Estar no Japão e não visitar Kyoto é como ir a Roma e não ver o papa. Entrar na Tokyo Station e embarcar nos confortáveis, pontuais e incrivelmente silenciosos Shinkansen (os trens-bala japoneses) é fazer uma viagem ao passado. Após duas horas e 20 minutos, chega-se à antiga capital japonesa e residência oficial dos imperadores entre os anos de 794 e 1868. Kyoto é o Japão que nós, ocidentais, esperamos ver. São mais de 1.200 templos budistas e santuários xintoístas e diversos monumentos históricos — totalmente preservados, já que a cidade foi poupada dos pesados bombardeios aéreos que destruíram muitas partes do país durante a Segunda Guerra —, totalizando 17 patrimônios culturais da Unesco.
No meio de ruelas por onde passam elegantes geiko-san, gueixas e homens em quimonos tradicionais, você encontra uma joia da hotelaria moderna: o luxuoso The Ritz-Carlton Kyoto, com sua arquitetura Miyabi, um dos ideais estéticos da cultura japonesa que significa elegância simples. O hotel fica perto de Gion, o charmoso bairro das gueixas, de Pontocho, uma área de restaurantes, casas de chá e bares e debruçado sobre um dos pontos de encontro de residentes e turistas, o Kamogawa, ou Rio dos Patos.
O novíssimo empreendimento inaugurado em fevereiro de 2014 é uma obra prima do design — merecidamente vitorioso do prêmio “Best Achievement in Design” pela conceituada rede Virtuoso, que abrange mais de 1.100 hotéis de alto luxo no mundo inteiro – e possui as maiores acomodações da cidade. São 134 unidades, de 50 a 212 metros quadrados, inspiradas nas casas da Era Meiji (1867-1912), período em que o Japão, forçado a romper seu isolamento com o restante do mundo, passa por uma forte ocidentalização. Assim, as acomodações combinam o melhor da tradição japonesa com conforto e modernidade. Na mais luxuosa das suítes, por exemplo, o hóspede desfruta de um jardim zen particular na varanda ao mesmo tempo em que tem à disposição um sistema de som Bang & Olufsen com iPod Nano.
Você encontrará no Ritz Kyoto todos os itens de uma acomodação premium da alta hotelaria como cama king size, jogo de lençóis de 600 fios e banheiros com os melhores revestimentos e amenities, acompanhados de um toque da cultura milenar, como um lindo e delicado bonsai sobre uma mesa de centro. Mas isso é pouco para descrever a sensação de estar num desses aposentos, sentado diante de enormes janelas com vista deslumbrante para o Rio Kamogawa e para a Cordilheira Higashiyama. Ao todo, são 11 tipos de acomodações, sendo que algumas delas apresentam camas no estilo tatame.
Os restaurantes do The Ritz-Carlton seguem o conceito do hotel de unir o melhor das culturas japonesa e mundial. Em uma atmosfera contemporânea, o Mizuki apresenta quatro linhas tradicionais da cozinha japonesa: kaiseki, sushi, tempura e teppanyaki. Já o La Locanda adiciona finos ingredientes locais a pratos típicos italianos – o café da manhã mistura o melhor de um bufê internacional, num ambiente de extremo bom gosto arquitetônico, com a beleza de tirar o fôlego de um jardim zen envidraçado, que mais parece uma pintura. No The Bar há uma variedade de coquetéis exclusivos e uma adega de vinhos com mais de 400 rótulos. E no The Lobby Lounge é possível deliciar-se com um brunch, um chá da tarde e doces da pâtisserie francesa Pierre Hermé Paris.
A visita ao spa do hotel é obrigatória, mesmo para quem estiver a negócios e com pouco tempo. Tente pelo menos uma rápida massagem no rosto ou nos pés. Projetado com base nos ensinamentos zen de serenidade e movimento, o spa é um verdadeiro templo para o corpo e a mente. São sete salas para tratamentos, os quais são realizados em meio ao som de quedas d’água. A maior parte dos produtos utilizados nos rituais pertence à marca inglesa ESPA, mas alguns tratamentos específicos são feitos com ingredientes encontrados em Kyoto. A piscina do spa, com 20 metros de comprimento, é cercada por janelas de vidro do piso ao teto. A vista é para uma parede de pedras com cascatas, que formam um belíssimo espelho d’água.
Certa vez, um grande amigo do ramo hoteleiro me disse que hotéis funcionam em ciclos. Alguns ganham visibilidade — principalmente depois de inaugurados ou de grandes reformas. O The Ritz-Carlton Kyoto é um daqueles hotéis que ficarão em evidência por muito tempo, assim como a inesquecível Kyoto.