No final da década de 60, Walter Mischel, professor na Universidade de Stanford (EUA), conduziu uma série de estudos sobre a psicologia da gratificação tardia. O experimento _que consistia em dar a uma criança um marshmallow e a instrução de que ela poderia comer o doce imediatamente ou esperar cinco minutos e comer dois doces_ foi conduzido com uma variedade de guloseimas e ficou conhecido como o Teste do Marshmallow. O objetivo de Mischel era compreender como a idade e o desenvolvimento cognitivo afetam a capacidade de adiar gratificações para receber uma recompensa maior.
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Os resultados iniciais, sem surpresa, mostraram que a idade estava diretamente relacionada à capacidade de retardar a gratificação. O que fascina psicólogos e sociólogos hoje (por isso, o experimento ganha espaço) são os estudos de acompanhamento que rastrearam os temas originais, décadas mais tarde, e descobriram que a propensão a adiar recompensas está diretamente relacionada às maiores pontuações de SAT (exame aplicado a estudantes norte-americanos como critério para admissão universitária), ao sucesso profissional e até mesmo à massa corporal.
Em outras palavras, se você não pode esperar para comer o seu marshmallow, está aparentemente fadado a uma existência de vida mais precária. Mas o que isso tem a ver com a geração millennial?
Seriam eles impacientes em busca de prazeres…
O estereótipo é o de que os millennials poupam menos, querem mais satisfação e, em geral, desperdiçam seu futuro conforto por prazer. Claramente, eles não podem esperar para consumir o marshmallow.
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Eles, então, falham? Em primeiro lugar, é raro parcelas inteiras populacionais, coletivamente, tomarem decisões irracionais. Mas, ao compreender os quocientes envolvidos no raciocínio do marshmallow, é mais provável que os millennials, racionalmente, maximizem o valor do doce a longo prazo, ao experimentar um pouco hoje.
…ou apenas foram criados em um mundo diferente?
Todos os conselhos comportamentais que os baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) e a geração X (filhos da geração Baby Boomer) demonstram quanto à responsabilidade _como comprar em vez de alugar, economizar para a aposentadoria e não aceitar carona de estranhos_ parecem obsoletos. Por quê?
À medida que os millennials atingiram a maioridade, a segurança financeira de longo prazo oferecida por instituições tradicionais, como grandes corporações, virou uma relíquia histórica, após tudo o que envolvia um porto seguro econômico (como habitação e títulos monetários) entrar em colapso e ameaçar derrubar a economia global. Eles ouviram histórias de baby boomers que pouparam a vida toda ou investiram seus fundos de aposentadoria no mercado e viram metade de seu dinheiro desaparecer.
A suposição de que as instituições sempre estarão por perto para cuidar deles parece hoje algo imaginário.