Em 12 de fevereiro de 1947, menos de um ano após ter fundado sua maison, Christian Dior apresentou sua primeira coleção nos salões do número 30 da avenida Montaigne, em Paris. A linha de roupas causou surpresa e foi logo considerada revolucionária ao propor a volta ao sonho e à feminilidade, enquanto o mundo sofria as consequências da 2ª Guerra Mundial – e as mulheres usavam roupas tão básicas que mais pareciam uniformes.
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Foi quando a jornalista Carmel Snow, da “Harper’s Bazaar USA”, exclamou que as peças do designer tinham um new look – termo que “pegou” e que perdura até hoje quando se fala em Dior.
O modelo mais inovador lançado na época foi o Tailleur Bar, casaquinho alinhado ao corpo com cintura marcada, bordas arredondadas e uma longa saia volumosa, em formato de pétala – até hoje os estilistas que sucederam Christian Dior na direção criativa da maison criam, a cada estação, sua versão do modelo.
O sucesso da primeira coleção foi instantâneo, e Dior passou a ser o estilista preferido da aristocracia e das estrelas de Hollywood, atraindo grande clientela americana. Em 1949, os produtos Christian Dior representavam 75% das exportações de moda de Paris e 5% do total da receita de todas as exportações da França.
A grife foi pioneira na estratégia de internacionalização e abriu ateliês em Nova York (1949) e Londres (1952). O primeiro flerte da Dior com o Brasil foi em 1951, quando as criações do estilista foram exibidas em um desfile no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Modelos circulavam entre as obras, uma ousadia para a época. Desde então, o consumidor brasileiro (especialmente o público feminino) encantou- se pela marca.
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A Dior optou por entrar no país a partir de lojas locais – para só mais tarde abrir o primeiro ponto próprio. Isso foi feito em 1999 no bairro dos Jardins, em São Paulo. Em 2015, abriu as portas da primeira boutique exclusiva da linha de produtos de beleza, no Rio. Hoje tem uma boutique de roupas e acessórios no shopping Cidade Jardim, na capital paulista. A morte de Christian, em 1957, levou o precoce Yves Saint Laurent, de 21 anos, a assumir o comando criativo. Desde 2016, o cargo é ocupado pela estilista Maria Grazia Chiuri. Em 2017, a LVMH terminou de adquirir a marca, em um acordo bilionário.
Hoje a Dior revive seus dias de glória, com direito a megaexposição no Museu de Artes Decorativas de Paris, encerrada em janeiro. E segue revolucionando – como a criação da camiseta “We Should All Be Feminists”, que se tornou um hit instantâneo.
Reportagem publicada na edição 57, lançada em março de 2018