As relações políticas entre a França e o Reino Unido nem sempre foram das mais amigáveis. Mas, quando se trata de moda, um país deve muito ao outro. O costureiro inglês Charles Frederick Worth fundou, em 1858, a Maison Worth, primeira casa de alta-costura do mundo, em Paris – e colocou no mapa a capital francesa como o eterno berço da moda.
Agora, século 21 adentro, a história se repete com a Ralph & Russo, grife que desde 2014 é a primeira e única inglesa credenciada na centenária Chambre Syndicale de la Haute Couture – que está para a moda como o Vaticano está para a Igreja Católica.
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A grife, fundada há dez anos pelo casal de australianos Michael Russo e Tamara Ralph, tem peculiaridades interessantes: apesar das ambições globais, mantém-se independente, com apenas uma participação minoritária da grife de lingeries La Perla (que investiu US$ 50 milhões no último ano), e agrada desde membros da realeza (Meghan Markle usou um modelo para as fotos oficiais do noivado com o príncipe Harry) até celebridades pop, como Beyoncé.
Após o último desfile, apresentado na semana de alta-costura de Paris no fim de janeiro, o CEO Michael Russo conversou com a Forbes. Leia a seguir.
Forbes: Qual é o segredo para se manter independente em um cenário tão competitivo e dominado por conglomerados como a LVMH e a Kering?
Michael Russo: Muitos grupos de luxo já nos procuraram, mas optamos por permanecer independentes. Eu nunca aconselharia outras marcas a fazer o mesmo. Mas eu e Tamara, como fundadores e empreendedores, nunca quisemos ficar em segundo plano na construção da marca. Sentimos que nos juntarmos a um grupo poderia causar uma confusão sobre a visão que temos da Ralph & Russo. Voar sozinho é um desafio, mas vale a pena.
O conselho que posso compartilhar com empreendedores é: saiba qual é sua vantagem competitiva, acredite fielmente em seu produto, pense a longo prazo e nunca venda na primeira oferta.
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Qual é o diferencial de sua grife?
Acredito que é o nível de personalização no serviço aos clientes. Tamara, como diretora criativa, é responsável por construir uma identidade de marca sólida. Apesar de o nosso produto ser de luxo, também somos acessíveis na interação e no engajamento com os clientes e admiradores.
Quais são os mercados mais importantes para vocês?
Estamos nos esforçando para aumentar a presença na Ásia, no Oriente Médio, na Europa e nas Américas, o que também envolve a inauguração de lojas físicas. Além das maisons de Paris e Londres, temos lojas próprias em Dubai, Doha e Monte Carlo. Em um futuro próximo, em Nova York [em 2020] e Miami.
O que vislumbra para os próximos cinco anos?
Esperamos oferecer aos clientes, além das linhas já existentes de alta-costura, uma curadoria de lifestyle envolvendo acessórios, linhas de beleza e itens de decoração. Os próximos anos vão ser bem movimentados…
Reportagem publicada na edição 75, lançada em março de 2020
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