Em 2007, o fundador da Gap, Donald Fisher, ofereceu sua enorme coleção de arte contemporânea à cidade de São Francisco, propondo construir um museu de 9.300 metros quadrados no histórico parque Presídio. Com mais de mil quadros e esculturas importantes de artistas de primeira linha, entre os quais Andy Warhol, Ellsworth Kelly e Richard Serra, a coleção era muito admirada e cobiçada por especialistas que tinham visitado a sede da Gap, também localizada em São Francisco. Mas os preservacionistas locais recusavam-se a ver um museu moderno e quadradão no meio dos alojamentos militares do século 19 existentes no Presídio, e guerrearam com Fisher por dois longos anos.
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Por fim, o filantropo se rendeu. Ele retirou sua oferta, gerando boatos de que suas obras de arte poderiam ir para Oakland, ou mesmo para St. Paul, no Minnesota. Mas o investidor bilionário Charles Schwab tinha outras ideias. Amigo íntimo e sócio empresarial de Fisher, Schwab era também presidente do San Francisco Museum of Modern Art, conhecido como SFMOMA. “Comecei a ter várias conversas com o Don para convencê-lo a trazer sua coleção ao SFMOMA”, recorda Schwab. As discussões adquiriram uma urgência maior, pois Fisher estava passando por um câncer terminal. Um acordo informal foi fechado dias antes de sua morte, ocorrida em setembro de 2009.
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Veja na galeria de fotos mais detalhes sobre o reformado e belíssimo SFMOMA:
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SFMOMA Quase sete anos depois, quando um SFMOMA enormemente ampliado e reimaginado — hoje o maior museu de arte moderna dos Estados Unidos — reabre as portas, a intervenção de Schwab é vista como uma manobra brilhante. “O Don confiava no Chuck”, diz Neal Benezra, diretor do SFMOMA. “Tenho certeza de que o fato de o Don saber que o Chuck estava comprometido tanto com a coleção Fisher como com o crescimento do museu permitiu que ele tivesse a confiança, no fim da vida, de que sua coleção estaria em ótimas mãos no SFMOMA.”
O compromisso de Schwab com o San Francisco Museum of Modern Art remonta à década de 1960, quando ele estava começando nos negócios e o museu nascente ocupava um espaço alugado no War Memorial Veterans Building. “Eu comecei visitando com meus filhos”, conta ele. “Por crescer onde cresci [em Santa Bárbara], eu não tinha tido muito acesso a ele.”
Em 1983, após vender a Charles Schwab & Co. ao Bank of America por 55 milhões de dólares, Schwab passou a ter recursos financeiros para ajudar o museu mais diretamente, e seu compromisso se reforçou depois que ele orquestrou a recompra e a IPO de sua empresa homônima, em 1987. Logo, ele começou a angariar fundos destinados a um novo edifício para o SFMOMA, unindo-se a Don Fisher (que já era curador de museu).
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Projetado pelo arquiteto suíço Mario Botta, e situado no emergente bairro South of Market, o museu, com 20.900 metros quadrados, foi inaugurado em 1995. Quase imediatamente, Schwab e Fisher começaram a buscar obras de arte de alto nível para preenchê-lo. Como empresários, os dois tinham uma afinidade natural, reforçada pelo fato de um atuar no conselho de administração da empresa do outro. “Nossa busca conjunta de arte contemporânea foi parte importante do relacionamento”, diz Schwab. Entre as aventuras que tiveram juntos, deram um pulo no Japão. “Fomos comprar arte de um banco japonês que tinha uma caixa-forte repleta de obras que estavam lá como garantia de dívidas”, recorda. “Muitas das obras que adquirimos naquela viagem acabaram no museu.”
Levar toda a coleção Fisher para o SFMOMA foi um negócio de outra ordem. Nos termos do acordo com a família Fisher, o museu será depositário da coleção pelo menos até o próximo século, e deverá cumprir uma série de requisitos, como uma exposição específica a cada década. Segundo Schwab, “o Don tinha duas coisas muito claras que queria realizar com esta coleção: mostrar as obras regularmente e manter a coleção unida”. Mas aqueles 20.900 metros quadrados não seriam suficientes — a escala da coleção Fisher, por si só, exigia mais espaço. Junto com Benezra, Schwab começou a entrevistar arquitetos sobre a expansão do SFMOMA.
Falaram com quase 40 escritórios — entre os quais, o Diller Scofidio + Renfro e o Foster + Partners —, antes de se decidirem pelo relativamente obscuro escritório norueguês Snøhetta (na época, conhecido por projetar a Ópera de Oslo).
“O Snøhetta tinha um enfoque que eu apreciei”, explica Schwab. “Ficamos convencidos de que eles não tinham um visual do tipo ‘marca registrada’, mas que nos ouviriam e tentariam construir um edifício que cumprisse os nossos objetivos — de sermos mais abertos, mais acessíveis.”
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Os arquitetos conceberam um projeto que incluía múltiplas entradas, espaços para exposições públicas gratuitas, e a possibilidade de ver as obras da rua, colocando o prédio pós-moderno de Botta dentro de um novo e elegante edifício de dez andares. Com um modelo no porta-malas de Benezra, ele e Schwab, juntamente com o presidente do museu, Robert Fisher (filho de Don), começaram a visitar filantropos e líderes empresariais em busca de angariar 610 milhões de dólares. Schwab era incansável — e altamente persuasivo. “As pessoas têm tanto respeito pelo Chuck, que fica muito difícil dizer ‘não’ a ele”, observa Benezra.
Os apoiadores estiveram em espetacular evidência no início de maio, no SFMOMA Modern Ball, realizado para comemorar a reabertura do museu. Entre os presentes, estavam membros da realeza tecnológica, como Evan Williams, cofundador do Twitter, Mike Krieger, cofundador do Instagram, Mark Pincus, cofundador da Zynga, e Marissa Mayer, CEO do Yahoo. Eles percorreram galerias cheias de pinturas recém-divulgadas de Jackson Pollock, Francis Bacon, Jasper Johns e Brice Marden, e contribuíram com 2,5 milhões de dólares adicionais para o programa educacional do museu.
Para Schwab, que compareceu ao baile com a mulher, Helen, o forte apoio do mundo da tecnologia ao novo SFMOMA parece natural, já que a arte contemporânea tem muito a ver com inovação. De fato, o interesse dos gigantes do Vale do Silício reflete a paixão dele mesmo pela arte contemporânea. “É parecido com a minha maneira de pensar nos negócios”, diz. “As duas coisas são a arte do possível.”
Quase sete anos depois, quando um SFMOMA enormemente ampliado e reimaginado — hoje o maior museu de arte moderna dos Estados Unidos — reabre as portas, a intervenção de Schwab é vista como uma manobra brilhante. “O Don confiava no Chuck”, diz Neal Benezra, diretor do SFMOMA. “Tenho certeza de que o fato de o Don saber que o Chuck estava comprometido tanto com a coleção Fisher como com o crescimento do museu permitiu que ele tivesse a confiança, no fim da vida, de que sua coleção estaria em ótimas mãos no SFMOMA.”
O compromisso de Schwab com o San Francisco Museum of Modern Art remonta à década de 1960, quando ele estava começando nos negócios e o museu nascente ocupava um espaço alugado no War Memorial Veterans Building. “Eu comecei visitando com meus filhos”, conta ele. “Por crescer onde cresci [em Santa Bárbara], eu não tinha tido muito acesso a ele.”
Em 1983, após vender a Charles Schwab & Co. ao Bank of America por 55 milhões de dólares, Schwab passou a ter recursos financeiros para ajudar o museu mais diretamente, e seu compromisso se reforçou depois que ele orquestrou a recompra e a IPO de sua empresa homônima, em 1987. Logo, ele começou a angariar fundos destinados a um novo edifício para o SFMOMA, unindo-se a Don Fisher (que já era curador de museu).