido pela companhia serve tanto para motoristas particulares quanto para alguns proprietários de automóveis da marca mais interessados em aprimorar seus conhecimentos em torno da filosofia de condução da fabricante. Em Vegas, tive uma amostra do que pode ser visto nas aulas ministradas na manufatura da Rolls-Royce, em Goodwood, Reino Unido. Existem duas opções de cursos: Educação de Segurança Paramilitar ou Currículo de Condução Elegante. Ambos revelam aos condutores como dirigir com suavidade e precisão e total ausência de esforço.
Para os motoristas profissionais são transmitidos alguns ensinamentos preciosos: desde dicas relacionadas a vestuário à correta abertura das portas do veículo. O chofer também aprende que precisa alinhar todos os interruptores e botões e organizar as cortinas antes que o cliente entre no carro. Uma das lições de etiqueta é bastante curiosa: o condutor nunca deve passar na frente do Spirit of Ecstasy, a belíssima estatueta com formas femininas que enfeita o capô de cada Rolls-Royce. Segundo a marca, essa é a maior gafe que se pode cometer diante do automóvel.
Os primeiros minutos ao volante de um Phantom foram suficientes para o gentil e bem-humorado instrutor britânico dizer que meu estilo de dirigir era bem “esportivo”, num claro sinal de desaprovação às aceleradas, curvas e freadas que eu impunha àquela obra de arte sobre rodas. Um pouco adiante, ao parar no semáforo vermelho, mais um valioso ensinamento: um Rolls-Royce é um carro de grandes dimensões e precisa ser visto e apreciado em toda sua majestade. Dessa forma, ao aproximar-me do carro que estava parado a minha frente, eu deveria manter uma distância suficiente para enxergar não só seu para-choque, mas também os pneus traseiros tocando o asfalto. Essa distância permitiria, ainda, que eu manobrasse para uma das faixas laterais caso necessitasse de uma rota de fuga.
Nossa estada no Wynn foi coroada com experiências gastronômicas oferecidas pelo resort e pela Rolls-Royce. Opções para o almoço e o jantar não faltam no empreendimento: somente o Wynn abriga um total de 13 restaurantes. Uma das experiências mais saborosas e ricas culturalmente foi no SW Steakhouse. O restaurante está entre os três únicos dos Estados Unidos — dois se encontram no Wynn — que servem kobe beef com certificado de origem garantida. Tive a oportunidade de ver em mãos o documento que mostra todas as informações da fazenda onde o animal foi criado e traz, inclusive, a identificação com foto do tratador que cuidou dele desde o nascimento.
Antes do jantar, o chef David Walzog fez questão de apresentar em uma bandeja os cortes que seriam servidos aos convidados naquela noite e explicou a diferença entre eles. Pertinho do SW Steakhouse está o Mizumi, comandado pelo chef Devin Hashimoto. Ele é sua outra opção dentro do Wynn para degustar um autêntico kobe beef. Então já sabe: na próxima vez que estiver em um restaurante que diz servir kobe beef, peça para ver o certificado de origem. Caso o estabelecimento não possua o documento, grandes são as chances de você estar levando gato por lebre.
Apesar de minhas diversas viagens a Vegas, ainda não tinha encontrado tempo para conhecer a Hoover Dam, que fica a cerca de 50 quilômetros da cidade. A colossal barragem de concreto de 200 metros de altura no Rio Colorado está entre as mais impressionantes obras da engenharia do século 20. É graças a ela que Vegas consegue existir no meio do deserto. A água da represa, cercada pelas paredes rochosas do Grand Canyon, reflete o azul do céu e se transforma em uma bela paisagem. Com a permissão do meu instrutor, desviei 25 milhas do trajeto original até essa imponente construção.
E valeu a pena, ainda mais a bordo de um Rolls-Royce. Cada vez mais eu me convenço de que não há nada parecido na indústria automobilística — é o topo da pirâmide — e reforço a minha sugestão: compre um!