Antes de patrocinadores corporativos assumirem os títulos dos torneios, a PGA Tour, organização que reúne os jogadores profissionais de golfe nos Estados Unidos, estava se esbaldando em inúmeros eventos que tinham celebridades como anfitriãs e eram realizados em glamourosos campos em todo o país. Ben Wright, vencedor do Emmy Award e ex-comentarista do canal CBS, cruzou o Atlântico e foi para a Inglaterra para atuar como um dos comentaristas de golfe mais importantes da rede. Em sua carreira na televisão, ao lado de colegas como Pat Summerall e Ken Venturi, ele cobriu muitas das festas da PGA Tour.
O maior e melhor evento da PGA Tour organizado por celebridades foi - e continua sendo até hoje - o do cantor e ator Bing CrosbyO cantor Andy Williams, por exemplo, organizou um torneio no Campo de Golfe Torrey, de 36 buracos ao lado do Pacífico, em La Jolla, entre San Diego e Del Mar. “Quando o campeonato terminou, depois de um ano, Williams me ofereceu uma carona em seu helicóptero de volta a Los Angeles, assim eu poderia, de lá, pegar o único vôo que saía naquele dia para Londres”, lembra Wright, de 84 anos. “Aparentemente distraído com uma outra companhia, ele me deixou para trás, preso na Califórnia por um dia inteiro”, conta.
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Embora Glen Campbell fosse conhecido pela música “By the Time I Get to Phoenix”, de 1966, a sua versão do torneio da PGA Tour foi no Riviera Country Club, no bairro Pacific Palisades, em Los Angeles. “Na época, Campbell era um grande baladeiro. Houve momentos em que ele estava programado para estar em nossa transmissão – ao vivo -, mas não apareceu ou foi dispensado pelo seu agente por não estar em condições de aparecer na televisão”, escreve Wright em sua autobiografia “Good Bounces and Bad Lies”.
O evento do Arizona, em Tucson, foi sediado pelo apresentador Joe Garagiola durante a temporada de treinos de beisebol do Spring Training. Os amigos Frank Sinatra e Sammy Davis Jr. também organizaram eventos luxuosos em Las Vegas – atualmente conduzidos por Justin Timberlake – e Hartford, respectivamente.
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“Sammy era um pequeno saco de ossos, mas ele tinha um coração gigante”, lembra Wright. “Ele tinha uma afinidade com as pessoas mais humildes, então providenciou um jantar à base de lagosta e carne para todos os técnicos e assistentes.”
O comediante Ed McMahon ficou com o evento da PGA Tour em Moline, Illinois, que, devido ao seu status não muito prestigiado – assim como o da cidade – foi, provavelmente, uma decepção para ambos. O evento do ator Danny Thomas foi realizado por 14 anos em Memphis, e o ator, compositor e apresentador de televisão Jackie Gleason foi o anfitrião em Fort Lauderdale, onde chegou a ter uma casa. “Gleason deu algumas grandes festas em sua residência durante o torneio. Ele tinha feito o papel de Minnesota Fats no filme ‘Desafio à Corrupção’ (1961) e me convidou para entrar na sua elaborada sala de jogos, que contava com um magnífico bar. Atrás dele havia um gorila mecânico de tamanho natural que servia Scotch”, lembra Wright.
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Entretanto, o maior e melhor evento da PGA Tour organizado por celebridades foi – e continua sendo até hoje – o do cantor e ator Bing Crosby, batizado de Crosby Clambake, em Pebble Beach, perto de São José. Apesar da opinião convicta, Wright pede desculpas ao comediante George López e ao ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que tentaram manter vivo o antigo espírito do evento Desert Classic, de Bob Hope, em Palm Springs, após o seu falecimento.
O torneio Hope, cujo primeiro vencedor, em 1960, foi o golfista Arnold Palmer (que seria campeão outra quatro vezes e foi a primeira estrela do esporte na era da televisão), assim como o Clambake, tinha um campo cheio de celebridades jogando ao lado dos profissionais. Ele desfrutou de alguns momentos notáveis durante sua existência, incluindo a participação dos ex-presidentes dos EUA, Dwight Eisenhower e Gerald Ford. Em 1995, formou-se o poderoso grupo de profissionais e amadores já constituído: Hope, o ex-presidente Ford, George Bush, o presidente Bill Clinton e o jogador Scott Hoch – este último seriamente ofuscado pelo poder de seus colegas.
A festa de Crosby em Pebble Beach ofuscou a todos de 1937 até 1985, quando o evento se tornou conhecido como o AT&T Pebble BeachNational Pro-Am. As duas celebridades que mais chegam perto nos dias de hoje do já foi um dia a PGA T são o ator e diretor Clint Eastwood e o ator cômico Bill Murray, que tem jogado com trajes engraçados para combinar com sua atuação no filme “Clube dos Pilantras” (1980).
Mas foram Phil Harris, um comediante e músico de jazz, mais conhecido por ter feito a voz do Urso Balu no filme “Mogli”, da Disney, e o vencedor do Oscar Jack Lemmon, os mais alinhados com o espírito dos torneios, especialmente depois que eles apareceram na transmissão da CBS. “Todo ano, Harris contrabandeava três garrafas de Jack Daniels para a torre de difusão para aguentar o final de semana todo”, lembra Wright. “Harris era incorrigível, mas eu gostava de seu senso de humor.”
Lemmon jogou em Pebble mais de 35 vezes, mas nunca jogou bem o suficiente para chegar à rodada final do domingo. Suas derrotas anuais acabaram se tornando curiosas para os telespectadores e para as outras celebridades que jogavam, como James Garner, Craig T. Nelson, Andy Garcia, Huey Lewis, James Woods, Michael Bolton, Alice Cooper, Kevin Costner e até Donald Trump.
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Pebble Beach é considerado o número um dos campos de golfe públicos dos EUA – e também o mais caro (são mais de US$ 500 por rodada). Criado em 1919 e localizado Península de Monterey, perto de Carmel, também foi palco de cinco campeonatos abertos dos EUA com Jack Nicklaus, Tom Watson e Tiger Woods na lista de vencedores.