A Grécia passa por dificuldades épicas desde a eclosão da crise financeira mundial de 2008. Desde então, não houve crescimento (com exceção de 2014) e o Produto Interno Bruto encolheu 25%. Felizmente, para eles, o setor de turismo seguiu trajetória oposta, crescendo 7,5% nos últimos dois anos, mais que o dobro da expansão mundial (3,3%). Cada vez mais, o turismo torna-se uma atividade vital , correspondendo a 17,3% do PIB e respondendo por 19,4% dos postos de trabalho do país.
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A partir dessa perspectiva, o secretário geral de Turismo da Grécia, Dimitris Tryfonopoulos, disse, em entrevista a FORBES Brasil, que o objetivo é receber incríveis 30 milhões de visitantes internacionais em 2017, número três vezes maior que a população do país. Seria a continuação da recente quebra de recordes: em 2015, 26,1 milhões de estrangeiros visitaram Atenas, Mykonos e Santorini; no ano seguinte, foram 28 milhões. Como comparação, em 2016, graças à realização dos Jogos Olímpicos (que por sinal nasceram na Grécia, em 776 a.C.) no Rio de Janeiro, também batemos nosso recorde histórico de visitantes estrangeiros: 6,6 milhões.
Brasileiros visitam destinos famosos, mas queremos promover lugares menos óbviosMais do que isso, Tryfonopoulos gostaria que, entre os esperados 30 milhões de turistas, houvesse um desembarque maior de brasileiros. Mesmo com orçamento menor, planeja divulgar mais a Grécia no Brasil, promovendo lugares menos conhecidos juntamente com os tradicionais destinos turísticos de seu país. Em visita a São Paulo para acompanhar a feira internacional de turismo World Travel Market, ele concedeu a entrevista a seguir.
FORBES Brasil: Como foi sua trajetória até chegar ao cargo de secretário geral de Turismo?
Dimitris Tryfonopoulos: Trabalhei 24 anos no setor privado, em bancos e empresas multinacionais. Tornei-me secretário geral na Organização Nacional Grega do Turismo (GNTO, na sigla em inglês) em novembro de 2015, quando achei importante contribuir com meu país a partir do conhecimento que adquiri na iniciativa privada. Sou responsável pela organização, desenvolvimento e promoção do turismo. Um de nossos objetivos é abrir novos mercados, dando alternativas para o turista vir à Grécia o ano todo, não somente no verão. A Grécia é um produto único no turismo mundial. Este ano de 2017 será muito importante, dentro de nossa meta de consolidar o recorde que tivemos na entrada de turistas estrangeiros no ano passado.
O que o sr. conhece do Brasil?
Infelizmente, nunca morei no Brasil, mas já visitei várias vezes. Tenho muitos amigos brasileiros da época da universidade [ele estudou na Louisville Kentucky University], e isso impulsionou o sentimento especial que tenho pela população e pelas diversas experiências que o país oferece.
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Que estratégias tem adotado para aumentar o fluxo de turistas entre os dois países?
Os brasileiros viajam à Grécia para visitar os destinos mais famosos, como Mykonos e Santorini. Mas queremos promover o turismo grego em outros vários níveis. Uma das estratégias é o desenvolvimento de sites de empresas turísticas gregas em português, a criação de páginas nas redes sociais em português e a publicação de artigos na imprensa brasileira. Como as principais atrações de nosso país já são razoavelmente conhecidas, optamos por apresentar coisas menos óbvias, como a gastronomia e destinos menos conhecidos. Queremos promover a Grécia como um local ideal para ser visitado nos 365 dias do ano, e não só durante o verão.
Em que medida a crise econômica interferiu nesse trabalho?
Nosso orçamento ficou menor, mas fizemos mais – e com grande impacto nos últimos dois anos. Crises são oportunidades para redefinir oportunidades, estratégias e novas alianças. Por isso tenho respeito pelo Brasil. Podemos construir uma dinâmica mútua para desenvolver oportunidades, mesmo em um momento de crise nos dois países. Juntando forças, podemos vencer as dificuldades.
Qual é a sua meta para 2017?
Trabalhamos para que 2017 seja o terceiro ano consecutivo de recordes, atingindo 30 milhões de turistas, que é três vezes mais que a população grega. O que isso significa? Se houvesse um G-20 do turismo, a Grécia estaria entre as 20 maiores potências do mundo.
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O Brasil atraiu um número recorde de turistas em 2016. Que conselhos daria para que esse legado seja duradouro?
A construção da infraestrutura para a Olimpíada afetou positivamente a atividade econômica e o emprego no Brasil em 2016, assim como na Grécia em 2004, além de impulsionar o turismo. Usando a Grécia como exemplo, o foco especial deveria ser dado ao desenvolvimento, manutenção e operação do legado olímpico, tanto na melhora dos benefícios como no aumento do poder econômico e turístico.
O que pode agradar os turistas gregos no Brasil?
Os gregos identificam o Brasil como o país de festas, Carnaval e futebol. Por isso, é difícil achar um visitante que tenha ficado insatisfeito ao passar suas férias aqui.
* Matéria publicada na edição 50 de FORBES Brasil, de abril de 2017