Há poucas coisas no mundo que são mais desconhecidas e misteriosas do que o oceano. A despeito de cobrir 71% do nosso planeta, nem sequer 20% foi decifrado. Mas fazemos descobertas incríveis todos os dias.
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Uma das últimas novidades foi a de que a 257 quilômetros da costa da Carolina do Sul há um incrível recife de coral de mar profundo, com 136 quilômetros de extensão, apenas esperando para ser explorado.
Uma nova espécie de polvo também foi confirmada, o gigante polvo do Pacífico, bem como três novos peixes marinhos que habitam as profundezas do oceano (o rosa, o azul e o roxo Liparidae do Atacama).
É isso que torna o oceano tão excepcional: você nunca sabe o que vai encontrar abaixo da superfície. Por isso, é extremamente empolgante fazer parte do mundo subaquático.
Mas nem sempre foi o caso. Na verdade, eu costumava ter tanto medo do oceano (e das criaturas que lá habitam) que não entrava no mar se não desse para ver o fundo, o que muitas vezes significava não percorrer mais do que alguns metros. Porém eu tinha consciência de que isso precisava mudar. Sabia que estava perdendo algo incrível. Então, enfrentei meus medos e comecei meu curso de mergulho.
Foi uma mudança total de vida. Porque, uma vez em contato com o vislumbre desse mundo, não é possível ficar satisfeito. Meus medos foram lentamente substituídos pela curiosidade de conhecer o que está lá embaixo: as criaturas, os corais, as paisagens. A emoção de descobrir algo para mim e ir para os locais de mergulho mais incríveis do mundo. Quanto mais bonito e raro for o local do mergulho, melhor.
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Foi exatamente por isso que o Blue Hole, considerado o local de mergulho mais perigoso do mundo, entrou no meu radar.
O número de fatalidades ali não é exatamente confirmado, mas certamente houve algumas centenas de mortes nos últimos 10 anos.
E, a propósito, esse provavelmente não é o Blue Hole que você tem em mente, o do Egito. O Blue Hole sobre o qual escrevo fica no Mar Vermelho, ao sul da cidade praieira de Dahab, na Península do Sinai, e é apelidado de cemitério dos mergulhadores.
Mas, como exatamente ele ganhou esse apelido?
O mergulho em si não é tão perigoso. O grande problema é o arco e o túnel subaquático para o qual a maioria dos mergulhadores não estão adequadamente equipados. São locais muito profundos para quem não está familiarizado com a técnica, o que essencialmente significa ir além do mergulho por diversão.
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Mergulhadores técnicos estão mais preparados para ir mais fundo, permanecer por mais tempo debaixo d’água, usar diferentes misturas de gás e equipamentos diferentes.
E é aí que a maioria das pessoas erra. Chegar ao arco requer uma descida de quase 56 metros, com o fundo do Blue Hole atingindo uma profundidade de 100 metros. E essa não é uma profundidade que alguém que não faz mergulho técnico quer experimentar.
Mas é exatamente o que acontece. Os mergulhadores acham que podem lidar com isso usando os mesmos oxigênio e equipamento do mergulho recreativo.
É uma situação perigosa que coloca os mergulhadores de recreação em risco de confusão mental (a Narcose Nitrogênica é, por vezes, o resultado de mergulhar para uma profundidade onde o ar comprimido que você está respirando tem uma maior concentração de nitrogênio, reproduzindo o efeito do gás do riso). Isso faz com que você fique menos consciente de seu entorno e mais propenso a tomar decisões irracionais.
E esse não é o único problema.
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Um mergulhador recreativo consegue alcançar o túnel. Porém, na sequência, é preciso fazer todo o caminho, 26 metros de mar aberto. Sem tanques extras, é quase certo que você não passará pelo túnel com o ar que você tem para um mergulho recreativo.
Portanto, já que eu estava determinado a desbravar o Blue Hole, faria isso do jeito inteligente.
Para isso, eu precisava de um mestre de mergulho. Então, solicitei a ajuda de uma agência de mergulho certificada, e partimos para o Blue Hole
Meu mestre começou nosso dia com um mergulho fácil na costa, o que eu suponho ter sido um teste para ele se certificar de que eu poderia lidar com a parte de flutuabilidade do cruzamento da boca do sumidouro, um canyon que parece uma bolha de champanhe, onde encontramos polvo, garoupa de batata, tartarugas marinhas e atum.
Pouco depois, finalmente me encontrei nos 85 metros de abertura, cerca de 60 metros abaixo da superfície, assistindo a snorkelers nadarem acima de mim, hipnotizados pela profundidade infinita do azul do oceano. Essa era a única adrenalina que eu precisava naquele dia.