Resumo:
- West Village é um bairro histórico com muitas restrições para construção e pouca densidade populacional. Por isso, apresenta uma personalidade distinta do agito de Nova York;
- Seu perfil diferente caiu no gosto das celebridades, que, no seio de uma das maiores metrópoles do mundo, conseguem encontrar calma e até passar incólumes pelas ruas;
- Atraídos pelas celebridades, os empreendedores começaram a ver possibilidades no campo imobiliário da região, mas o perfil histórico dificulta as tentativas e preserva a personalidade do bairro.
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Quando você pensa em um bairro de luxo, o quieto e acessível West Village não vem fácil à mente. No entanto, a curiosa região próxima ao Rio Hudson, no Lower Manhattan, é repleta de celebridades em busca de anonimato e do luxo do local.
Embora áreas repletas de arranha-céus, como SoHo e Tribeca, pareçam mais adequadas às celebridades, a Rua West 11th, via entre a Quarta avenida e Bleecker streets, é o bloco mais cheio de celebridades da cidade, segundo o site o “Architectural Digest”. É onde mora, por exemplo, o casal de atores Sarah Jessica Parker e Matthew Broderick.
O deslocamento do bairro pode causar confusão aos recém-chegados que tentam explorar a área a pé, mas esse é justamente um de seus atrativos aos olhos das celebridades, diz Rory Bolger, um agente de propriedades do Citi Habitats que morou na região entre 2014 e 2016. “Você pode sentir como se tivesse desaparecido nos recantos de West Village.”
Bolger foi vizinho de famosos como Blake Lively — que recentemente se mudou para o interior — e Monica Lewinski. Ben Stiller mora na 150 Charles Street. Andy Cohen tem uma empresa na rua 2 Horatio. Daniel Radcliffe, Amy Poehler e Calvin Klein possuem propriedades no bairro. “O local atrai celebridades que não querem mais se esconder nos seus edifícios hiper seguros de Manhattan”, diz o agente do Citi Habitats.
E viver entre os famosos é divertido, ele conta. Bolger relembra ter sido bloqueado em uma padaria em Hudson Street pelo gigante Hugh Jackman — “Ele é tão alto!” — e tomar algumas cervejas no bar WXOU com Kiefer Sutherland, Jason Patric e Josh Brolin, enquanto Chris Noth bebia numa mesa próxima com uma mulher muito bonita. “Éramos apenas nós,” disse Bolger. “Foi incrível.”
A personalidade da área, caracterizada por ruas e casas de pedra com séculos de existência e um entorno arborizado, é protegida por seu status histórico, que a mantém como que presa no tempo enquanto o resto da grande se agita e se alvoroça. “O West Village é um dos únicos bairros a preservar seu perfil e seu charme originais por ser uma zona de baixa densidade e ter rígidas restrições arquitetônicas”, afirma Brett Wolfe, diretor de vendas e publicidade da Property Markets Group (PMG), o desenvolvedor por trás da incorporadora 111 Leroy St.
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O novo edifício de dez andares tem nove moradias de um andar inteiro cada uma, chamadas de residências, e cinco geminadas no térreo, chamadas de casas. As casas vão conter terraços privativos com fogueiras, cozinhas ao ar livre e banheiras quentes, e cada uma terá um elevador próprio. Os residentes terão um porteiro 24 horas, uma academia e uma sala de estar para moradores arquitetada pela Lobel Modern. A média de preços nesse edifício é de US$ 6,9 milhões, de acordo com o site de listas StreetEasy.
É esse nível de luxúria que atrai compradores notáveis a um local tão fora do radar convencional. “Uma celebridade pode curtir o bairro sem ser notada — e ter qualquer luxo que desejar”, diz Wolfe.
As regras restritivas para a área não são os únicos obstáculos à descaracterização de West Village. Seu status histórico faz com que seja quase impossível encontrar terrenos vazios. Espaços para construir residências são raros. A escassez também alimenta a instabilidade dos preços das propriedades instáveis, que sobem e descem no mercado.
De todo modo, West Village não é a área mais cara de Manhattan para se viver. O preço médio do bairro hoje é de US$ 1,4 milhão para venda e US$ 3.500 para o aluguel, de acordo com o StreetEasy. Em Tribeca, os valores médios saltam respectivamente para US$ 3,8 milhões e US$ 6.195, e, no SoHo, para US$ 2,9 milhões e US$ 3.600.
A falta de disponibilidade é um motivo similar ao que levou a Brack Capital a transformar sua gráfica no 90 Morton St. “Não é fácil achar um local com uma construção de boa estrutura, residencial ou industrial, descocupada e que possa ter o zoneamento alterado”, diz Shlomi Reuveni, fundador do Reuveni Real Estate, o grupo de vendas e mercado do projeto. O prédio de 12 andares foi transformado ano passado em um condomínio de 35 unidades com serviços como manobrista, biblioteca para moradores, parquinho para crianças e uma piscina coberta de 64 pés. O preço médio é de US$ 12,6 milhões na StreetEasy.
Construído em 1912, o prédio agora deu espaço a 3 mil metros quadrados de apartamentos com tetos de abóbadas e enormes janelas, afirma Reuveni. “O West Village é um bairro bem cobiçado em que qualquer empreendedor, dada a oportunidade, adoraria fazer um projeto.”
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