A mesma emoção tensa que eu senti ao assumir o volante da nova Ferrari Portofino (fui um dos 12 jornalistas do mundo convidados para o primeiro dia do Portofino International Media Test Drive na região de Bari, na Itália) os executivos da montadora devem estar sentindo agora. A ousadia deles vai muito além da minha – andar a mais de 200 km/h nas estradinhas sinuosas, estreitas e mal pavimentadas da região da Puglia. Depois de dez anos, decidiram “olhar mais para dentro” e aposentar a extremamente bem-sucedida California e lançar a sucessora, agora batizada de Portofino.
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Os anfitriões garantem que a mudança de nome não teve a intenção de desprestigiar o mercado americano – ou qualquer outro –, mas sim realçar o DNA de “italianidade” e exclusividade da Ferrari. Faz sentido. Portofino, localizada na Riviera italiana e a 35 km de Gênova, tem 2 quilômetros quadrados e pouco mais de 500 habitantes (que se multiplicam durante os eventos de verão). É considerada a capital italiana do glamour.
Foi buscando o máximo glamour dentro e fora do novo modelo que a montadora gastou quatro anos – e um valor não revelado – em seu desenvolvimento. Ele é mais leve, mais potente (600 cv contra 560 cv da California), mais veloz (chega a 320 km/h contra 312 km/h) e mais esperto (vai de 0 a 200 km/h em 10,8 segundos e de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos). Sua nova capota é uma atração à parte – abre e fecha em 14 segundos (se você não estiver dirigindo a mais de 40 km/h). Por causa dela, a Ferrari gaba-se de estar lançando o primeiro e único modelo cupê/spider do mundo.
Em 14 segundos, o agressivo spider se transforma em um elegante cupê – único no mundo
Muita atenção foi dada pelos projetistas ao interior do carro. O volante tem novo formato e novos comandos, o painel ganhou quatro displays digitais (incluindo um imenso multimídia full HD no centro (10,2 polegadas) e um divertido touchscreen para o “copiloto” – que agora tem acesso a alguns comandos (como GPS, som, velocímetro etc.).
“É um carro completamente novo”, afirma Pietro Virgolin, senior product manager da montadora. “Da nova direção elétrica ao diferencial eletrônico de terceira geração, do teto de três tempos maior e mais rápido à configuração única do carro (spider e cupê), dos bancos mais leves e mais finos à tela de comandos para o passageiro”, enumera. Além disso, explica, pode-se personalizar o carro por dentro e por fora, atendo-se ou não às opções oferecidas pela montadora (disponíveis no site).
As opções de estilo de condução também procuram agradar diferentes tipos de motorista (ou piloto). No modo “comfort”, graças ao sistema eletrônico de suspensão, desliza-se suavemente por ruas estreitas, valetas e irregularidades – e de modo surpreendentemente silencioso (o rugido do motor 3.9 V8 turbo só fica mais evidente ao ligar o carro e em acelerações bruscas). Na posição “sport”, o motor fala mais alto o tempo todo. A terceira opção do seletor desliga todos os controles automáticos, e o carro fica totalmente “na mão” do condutor – coisa para poucos e bons.
A estratégia da Ferrari com esse carro “de entrada” (que deve custar a partir de R$ 2,2 milhões no Brasil, aonde chega no fim do ano) é dominar o segmento de esportivos de luxo “mesclando conforto a bordo e prazer de dirigir”. Pude comprovar isso ao volante e no banco do passageiro – eles têm nada menos que 18 opções de regulagem elétrica e aquecimento. O carro é mais largo do que se imagina à primeira vista, o que provocou alguns sustos nas ruas estreitas de cidadezinhas como Ostuni, Alberobello e Noci (onde um orgulhoso floricultor dedicou uma rosa vermelha à passagem das 11 Ferrari do comboio de jornalistas pela cidade – era Dia dos Namorados na Europa). O porta-malas também é relativamente grande (292 litros). Já os bancos traseiros continuam sendo indicados apenas para crianças.
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O novo sistema de ar-condicionado promete aquecer os ocupantes mesmo com a capota aberta. Tentei, mas os ventos gelados que sopravam do Adriático falaram mais alto. O comando do teto precisa ser pressionado durante todo o processo de fechamento. Foi o que fiz.
As novas soluções aerodinâmicas, a redução (tímida) de peso e os avanços mecânicos resultaram, segundo os engenheiros ferraristas presentes ao International Media Test Drive, em redução de emissões. O meio ambiente que me perdoe, mas isso foi a última coisa com a qual me preocupei ao pisar naquele acelerador – que responde com uma rapidez viciante.
“O que faz uma Ferrari ser uma Ferrari?, pergunta o projetista Pietro Virgolin. Ele mesmo responde: “Sua longa história, o fato de cada peça ser pensada e desenvolvida dentro da companhia, a sinergia em nossa fábrica, a conexão face to face com todos os nossos clientes”. E continua: “O mesmo empenho, a busca incessante de qualidade e de superação podem ser vistos em cada carro, em cada produto que fazemos. Tanto na parte mecânica quanto dentro do carro damos uma atenção especial à sensação que dirigir uma Ferrari pode proporcionar. Isso vai além da performance, dos detalhes técnicos. Estou falando do contato com o carro, de tocá-lo, de senti-lo mesmo quando você dirige em baixa velocidade. Essa experiência tem que ser a melhor possível”. No que se refere a mim, Pietro e sua equipe cumpriram sua missão.
Com’è Difficile…
Interessante como é fácil entrar nesse carro. Não é tão baixo quanto parece, e você não precisa desabar sobre o banco. Interessante como é fácil ajustar o próprio banco, espelhos, tudo. Como é fácil ligar o carro com dois toques no botão vermelho. Alternar a troca de marchas (são sete à frente) entre o modo automático e as borboletas no volante. Andar devagarinho por ruas estreitas ou desafiar as leis da física e da polícia pisando fundo nas estradinhas da região da Puglia. Por mais que os 140 quilômetros que percorremos no dia do test drive fossem cheios de curvas, bastava uma pequena reta para, sem esforço, chegar a 180, 200, 220 km/h. O motor respondia imediatamente ao leve toque no acelerador, assim como os freios faziam sua parte com suavidade e perfeição. Dirigindo no modo “comfort”, a Portofino corrigia pequenas barbeiragens, como uma aceleração desproporcional numa saída de curva, que a fez dar uma leve “sambada” de frente. A resposta do motor, a intuitividade dos comandos, a ergonomia do banco e a empunhadura do volante dão a impressão de que ela foi feita para você. Interessante como é difícil sair desse carro.
Veja, na galeria de fotos abaixo, os detalhes da nova Ferrari:
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A Ferrari gastou quatro anos – e um valor não revelado – em seu desenvolvimento do Portofino
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O Portofino vai de 0 a 200 km/h em 10,8 segundos e de 0 a 100 km/h em 3,5 segundos
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Sua nova capota é uma atração à parte – abre e fecha em 14 segundos (se você não estiver dirigindo a mais de 40 km/h)
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Por causa da nova capota, a Ferrari gaba-se de estar lançando o primeiro e único modelo cupê/spider do mundo
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O painel ganhou quatro displays digitais (incluindo um imenso multimídia full HD no centro (10,2 polegadas) e um divertido touchscreen para o “copiloto”
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As opções de estilo de condução também procuram agradar diferentes tipos de motorista (ou piloto)
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O volante e o banco do passageiro têm 18 opções de regulagem elétrica e aquecimento
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O porta-malas é relativamente grande (292 litros)
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O carro deve custar a partir de R$ 2,2 milhões no Brasil
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A nova Ferrari chega no fim do ano no Brasil
A Ferrari gastou quatro anos – e um valor não revelado – em seu desenvolvimento do Portofino
Reportagem publicada na edição 57, lançada em março de 2018