O Brasil é, hoje, uma nação exportadora de gente. Desde que a crise econômica entre nós se iniciou – e mesmo antes disso, em menor medida –, é enorme a quantidade de brasileiros que abandonam o país todos os anos. A maioria vai para nações mais ricas e com menos problemas sociais (violência, desigualdade, corrupção). Esse movimento inclui cidadãos das classes mais baixas até indivíduos ricos e de sólida formação. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o número de brasileiros vivendo no exterior se aproxima de 3 milhões (o número é diferente do apurado pelo IBGE – cerca de 450 mil – devido a fatores como a subnotificação de brasileiros que vivem irregularmente em outros países).
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Jorge Botrel, sócio da JBJ Partners, empresa especializada em expatriação para os EUA, tenta dar explicações sobre o fenômeno: “O agravamento da crise econômica dos últimos anos tirou de milhares de brasileiros a esperança de que o país encontraria um caminho de desenvolvimento que o levasse ao mesmo patamar de grandes potências mundiais em termos de qualidade de vida e desenvolvimento social, feito alcançado por nações como Coreia do Sul, Finlândia e Singapura, entre outras”. A deterioração moral e política a que assistimos diariamente também tem forte impacto na decisão de partir. “Muitos clientes nos procuram desesperados com o cenário político para a próxima eleição presidencial, em que a perspectiva é ter que eleger o candidato menos pior”, analisa.
São comuns casos de executivos que preferem investir no exterior em pequenos negócios próprios, muitas vezes franquias, por entenderem que está valendo a pena dar um passo para trás na carreira corporativa em troca de melhor qualidade de vida para a família. “Essas pessoas buscam investimentos em todas as áreas: restaurantes, empresas de beleza, spas, consultorias… Cada um procura aquilo com o qual tem alguma afinidade.”
Essa fuga vai continuar nos próximos anos? “A melhora da nossa economia deve gerar um efeito desacelerador sobre o fluxo migratório de brasileiros para o exterior, assim como o aumento de movimentos xenófobos em países da América e Europa devem ter o mesmo efeito. Por outro lado, o cenário desalentador das eleições de 2018 cria a perspectiva de que a mudança de país é uma alternativa a ser fortemente considerada.”
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