Veronika Karlova é uma das maiores especialistas do mundo na indústria da vodca. Ela foi jurada em painéis de uma enorme variedade de competições internacionais, incluindo a International Wines and Spirits Competition, a International Spirits Challenge e a Global Vodka Master. Além disso, desde 2017 atua como jurada no World Vodka Awards. Ela também é a representante da bebida do Judging of Craft Spirits do American Distilling Institute e supervisiona a seleção e ordenação dos candidatos.
Ela já escreveu extensivamente sobre um número sem fim de tópicos envolvendo a bebida, incluindo as últimas tendências, regiões e vodca-terroir. Nascida na Eslováquia, Veronika tem amplo conhecimento do mercado global do produto e ajudou a lançar várias marcas premium no Reino Unido.
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Veronika também é a fundadora da girlsdrinkvodka.com – uma plataforma online que conecta entusiastas da vodca com interesses semelhantes e oferece as últimas notícias e atualizações sobre a categoria.
Recentemente, sentei-me com Veronika para explorar o mundo da vodca e ouvir sua opinião sobre as melhores de cada estilo. Veja, a seguir, os melhores momentos dessa entrevista:
Forbes: A vodca pode ser feita a partir de qualquer substância fermentável. Existem bases mais adequadas para produzir a bebida?
Veronika Karlova: Geralmente, o grão é a melhor e mais popular base para se fazer vodca. Isso não se deve apenas ao seu caráter neutro, mas também ao maior rendimento de álcool produzido em comparação com outros ingredientes.
F: As vodcas de estilo ocidental tendem a sofrer múltiplas destilações e filtrações e a ser mais neutras, enquanto as de estilo oriental/tradicionais tendem a ser mais saborosas. Você acha que isso é verdade? Quais vodcas você acha que melhor resumem esses estilos?
VK: Se olharmos para o passado, as chamadas vodcas de estilo oriental eram feitas em panelas destiladoras e purificadas com clara de ovo, o que conferia muito caráter a elas. Desde então, as técnicas de destilação passaram por uma grande transformação, especialmente após a aplicação de um monopólio estatal do álcool nos países do Bloco Leste. A produção de vodca foi maximizada e unificada com atenção à sua neutralidade. Um ótimo exemplo de uma vodca tradicional de estilo oriental é a Polugar, com seu caráter de pão, da qual marcas como Moskovskaya ou Stolichnaya oferecem sabores neutros.
F: As vodcas à base de arroz não são comuns nos Estados Unidos. Qual é o perfil de aroma e sabor dessa categoria e quais você recomendaria?
VK: As vodcas à base de arroz tendem a ter um caráter mais suave e floral, com notas de doçura e frutadas, principalmente devido ao seu maior teor de amido. Claro, os japoneses dominaram a produção de vodca a partir do arroz. Uma das marcas mais populares atualmente no mercado é a Haku, da House of Suntory. Embora as vodcas de arroz não sejam tão populares nos EUA, a Bedlam Vodka, da Destilaria Graybeard, na Carolina do Norte, definitivamente merece ser lembrada.
F: Quais você acha que são os principais perfis de sabor das vodcas feitas de centeio, trigo, cevada e milho? Quais delas você indicaria, nessas categorias, em expressão e valor?
VK: Existem grandes diferenças na análise sensorial e perfis de sabor em vodcas de trigo, cevada, centeio e milho. Em suma, o trigo produz o sabor mais neutro, com um toque de baunilha, cítrico e pimenta preta. A cevada oferece notas de nozes com um toque picante. O centeio tem um perfil de sabor de cereal com notas de ervas e massa de pão e, finalmente, o milho é o mais doce de todos, com camadas de caramelo aveludado e uma sensação de manteiga na boca. No caso de expressão, eu citaria a Double Cross (trigo), a Wild Knight Vodka (cevada), a Freimut Wodka (centeio) e a Prairie Organic Vodka (milho). Já no que diz respeito a custo-benefício, minhas indicações são Kettle One (trigo), Finlandia (cevada), Wyborowa (centeio) e Smithworks Vodka (milho).
F: Você acha que as vodcas de grãos mistos são superiores às de grãos simples? Quais você recomendaria?
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VK: É extremamente difícil produzir uma vodca de grãos mistos de boa qualidade. Requer um destilador mestre muito habilidoso e muita paciência. A base de grãos mistos dá um acabamento mais complexo, mas ainda suave à bebida. Minhas principais escolhas incluiriam a Uluvka Vodka, feita graças à uma combinação de centeio, trigo, cevada com um toque de aveia e Kavka Vodka, destilada com mistura igual de centeio e trigo. Ambas são produzidas na Polônia.
F: As vodcas à base de frutas tendem a começar com notas de mistura que contêm mais açúcar. É por isso que elas trazem uma sensação mais cremosa? Quais são as melhores para quem procura essa textura na boca?
VK: Eu sou um grande fã de vodcas feitas de frutas. Elas podem ser caracterizadas por uma textura macia e cremosa e uma doçura sutil. O custo de produção será maior, mas o produto final costuma ser muito saboroso e único. Eu recomendaria experimentar a vodca de maçã fresca prensada indígena da Tuthilltown Spirits, a vodca de uva da Chilgrove e a vodca vapid da The Spirit Guild, destilada de laranjas clementinas.
F: Algumas vodcas passam por múltiplas destilações. Em que ponto essas destilações adicionais se tornam irrelevantes ou, em outras palavras, mais um argumento de marketing do que uma técnica de produção útil?
VK: Eu entendo que muitas marcas gostam de dizer quantas vezes sua vodca foi destilada, mas, tecnicamente, após a quinta destilação, é improvável que faça qualquer diferença no produto. Meu conselho é que, às vezes, “menos é mais”.
F: As vodcas à base de batata oferecem uma sensação na boca mais cremosa e frequentemente mais frutada. Qual seria sua escolha para as melhores dessa categoria?
VK: Vodkas feitas de batata tendem a ter um caráter terroso e cremoso. Um exemplo perfeito é a marca polonesa Vestal, conhecida por seu “caráter terroir” e expressões vintage. Uma das minhas favoritas é de uma marca escocesa. A Arbikie Highland Estate Distillery é uma operação de um único local: todos os ingredientes são plantados, semeados, cultivados e colhidos a uma distância curta da destilaria. Nos EUA, Boyd and Blair e Woody Creek definitivamente valem a pena.
F: Há uma variedade de vodcas com bases exóticas, ou seja, leite, soro de leite, mel, maçãs, xarope de bordo e assim por diante. Alguma opinião sobre essas vodcas? Você recomendaria alguma delas?
VK: Tive a sorte de experimentar algumas vodcas “exóticas” e minha recomendação incluiria a Sitadel, feita de raiz de malanga no Haiti, a Khan, feita com leite de égua no Quirguistão, e a Barr Hill, feita com mel pela Caledonia Spirits, em Vermont.
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F: Quais seriam suas três escolhas se fosse mandada para uma ilha deserta?
VK: Esta é uma pergunta muito difícil. Eu provavelmente precisaria de um contêiner para incluir todas as minhas vodcas favoritas. Mas, se eu tivesse que escolher, escolheria a Goral Vodka por sua neutralidade, a Vestal Vodka por seu caráter e a FAIR Vodka por sua base única.
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