A indústria joalheira da Índia é dominada por sua grande base manufatureira, que produz diamantes, gemas e joias em um ritmo impressionante. No entanto, o amor do país à joalheria como expressão de riqueza, símbolo espiritual e objeto de beleza tem uma história de 5 mil anos, profundamente enraizada na cultura indiana. Para explorar essa tradição de peças bem trabalhadas com temas de alto design, há um grupo crescente e diversificado de designers e artistas contemporâneos que está produzindo uma variedade de pequenos tesouros que atraem tanto o público doméstico quanto o internacional. Existe até uma loja-conceito focada em criar novas formas de vender joias para uma clientela mobile ascendente.
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Em um país obcecado e encantado por joias, os designers podem se tornar estrelas. Um dos principais nomes nesse campo atualmente é Anand Shah, que ficou conhecido por suas joias artesanais de 22 quilates ornamentadas com temas tradicionais indianos. As peças foram pensadas originalmente para o mercado doméstico, mas ganharam reputação internacional por suas cores vibrantes, temas elaborados e primorosa execução. O World Gold Council, a organização de desenvolvimento de mercado para a indústria do ouro, nomeou-o como um dos dez melhores designers de joias de ouro do mundo.
Ele também é um cavalheiro que nos acolheu calorosamente em sua casa para almoçar enquanto mostrava suas criações. As obras de Anand Shah têm uma qualidade tridimensional baseada em temas da natureza – que parecem “explodir”. Flora e fauna simbólicos para a Índia, como o pavão (a ave nacional) e o elefante, são temas centrais. O ouro de alto quilate é esculpido em formas e acabamentos que revelam técnicas complexas de gravação, gravura e martelagem. As cores de gemas e diamantes e, em alguns casos, dos acabamentos esmaltados são pura ousadia.
Outro designer promissor que ganhou forte reputação na Índia é Pallavi Foley. Suas joias, que combinam moda contemporânea e design de alto nível, vão desde peças geométricas arejadas até aquelas com mensagens espirituais. Ela diz que tenta modernizar os temas tradicionais indianos, como muitas das religiões praticadas no país.
“A Índia tem sido a minha principal e favorita fonte de inspiração, mas a maneira como a interpreto traduz uma sensibilidade global”, diz ela. “As histórias do país são profundas, e eu as traduzo no design das joias.”
Pallavi também faz parcerias com designers de moda e marcas de varejo indianas para desfiles nos quais ela cria grandes peças de ouro, conforme a roupa. E tem duas lojas de varejo em Bangalore, incluindo a do hotel de luxo Leela Palace, que atrai uma clientela internacional. Sua ambição é se globalizar.
Alta joalheria contemporânea é praticada por poucos – e Sajil Shah é um dos mestres nessa arte. Ele criou a marca Sajjante, sediada em Mumbai, que representa uma mistura magistral de técnica, design e habilidade. Shah produz de 40 a 50 peças por ano com técnicas que aprendeu em Florença, onde, entre outras coisas, produziu joias para a Buccellati. Hoje ele prefere acabamentos texturizados e outras técnicas que o distanciam da estética florentina. Elabora pedras preciosas usando muito pouco metal para dar uma aparência flutuante dentro ou fora das configurações de ouro.
A Savaab, fundada pelos irmãos Apurva Kothari e Anand Kothari, é fruto da terceira geração de joalheiros da família. A marca é baseada em motivos indianos, mas com estilo internacional e contemporâneo. Combinam esmeraldas, pérolas, rubis e diamantes, em produção artesanal limitada. A marca conta com uma forte base no país, mas suas ambições são globais.
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Desde que comecei a escrever sobre a indústria de joias, algumas discussões intermináveis sobre a visão “autocentrada da mulher” vem sendo estabelecidas. Sem dúvida, eu não sentiria falta desse termo caso ele parasse de existir. Se você for um varejista de joias nos EUA, e ainda estiver lidando com o conceito de que mulheres compram joias para si mesmas, já pode mudar seu pensamento.
Dito isso, é claro que nem todos os países e culturas são semelhantes. Na Índia, as joias são frequentemente passadas de geração a geração, e presenteadas de homens a mulheres ou compradas pela família. O crescente número de indianas jovens e com boa fonte de renda, paixão pela moda e estilo de vida mais casual são fatores que estão consolidando, pelo menos em cidades maiores e mais prósperas, o conceito de que mulheres podem comprar por conta própria.
Uma loja conceituada em Mumbai está pronta para receber essa clientela. Batizada de Her Story, esta boutique de dois ambientes armazena seis coleções de joias que se unem às crenças, desejos e qualquer outra coisa que seja importante para o público feminino. As peças de diamante, ouro e pedras preciosas são projetadas para serem selecionadas pelas mulheres, de uma maneira que satisfaça suas necessidades pessoais. O primeiro ambiente é repleto de cartões postais com os mais diversos tipos de fotos. As mulheres selecionam três que melhor refletem sua personalidade. Em seguida, um vendedor as guia em sua “jornada” para encontrar as joias ideais, que condizem com suas respectivas histórias de vida.
“Nós não estamos no negócio de fazer joias que se encaixem na mulher”, diz Tanya Sabharwal, líder de negócios de varejo da Walking Tree Ventures, uma empresa de Mumbai que criou o conceito de varejo. “Nós gostamos de trabalhar ao contrário.”
Segundo ela, a compra de joias na Índia geralmente não representa uma experiência, mas sim uma necessidade enraizada no sangue do povo. “Queríamos romper com essa cultura, e para isso, dissemos que este seria o espaço da mulher que corre o mundo e, pela primeira vez, será realmente sobre ela, e não sobre todos os outros.”
A loja abriu em 10 de fevereiro, e representa um novo conceito no país, que está se tornando cada vez mais influenciado pelas tendências internacionais.
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