Bem longe do Rio de Janeiro, o resort Ponta dos Ganchos, em Governador Celso Ramos (SC), não pegou carona na Olimpíada. A boa impressão passada pelo Brasil ao mundo com a bem-sucedida realização do evento não deve se reverter em mais hóspedes para o empreendimento de luxo. “Pensando na Olimpíada, quem tinha de vir ao país já veio, não vai retornar nos próximos meses”, acredita Daniel Peluffo, CEO e um dos fundadores do Ponta dos Ganchos.
Mesmo sem o “bônus olímpico”, no qual muitos hotéis apostavam suas fichas, a expectativa do empresário é alcançar um faturamento de R$ 22 milhões em 2016, uma alta de 23% na comparação com o ano passado. Desempenho expressivo, considerando-se que o setor – que faturou R$ 20 bilhões com diárias em 2015 – prevê queda entre 12% e 15% neste ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih). No segmento de luxo, a baixa deve ficar entre 10% e 12%. “Apesar da crise, os hotéis que fizeram a lição de casa nos últimos dois anos, com marketing agressivo, comunicação eficiente nas redes sociais e boa qualidade dos serviços, estão colhendo os frutos”, afirma Bruno Omori, diretor de operações da Abih.
SAIBA MAIS: Ponta dos Ganchos, um dos resorts mais exclusivos do mundo
O Ponta dos Ganchos tem feito essa lição de casa. Investe anualmente 9% de seu faturamento em marketing. No exterior, participa de feiras de hotelaria de luxo e mantém representantes comerciais e assessoria de imprensa nos EUA e na Inglaterra, seus principais mercados. Por isso, tem motivos para comemorar seus 15 anos, a serem completados no dia 15 de dezembro.
O empreendimento tem chamado a atenção de investidores, segundo Peluffo. Ele e seu sócio, Nicholas Razey, no entanto, têm resistido ao assédio. “Não pretendemos criar uma rede. Estamos em uma zona de conforto e estabilidade da qual não queremos abrir mão. Não estamos atrás de crescimento.”
Veja na galeria de fotos mais detalhes do luxuoso Ponta dos Ganchos:
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Localizado em uma vila de pescadores a 50 quilômetros de Florianópolis, na extremidade da península Ponta dos Ganchos, o hotel, na opinião de seu CEO, não tem concorrência direta no país. “Nossos concorrentes são Seychelles, Ilhas Maurício e Caribe. Ponta dos Ganchos é um destino por si só, assim como essas outras regiões. O turista que vem para cá praticamente não sai do resort”, afirma. Explica-se: Governador Celso Ramos tem belas praias, mas seu turismo é popular. Não há na cidade restaurantes sofisticados ou outros hotéis de luxo.
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Além da paisagem marcada pelo mar verde-esmeralda e areia branca, o resort conta com outra vantagem: está a poucas horas de voo de grandes cidades da América do Sul. “Os estrangeiros representam 35% de nossos hóspedes, a maioria ingleses e americanos. Esses clientes, quando se dispõem a fazer uma viagem de mais de 12 horas, não querem ir a um só lugar”, afirma. Rio-Foz do Iguaçu e Salvador-Patagônia são roteiros comuns do hóspede antes ou depois de passar pelo Ponta dos Ganchos.
Dono de uma das maiores diárias médias do Brasil – cerca de R$ 3.500 –, o empreendimento é membro do The Leading Hotels of the World, organização que congrega os melhores hotéis, resorts e spas de 80 países, e da Virtuoso, associação de agências de viagens mais elitizadas do mundo. “Estamos na elite da hotelaria mundial”, explica.
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O serviço é um dos pontos altos do resort. A arrumação é realizada de três a quatro vezes por dia. São 130 funcionários corteses, 90% nativos e, muitos deles, filhos de pescadores. Entre os que atendem o público diretamente, 70% falam inglês. O colaborador é incentivado no aprendizado do idioma, com bolsas de estudo e de material, dependendo do aproveitamento que tiver no curso. O reconhecimento também chega através de promoções: um garçom bilíngue recebe salário 30% maior.
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Na propriedade de 80 mil metros quadrados existem 25 bangalôs de 80 a 300 metros quadrados, todos com vista para o mar. Três pequenas ilhas em frente à baía completam o cenário. São seis categorias de acomodações. A mais luxuosa, chamada Especial Esmeralda, onde Beyoncé e Paul McCartney já se hospedaram, tem sala e quarto integrados, e até o banheiro e a sauna privativa têm vista para o oceano. Em sua área externa, espreguiçadeiras contornam a piscina com raia de 10 metros e borda infinita. A unidade conta, ainda, com academia privativa. Anualmente, o resort recebe cerca de R$ 1 milhão em melhorias. Este ano, os decks dos bangalôs foram trocados e a hidromassagens das unidades, substituídas por piscinas.
A taxa de ocupação fica entre 55% e 60% ao ano. “Nos hotéis de luxo, com uma ocupação anual de 20%, a operação já se paga, ao contrário dos empreendimentos econômicos, que necessitam de 50% a 60% de ocupação para bancar os custos”, afirma Omori, da Abih.
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Apesar da sofisticação, o resort persegue o “luxo simples”. Na cozinha contemporânea do chef José Nero, por exemplo, fazem parte do cardápio peixes adquiridos de pescadores locais e pratos como o filé mignon acebolado com ovo frito, mandioca, farofa, arroz, couve, feijão e purê. “Nossa ideia é oferecer um serviço de alto nível, mas sem ostentação. Esse tipo de hóspede viaja atrás de uma experiência genuína”, diz o CEO.
Peluffo é uruguaio e vive no Brasil há 40 anos. Em 1995, vendeu sua fábrica de calçados em Novo Hamburgo (RS) por força de uma crise no setor e pelo desejo de mudar de ares. “Queria sair daquela loucura”, relembra. No ano seguinte, mudou-se para Florianópolis, onde teve uma imobiliária por um ano. Foi quando conheceu a propriedade em Governador Celso Ramos, que estava à venda. Ele era vizinho de seu atual sócio, que é inglês e empresário do ramo de telecomunicações. Nicholas também se interessou pelo terreno na vila de pescadores.
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Inauguraram o resort em dezembro de 2001. “Nosso olhar estrangeiro foi decisivo. Percebemos que ou o turista optava por se hospedar perto da natureza ou por passar bem. Não havia uma opção que oferecesse as duas alternativas.” Há 15 anos, o Ponta dos Ganchos é essa opção.
Localizado em uma vila de pescadores a 50 quilômetros de Florianópolis, na extremidade da península Ponta dos Ganchos, o hotel, na opinião de seu CEO, não tem concorrência direta no país. “Nossos concorrentes são Seychelles, Ilhas Maurício e Caribe. Ponta dos Ganchos é um destino por si só, assim como essas outras regiões. O turista que vem para cá praticamente não sai do resort”, afirma. Explica-se: Governador Celso Ramos tem belas praias, mas seu turismo é popular. Não há na cidade restaurantes sofisticados ou outros hotéis de luxo.