Resumo:
- A Maison Baum combinou o design luxuoso francês com a expertise médica alemã para criar um salto alto atemporal que não causa dores ou bolhas;
- Christof Baum e seu pai, um cirurgião ortopédico, passaram quatro anos desenvolvendo a patente e integraram pesquisa médica ao projeto;
- Fabricado em Portugal com couro de cabra premium e palmilhas italianas, o calçado, vendido a € 265 o par, não é diferente de um clássico modelo de plataforma;
- O cofundador da marca quis fazer a diferença na indústria de calçados em seus próprios termos. Ele acredita que a maioria das grifes gasta dinheiro com influenciadores e campanhas, mas a sua empresa tem uma história profunda a contar.
Foram-se os dias de dores nos pés pelo uso de salto alto: a Maison Baum combinou o design luxuoso francês com a expertise médica alemã para criar um salto alto atemporal — sem dores ou bolhas. A tecnologia patenteada utiliza uma palmilha com elevações anatômicas que altera o peso do usuário em cerca de 40%, reduzindo a pressão sobre a sola do pé.
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“Vi minha irmã sofrer por usar salto alto e descobri, quando eu trabalhava no setor bancário, que a maioria das mulheres tinha um par de sapatos confortáveis debaixo da mesa”, diz Christof Baum, cofundador da Maison Baum, que identificou uma lacuna no mercado ao escrever sua tese de graduação sobre a indústria de calçados. “Estamos no século 21 e, embora haja muita inovação em calçados esportivos, os saltos não veem mudança há 70 anos.” Baum e o pai, um cirurgião ortopédico da Alemanha, passaram quatro anos desenvolvendo a patente do salto, período em que uniram pesquisa médica ao desenvolvimento do produto.
Fabricado em Portugal com couro de cabra premium e palmilhas italianas, o calçado é vendido a € 265 (R$ 1.160) o par. O modelo não é diferente de uma clássica plataforma. A palmilha anatômica absorve o impacto nas pontas do calcanhar com “almofadas”, couro liso e amortecedores que prendem o pé no lugar e evitam que o usuário escorregue para frente. O resultado? Maior conforto e menor dano às articulações — mesmo com uma elevação de 10 centímetros. Baum compara a mecânica do sapato à de um carro. “Não basta ter um ótimo motor: o que vale é a combinação do equipamento, assento, design e outros elementos”, diz. “Sapatos precisam de estabilidade, palmilha confortável e couro macio. Caso contrário, machucarão seus pés.”
O nome da marca reflete sua identidade europeia única: é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao relacionamento de Baum com o pai e reflexo da herança francesa de sua co-fundadora, Sophie Tréhoret. “Eu queria contar a história do trabalho de anos com meu pai para este projeto”, disse Baum. “Este não é um negócio que criamos da noite para o dia: há muita pesquisa envolvida para produzir um produto que se pode usar por um longo tempo.”
Sophie Théhoret, veterana de calçados de luxo que passou quinze anos na popular marca francesa Repetto, entrou no projeto no início de 2018. Ela está à frente do design e do marketing da startup. Tréhoret e Baum criaram uma rodada de financiamento em estágio inicial para cobrir os altos custos de desenvolvimento e pesquisa de produto e pretendem continuar a captar recursos para novas linhas. A companhia também vai agora se aventurar nas vendas digitais, a partir de uma campanha de crowdfunding que vendeu 100 pares de saltos em 36 horas.
A equipe atual da Maison Baum, responsável pela primeira coleção da marca, lançada em dezembro em lojas pop-up de cidades europeias, conta com seis pessoas em Berlim, Paris e Portugal. “No momento, nossa coleção está focada em apenas dois modelos, mas temos diversas ideias para design no futuro”, diz Baum, sugerindo um salto menor e versões em bloco (“block heel’) dos sapatos atuais. “Queremos permanecer clássicos e atemporais, mas ainda há muita inovação em vista.”
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Baum poderia ter licenciado a patente para uma marca de luxo já consolidada — ele admite que um grande grupo fez uma oferta atraente –, mas decidiu levar adiante suas ideias e fazer a diferença na indústria de calçados em seus próprios termos. “Não há marca que una a expertise médica e o apelo da alta costura”, diz. “A maioria das grifes gasta dinheiro com influenciadores e campanhas, mas temos uma história mais profunda para contar.”
A Maison Baum está apenas no início, mas a sustentabilidade, do ponto de vista social e ambiental, já é uma prioridade para os cofundadores. “Avaliamos de perto nossos fornecedores, procuramos empresas altamente especializadas e familiares que acreditem no projeto para reaplicar seus lucros e levar jovens a aprender o ofício”, diz Baum. Ele afirma que há um longo caminho a percorrer em termos de reciclagem. As embalagens ecológicas da Maison Baum têm 99% de papelão reciclado e as bolsas dos calçados são feitas com fibras de bambu biodegradáveis.
Quanto ao couro, a equipe de Baum tentou a versão vegetal, mas a durabilidade era menor. “Queremos que as pessoas consumam menos, com mais consciência, e os clientes estão dispostos a pagar € 265 (R$ 1.160) se o produto tiver qualidade e vida útil. Esses produtos básicos e confiáveis que permitem que você se sinta bem são responsáveis pelo slow fashion”, afirma, fazendo referência à proposta de consumir menos, de forma consciente.
Baum, que já trabalhou no varejo de calçados de luxo e entrevistou dezenas de clientes e fabricantes da indústria, admite que os saltos nunca serão tão confortáveis quanto os tênis. “Não podemos superar a natureza, mas, para aqueles momentos em que os saltos são a opção mais apropriada, queremos oferecer às mulheres uma opção que não as torture.”
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As críticas online da Maison Baum mostram que a marca está acertando: uma cliente de Dusseldorf, Alemanha, disse que chegou a passar 14 horas sobre os saltos Maison Baum de 10 centímetros sem sentir dor. “Eu não sei como vou usar outro par de saltos”, escreveu.
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