Silvia Furmanovich é conhecida por criar joias e objetos de arte que envolvem cores, são feitos com uma variedade de materiais orgânicos e produzidos com técnicas artesanais consagradas pelo tempo de diferentes partes do mundo.
Além disso, a joalheria brasileira é reconhecida por criar suas peças por meio de parcerias com profissionais altamente qualificados e, muitas vezes, desconhecidos, que vêm de regiões indígenas do Brasil e do mundo. Com isso, ela não só produz obras importantes como também chama a atenção para essas pessoas. Por exemplo, quando Silvia quis fazer uma coleção com bambu, passou um tempo na Amazônia convivendo com os indígenas e trabalhando com artesãos. Quando quis promover uma coleção usando a técnica de incrustação ornamental da marchetaria, ela se aventurou no Acre, o estado mais ocidental do Brasil, para trabalhar com aqueles que dominavam essa técnica.
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Suas viagens não se limitam ao seu país de origem. Ela foi para o Japão, onde criou joias, acessórios e objetos de arte por meio de uma série de técnicas e materiais tradicionais japoneses, incluindo sedas tecidas (nishijin), têxteis (nerikomi), bambu trançado e uma técnica feita por aspersão de laca úmida com pó metálico dourado (maki-e). É a mesma história para muitas de suas outras coleções, onde ela usou os materiais e o artesanato tradicional em lugares tão distantes como Egito, Itália, Índia e o Oeste norte-americano.
Sustentabilidade é mais do que um termo de marketing para Silvia. É a essência do seu trabalho. Ela combina metais preciosos e gemas com materiais orgânicos que são reciclados sempre que possível. Ela também tenta deixar as pessoas com quem trabalha em um lugar melhor do que quando chega, entre outras coisas, dando um destaque internacional para que esses artesãos possam ter uma vida melhor com essas habilidades.
Suas criações receberam elogios da crítica e são muito procuradas. Em dezembro, seu primeiro livro foi lançado nos Estados Unidos, “Silvia Furmanovich” (Editora Assouline), escrito por Beatrice Del Favero, uma consultora de marcas de luxo. O livro de mesa de centro é a primeira análise aprofundada da carreira de Silvia. A autora conseguiu revelar 20 anos de criações de Furmanovich e apresentá-los em uma monografia que descreve, por meio de textos e fotografias, a natureza complexa da marca.
Veja, a seguir, a entrevista da Forbes com Silvia Furmanovich, na qual ela falou sobre o livro e a carreira:
Forbes: Por que escrever o livro agora?
Silvia Furmanovich: Eu acho que é como um círculo, que termina e começa no mesmo lugar. Quando iniciei em 2000, era um hobby. Acho que agora, depois de 20 anos, tenho a oportunidade de mostrar meu trabalho para um público maior. Sei que é um momento muito incomum para lançar algo (por causa da pandemia do novo coronavírus). É uma compilação de todos esses anos de carreira A maioria das peças eu não vejo há muito tempo. Escolhemos as que são mais icônicas para a marca.
Eu estava pronta para lançar o livro no início do ano, mas decidimos lançá-lo primeiro no Brasil, onde passamos 15 dias mostrando para grupos privados. Ao mesmo tempo, mudamos para um novo ateliê. Foi uma boa experiência.
Somos uma empresa familiar. Meus três filhos trabalham comigo. Foi uma realização para a família mostrar nosso trabalho e como criamos as peças para nossos colaboradores e também para outras pessoas.
F: Como você conheceu Beatrice Del Favero?
SF: Eu a conheci há quatro anos, enquanto ela estava treinando nossos vendedores e assim nos tornamos amigas. Ela foi para o Brasil e nós fomos para a Amazônia juntas. Beatrice se apaixonou pela marca, se aprofundou na minha coleção e fotografou nossas peças desde o início do meu trabalho. O livro mostra essa linha do tempo dividida por acervos e países. Até para mim foi uma surpresa ver tudo organizado por época e coleção.
F: O que você deseja que os leitores aprendam com o livro?
SF: Eles vão ter uma visão das técnicas e habilidade do meu trabalho. Eu não produzo as obras sozinha. Sempre faço parceria com artesãos que criam essas técnicas. Aprendo com eles e uso essas habilidades para formar joias misturadas com ouro e pedras preciosas.
F: Por que se referir ao livro como uma monografia?
SF: Porque é como uma crítica de um artista. Eu me considero um artista que se junta a outros profissionais para fazer algo novo. Desenvolvemos coisas novas usando a mesma técnica em pequena escala. Para muitos deles, é uma experiência nova transformar seu artesanato em joias.
F: Do que você mais se orgulha ao produzir este livro?
SF: Tenho muito orgulho de poder ver todo o meu trabalho em um só lugar. Estou tão envolvida no que faço que não perco tempo para refletir. Ver tudo junto assim é muito gratificante. Quando peguei o livro nas mãos pela primeira vez, era muito diferente de vê-lo no computador. Quando toquei nas páginas e vi as fotos grandes, fiquei muito orgulhosa.
F: Existe algo que você gostaria de ter melhorado com o livro?
SF: Sempre podemos fazer melhor. É muito difícil criar algo que nunca foi feito antes. Minha inspiração vem de outras pessoas, pois estou sempre em busca de novas técnicas para adaptação. Se eu pudesse fazer outra edição do livro, incluiria a Coleção Bamboo. Quando desenvolvo uma aptidão, continuo usando-a em diferentes interpretações. Com a Bamboo, quero incorporar essa técnica e esse material de novas maneiras.
F: Você se descreve como artista ou designer?
SF: Trabalho com um coletivo de artistas e artesãos. Eu me considero uma artista que une tudo isso. Acho que minha habilidade é unir tudo com pedras e técnicas de ouro para fazer algo que nunca foi feito.
F: Quanto de seu trabalho é inspirado por sua família?
SF: Meus avós vieram da Itália e trabalharam com ouro e joias. Meu pai era ourives. Eu cresci neste ambiente e é muito gratificante para mim continuar seu trabalho.
F: Quanto de seu trabalho é inspirado em seu país?
SF: O Brasil me influencia muito, principalmente por conta da natureza e com os artesãos espalhados por todo o país. Vou com frequência para o norte do Brasil, onde há diversos materiais para inspiração. É um país enorme com inúmeros recursos naturais e tento sempre mergulhar nestes ambientes.
F: Quanto do seu trabalho é inspirado nas suas viagens?
SF: Eu viajo com minha mente, mas quando vou a um lugar ficamos com os artesãos e tento fazer esses artesanatos com minhas mãos. Esse contato é muito importante. Meu plano é trazer todas essas pessoas através do artesanato para o Brasil. A troca é contínua, estamos sempre ensinando e aprendendo algo.
F: Quais são suas crenças e visão pessoal?
SF: Tento usar principalmente materiais alternativos e sustentáveis. Temos que seguir esse caminho para aprimorar o que é feito à mão. Há beleza na sua origem e na forma como é feito o artesanato individualmente e pelas comunidades. Procuramos fazer a diferença nos lugares que vamos, buscando proporcionar melhores empregos com a possibilidade de uma vida melhor. Todo esse trabalho que desenvolvemos juntos têm um impacto social com o objetivo de melhorar a saúde desses povos. Esta é a coisa mais importante.
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