Embora as artes plásticas sejam o destaque da maior feira do segmento do mundo, a TEFAF Maastricht, vários estandes extravagantes levaram meses para serem construídos e semanas para serem instalados, tornando-os obras por si só. Até aqueles mais simples, com paredes monocromáticas e iluminação meticulosa, apagam a maioria das instalações artísticas globais de alto nível. O evento, situado na cidade de Maastricht, na Holanda, que vai até domingo (15), exibe construções opulentas, que atraem visitantes para ambientes de tirar o fôlego, projetados a fim de complementar os artigos à venda.
A internacionalmente reconhecida Galerie Gismondi, especializada em peças como escultura e móveis dos séculos 16 a 19, convida os visitantes a um espaço com arte in situ, como as obras-primas eram exibidas nos palácios de Francisco 1º e Henrique 4º, durante o período Bellifontaine.
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Em colaboração com a fundação Entreprise du Patrimoine Vivant (EPV), a galeria empregou técnicas e conhecimentos originais para recriar duas salas totalmente arborizadas e adornadas com elementos de mármore a fim de mostrar uma coleção muito importante de peças marchetadas com a rocha e pedras semipreciosas.
Os principais trabalhos à venda da Galeria Gismondi na TEFAF Maastricht incluem “Pegasus and Bellerophon at the Source of Pyrene” (Pegasus e Bellerophon na Fonte de Pirene), uma pintura em mármore atribuída a Domenico Fiorentino (Florença 1506-Troyes 1570); e “The Fruitful Union of Velrtumnus and Pomona” (A União Frutuosa de Velrtumnus e Pomona), um óleo em tela de grandes dimensões atribuído ao pintor maneirista italiano Francesco Primaticcio (Bolonha 1504 – Fontainebleau 1570) e colaboradores.
Nicholas Mullany, diretor da galeria Mullany Haute Epoque Fine Art, passou um ano se preparando para a exposição de 2020, a fim de criar um estande magnífico, modelado a partir de um claustro românico que complementaria as obras à venda. Foram necessários seis dias a fim de instalar o estande com duas câmaras, incluindo uma sala intimista nos fundos para trabalhos menores e tapeçarias. A galeria é especializada em esculturas continentais, obras de arte, móveis e pinturas complementares de antigos mestres que datam de 1200 a 1700.
“Há muito trabalho românico em pedra e ferro. O design é meu e trabalhei lado a lado com os contratados. É quase como uma operação militar. Cheguei uma semana mais cedo para trabalhar com eles”, disse Mullany. “Todos os detalhes, até o último milímetro, são pensados para garantir que o design seja adequado às nossas produções. Passamos horas trabalhando na iluminação”.
Os convidados entram por um portão de ferro forjado italiano do século 16. Uma grade no mesmo material gótico é “exibida exatamente da maneira que é exibida na Europa”, observou ele. “As pontas têm o formato de V e, quando você faz os furos na parede, é necessário preencher e pintar repetidamente. Isso leva dias”.
O mármore proveniente das mesmas pedreiras antigas usadas para construir as linhas do Palácio de Versalhes é o estande da revendedora privada Christophe de Quénetain. A homenagem à Capela Real de Versalhes levou cinco meses para ser construída e uma semana para ser instalada, disse o artesão belga Erik Mostert.
“Não refinamos muito”, disse Mostert, explicando como sua equipe de três pessoas criou uma aparência autêntica. “O objetivo é que, quando a entrar na sala, a pessoa sinta que ela sempre existiu, como um espaço recuperado.”
O opulento estande foi projetado a fim de criar um ambiente vintage para as peças destaques. São elas uma escultura equestre de bronze do século 17 de François Girardon, mais conhecido por suas estátuas e bustos de Luís 14 e sua estatuária nos jardins de Versalhes; um prato de Nicolas da Urbino, um ceramista italiano de Castel Durante (comuna italiana atualmente chamada de Urbania) na região dos Marche, que introduziu na maiólica pintada o novo estilo istoriato (prática que se deu por volta de 1525 e consistia em pintar pratos em uma variedade de cores dominadas por amarelo brilhante, laranja e marrom e decorados com cenas narrativas que geralmente cobriam toda a superfície); e um par de aparadores de André Charles Boulle, o marceneiro francês mais famoso e o artista de renome no campo da marchetaria, também conhecido como Inlay.
A Galerie Léage, com sede em Paris, focada em móveis e objetos artísticos de qualidade do século 18, criou duas salas espetaculares para a feira.
O maior espaço é decorado com madeira dourada e verde do período de Regência, composto por dois trumeaux (parede que existe entre duas aberturas); dois painéis de porta; oito painéis da antiga coleção de Jaime Ortiz-Patiño; e um espelho em madeira dourada. A ampla sala exibe um aparador amadeirado na mesma cor do período Luís 14, decorado com motivos representando os nativos americanos.
A segunda sala, adornada com painéis do primeiro Castelo de Marais, uma construção medieval datada de antes do século 12, abriga uma cômoda envernizada de Luís 16 feita por Pierre Macret, a qual apresenta duas portas e duas gavetas com um interior em laca vermelha.
O desafio desses estandes elaborados é manter o foco nas obras à venda. “A intenção não é distrair ninguém e, sim, obter relação compreensiva entre cenografia e obras de arte”, disse Mullany.
Veja, na galeria de imagens a seguir, algumas das obras e estandes opulentos que estão em exibição na feira TEFAF Maastricht:
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Reprodução/Forbes Estande da revendedora Christophe de Quenetain na TEFAF Maastricht 2020, que faz homenagem a Luís 14 e Versalhes
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Reprodução/Forbes A entrada e a primeira sala do estande da Galerie Gismondi na TEFAF Maastricht, apresenta arte in situ, como as obras-primas eram exibidas nos palácios de Francisco I e Henrique IV durante o período Bellifontaine
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Reprodução/Forbes Sala dos fundos do estande da Galerie Gismondi na TEFAF Maastricht
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Reprodução/Forbes Entrada para o estande da galeria Mullany Haute Epoque Fine Art, na feira TEFAF Maastricht
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Reprodução/Forbes Escultura no interior do estande da galeria Mullany Haute Epoque Fine Art, modelado a partir de um claustro românico
Estande da revendedora Christophe de Quenetain na TEFAF Maastricht 2020, que faz homenagem a Luís 14 e Versalhes
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