No reino mineral, podemos afirmar que o diamante impera sem concorrentes. A pedra preciosa já era considerada “a coisa mais valiosa deste mundo” desde o século 1 d.C., quando o grande orador naturalista Plínio, O Jovem, descreveu seu sentimento pela rara gema. Na época, a ciência não conseguia explicar o que seus olhos enxergavam: a existência de uma pedra tão resistente, tão pura e delicada ao mesmo tempo.
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O que se sabe hoje é que o diamante é formado somente quando os átomos de carbono são expostos a altas temperaturas e pressões existentes a 100 quilômetros abaixo da superfície. Ainda é necessário que esses átomos sejam precisamente ligados da mesma maneira em todas as direções e, só assim, nasce um diamante. Do contrário, podemos ter apenas o frágil grafite. Essa pedra é um milagre da natureza. É a única gema feita praticamente de um único elemento, ou seja, 99,95% de carbono. Em raros casos, os 0,05% restantes podem ser preenchidos com um ou mais microminerais, que são átomos que não fazem parte da química essencial do diamante. E quando essa pequena parte é preenchida por oligoelementos, um fenômeno ainda mais raro acontece. Esses pequenos minerais podem influenciar na cor da gema, e é nesse momento que se originam os “diamantes fancy”, ou melhor, os espetaculares diamantes coloridos.
QUANDO A COR FALA POR SI
Estima-se que apenas um em cada 10 mil diamantes seja um diamante fancy. Entre os mais raros estão os vermelhos, verdes, roxos e laranjas, seguidos pelo rosa e pelo azul. Por serem difíceis de achar na natureza, os diamantes coloridos, depois de lapidados, costumam ganhar títulos e são batizados com nome e sobrenome. A pedra preciosa da vez é a gema conhecida como The Pink Star. O nome de Superstar do Rock anuncia o seu valor. No mês passado, a casa de leilão Sotheby’s atingiu o maior lance já dado por uma joia com a venda dessa pedra. Os US$ 71 milhões foram ofertados pela Chow Tai Fook, uma joalheria de Hong Kong conhecida por suas joias para noivas. A estrela cor-de-rosa é um diamante com lapidação oval de 59,60 quilates. Essa foi a maior pedra de sua tonalidade já classificada pelo Gemological Institute of America (GIA), a autoridade em gemologia do mundo. A “pequena grande estrela” é originária de uma pedra bruta de 132,5 quilates extraída pela De Beers, na África, em 1999. Para se ter uma ideia, foram necessários dois anos de cortes e polimentos para atingir esse resultado magnífico.
O MELHOR ESTÁ POR VIR
Quem ficou interessado na possibilidade de adquirir uma raridade como o anel The Pink Star já pode começar a vislumbrar a próxima aposta da Sotheby’s para este ano. Em seu leilão deste mês, em Genebra, a casa anunciou que deixará disponível para lances o raro par de brincos conhecido como Apollo e Artemis. A dupla de irmãos de divindades gregas consiste em dois diamantes fancy com lapidação gota. O Apollo encanta pelo seu vívido azul de 14,54 quilates. Ainda mais imponente é o rosa Artemis, com 16 quilates e de uma claridade ímpar. As expectativas da casa são altas. O difícil vai ser alguém conseguir arrematar o conjunto em um só lance, pois a Sotheby’s resolveu separá-los durante esse evento. A casa espera chegar a US$ 68 milhões com a venda das duas joias. Entretanto, são apenas expectativas, pois quando se trata de pedras tão desejadas como esses deuses do Olimpo, o céu é o limite.
*Jairo Waisman é diretor executivo da Joalheria Frattina