Intervenção de Regina Silveira no Projeto Caixa de Pandora
O projeto Caixa de Pandora foi criado pela KURA, consultoria de arte da jovem colecionadora Camila Yunes Guarita, neta dos colecionadores Ivani e Jorge Yunes, e consiste em promover regulares intervenções de artistas contemporâneos na vasta coleção de seus avós. Segundo Camila, a coleção de Ivani e Jorge tem obras e objetos de diferentes eras, mas nada do presente. O projeto, então, faz esse diálogo entre o passado, o presente e o futuro.
Pandora foi a primeira mulher criada por Zeus, a quem foi confiada uma caixa que não deveria ser aberta. Pandora, porém, não controla a curiosidade e abre a caixa, libertando todos os males do mundo. Na caixa, restou uma coisa: a esperança. É esta a explicação do nome do projeto de Camila: para ela, a arte é a esperança que restou.
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O projeto começou em 2018 e já está na quinta edição, que conta com a intervenção da artista gaúcha Regina Silveira. Nas edições anteriores, outros grandes nomes da cena contemporânea, como Vik Muniz, criaram em meio ao acervo Yunes.
Silveira trouxe a sua visão crítica e contestadora ao universo do acervo Yunes em cinco instalações. Em Des-Igneos, ela coloca fogo em quatro esculturas que representam a arte clássica. Por um tablet, é possível ver as peças ardendo em chamas. Na segunda instalação, Paraqueima, ela produz o mesmo incêndio virtual em uma liteira. Objetos cobertos por uma espécie de pelúcia preta longa formam a terceira instalação, Insólitas, e estão espalhados por diferentes salas. Em uma pequena sala está a quarta instalação, Surveillance: uma videoinstalação que projeta uma mosca andando de um lado para o outro, ao som frenético de um teclado de celular. A última instalação fica no pavilhão da piscina e faz parte do Mundus Admirabilis de Silveira. A parede de vidro do pavilhão foi tomada por insetos gigantes em um trabalho de adesivagem, terminando assim o percurso da intervenção Inusitados.
Reportagem publicada na edição 82, lançada em dezembro de 2020
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