Há 6 anos, poucas pessoas produziam ou tinham profundo conhecimento sobre filmes de moda. Isso está mudando rapidamente. O número de festivais sobre obras do setor cresce a cada ano e alguns deles, como o La Jolla International Fashion Film Festival, o maior do mundo, estão chamando a atenção de Hollywood. Já se fala até em criar uma categoria específica na edição 2018 do Oscar.
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Algumas pessoas enxergam os filmes de moda mais como propaganda do que como arte em si, principalmente aqueles cujos enredos abordam grifes importantes, como Chanel, Prada e Etro. Entretanto, mesmo quando efetivamente estão relacionadas a grandes marcas, essas obras nos proporcionam uma relação completamente nova com as roupas. Eles nos levam para mundos de beleza, aventura, vingança, inspiração e sonhos – e é por isso que nos vestimos, para explorar quem somos, ousarmos ser diferentes ou nos conectarmos com outras pessoas. Nós sonhamos com lindas roupas da mesma maneira como sonhamos com nossas carreiras e o sucesso. Um exemplo é o filme “The Magic Kingdom”, que narra a história dos sapatos Sergio Rossi por meio de três princesas modernas que saltam pela fábrica. O público fica entretido, encantado e é transportado para o que significa amar sapatos, em vez de simplesmente escutar que deveria comprá-los.
Por outro lado, existem os filmes artísticos de moda que não apoiam a venda de nenhum produto, mas buscam criar experiências. Apesar de alguns serem bons, a maioria fracassa ao tentar envolver o espectador devido à falta de storytelling e ao excesso de confiança de que a atenção das pessoas é atraída por uma maquiagem dramática, modelos aparentando tédio, um elemento em movimento (água, fumaça, vento), uma música deprimente e uma edição slow motion.
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O melhor é quando os filmes buscam fazer as coisas em conjunto: transportar as pessoas em uma jornada, inspirar com cenas deslumbrantes e conectar ótimas histórias. As obras apresentadas a seguir são as melhores nas categorias do La Jolla Fashion Film Festival. Elas representam o coração e a dedicação de diretores da Itália, China, América do Sul, Alemanha, França e Dinamarca, que estão criando, com o próprio dinheiro, uma nova área por meio do amor que sentem pela moda. Os filmes tratam de problemas familiares, nostalgia, poder, a beleza da natureza e da forma humana, medos em relação ao futuro e mulheres lutando pelo que desejam.
Veja os 12 melhores filmes de moda de 2017:
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Reprodução/Forbes “Statures of Gods”, de Arthur Valverde
O filme levou o prêmio na categoria Cinematografia. A edição slow motion dos dançarinos em contraste com o cenário de Paris permite que as pessoas mergulhem no abandono e na beleza do movimento que é possível obter com o corpo humano. Uma montagem deslumbrante e visualmente inspiradora.
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Reprodução/Forbes “The Magic Kingdom”, de Bruno Miotto
A obra, que levou o prêmio de Melhor Filme, é uma brincadeira lúdica pelo processo de produção de um sapato da grife Sergio Rossi e se baseia em influências de “Alice no País das Maravilhas” e “Branca de Neve”. Ótimas edições constroem o mágico momento em que cada um das três modelos recebe seu lindo sapato da grife. Com uma storytelling de visual deslumbrante e um esquema de cores tão bons quantos os sapatos, a maioria das mulheres se encantará e desejará um dos modelos. Este é um filme que tem tudo para agradar ao público.
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Reprodução/Forbes “Elemental Beauty”, de Elena Kovalenko
É raro que um filme sobre moda inspirado na natureza funcione como algo além de uma linda montagem de fotos, mas “Elemental Beauty” consegue. Baseado nos quatro elementos (água, fogo, terra e ar), o filme ganhou o prêmio de Melhor Edição e é possível entender o porquê. A relação entre cada dançarino/modelo, os elementos e a música hipnotizante e poderosa deixa os espectadores sem ar. A obra é uma verdadeira celebração para os olhos e para o espírito.
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Reprodução/Forbes “Robots”, de Josh Brandao e Nicolai Kornum
O filme aborda um futuro muito real e próximo, no qual será impossível distinguir ciborgues e humanos. Nele, as aparências são mutáveis a partir do aperto de um botão, os limites entre realidade e ficção são completamente indefinidos e a única verdade que existe é a de que as coisas são criadas a partir de desejos. É uma obra muito assustadora, mas também muito bonita.
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Reprodução/Forbes “Think Outside the Box”, de Doug Clayton
Vencedor da categoria Melhor Canção pelo uso de sons naturais, o filme traz um visual e storytelling muito bons. Uma mesma cena junta um salão de tatuagem, o barulho de uma pistola de tinta e o som de um skate. Referências de basquete são tão sutis que espectadores mais desavisados podem não notar, o que facilita o foco nos personagens. É um filme que captura o sentimento da juventude diária, sua coragem e determinada individualização, não apenas o glamour das quadras de basquete, do mundo da NBA. É uma obra dinâmica, que precisa ser assistida.
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Reprodução/Forbes “Infinite Path”, de Francesco Torricella
Criado pela Etro, o filme levou a categoria de Efeitos Visuais, o que não é nenhuma surpresa, já que remete a um cruzamento entre “O Último Samurai” e “Avatar”. O filme começa com a figura de um samurai caminhando por uma paisagem repleta de neve. Uma figura usando uma máscara branca oscila para dentro e para fora da tela. Ela está caçando o guerreiro? Não dá para saber. Quando o samurai chega ao topo da montanha, encontra uma corda dourada que usa para escalar até o céu, quando a figura aparece novamente. Uma movimentação começa em meio a rochas e pilares flutuantes apenas para explodir em uma cena de deuses. Uma verdadeira variedade de imagens deslumbrantes.
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Reprodução/Forbes “Casamorati”, de Michelle Bizzi
É um lindo filme que passa a sensação de “Alice no País das Maravilhas” e “Maria Antonieta”. Sua abordagem histórica é um banquete para os olhos, pois é repleto de roupas incríveis. A história é sobre uma mulher em 1920 que, entediada, atravessa um espelho e vai para o passado. Conforme ela dança, passeia por diferentes períodos apenas para, finalmente, voltar para sua própria época. É quando percebe que seu mundo também é lindo e interessante.
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Reprodução/Forbes “The Storm”, de Daniela Federici
Vencedor na categoria Direção de Arte, é um filme e um anúncio para a coleção de roupas de noite da grife Badgley Mischka. Trata-se de uma ode gélida e elegante à beleza e à força das mulheres em contraste com um cenário de lagos congelados e muita neve. É visualmente deslumbrante, poderoso e capaz de satisfazer os que amam lindos vestidos.
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Reprodução/Forbes “Cocoon Redux”, de Maria Burns
É um daqueles filmes em que a descrição não faz justiça ao resultado final. As pessoas precisam assistir para comprovar. A obra transforma a natureza estática do editorial em movimento por meio de uma história um pouco brusca e de stop-action visual entre dois personagens. Nela, o cenário se torna um personagem ativo, círculos giram e se transformam em buracos e a modelo flutua sob a mesa. Um saco de roupas voa pelos ares para se transformar em trajes. O cenário rústico e as extravagantes interações entre os personagens são cronometrados e perfeitamente editados. É um filme que realmente preenche o espaço entre o editorial e a storytelling sem se desviar demais.
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Reprodução/Forbes “Proclamation, Exclamation”, de Sewra G. Kidane
Filme excêntrico e inteligente no qual um único personagem se veste nos moldes dos anos 1980 de Thierry Mugler ou Grace Jones. Você pode achar que tal tópico pode ser cansativo, mas isso não acontece. As expressões e o timing da protagonista tornam a história única, pensada de maneira provocante e hilária.
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Reprodução/Forbes “Holy Shit, It Fits!”, de Petra Singer
Uma brincadeira maravilhosa e empoderadora de uma animação de moda e das lutas diárias que as mulheres encaram com seus guardas-roupas. Inicialmente uma editora de moda, Petra é hoje uma designer, criadora da grife que batizou o filme. Ambos são destinados a ajudar mulheres a se sentirem melhor com seus corpos quando cobertos por roupas que combinem com elas.
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Reprodução/Forbes “Tian and Mimi’s Summer”, de Eva Chen
Considerando que a China está entrando no mercado de filmes de moda, será interessante analisar o impacto que os valores e gostos de uma cultura tão diferente terá sobre o gênero. “Tian and Mimi’s Summer” torna a tarefa mais simples. O espectador segue duas garotas, sendo que uma delas usa uma máscara de um unicórnio branco. Conforme elas caminham, brincam de esconde-esconde e passam tempo juntas, tudo por meio de um filme colorido e cenas noturnas, as luzes da cidades são controladas para serem tocantes, refletindo a doçura e o perigo da juventude.
“Statures of Gods”, de Arthur Valverde
O filme levou o prêmio na categoria Cinematografia. A edição slow motion dos dançarinos em contraste com o cenário de Paris permite que as pessoas mergulhem no abandono e na beleza do movimento que é possível obter com o corpo humano. Uma montagem deslumbrante e visualmente inspiradora.