Depois de um ano de Covid-19, o setor de cultura se adaptou de maneiras impensáveis antes da pandemia. Balé e ópera costumam ser eventos presenciais, mas estão sendo transmitidos ao vivo para as salas de estar – a empresa Northern Ballet está realizando uma temporada digital pré-paga em 2021. Músicos e bandas têm realizado shows no Instagram ao vivo de suas próprias casas. E os museus abriram suas portas digitais para permitir que as pessoas explorem as obras de arte de uma nova maneira – o Louvre é o mais recente a permitir o acesso de qualquer pessoa.
A Mona Lisa é talvez a mais famosa de todas as obras de arte da coleção do Louvre, mas também há a Vênus de Milo, a estátua Victoire de Samothrace e 484 mil outras obras de arte, muitas das quais estão guardadas há anos e algumas estão em empréstimo. O banco de dados é gratuito para visualização, mas as imagens não são de acesso aberto, portanto, não podem ser baixadas ou compartilhadas.
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O Louvre teve que recorrer ao online para interagir com seu público, devido à queda impressionante de visitantes. Conforme relatado pelo instituto de pesquisa Smithsonian, 9,6 milhões de pessoas visitaram o museu em 2019 – um número que caiu para 2,7 milhões em 2020, um decréscimo de 72%.
Ele se junta ao Uffizi de Florença, ao Rijksmuseum de Amsterdã e ao Prado de Madri, que também tiveram que migrar para o online para se conectar durante a pandemia. Todos os três se juntaram ao TikTok, envolvendo-se com sucesso com um público mais jovem, particularmente o Uffizi. O Versalhes de Paris é o mais recente a se conectar, oferecendo uma visita de um minuto em torno da antiga casa de Luís XIV.
Anteriormente, apenas 30 mil peças do Louvre estavam online, mas agora estima-se que três quartos de seu arquivo foram catalogados digitalmente – um processo exaustivo, conforme relatado pela “National Public Radio”, que exige que cada imagem seja acompanhada pelo título, nome do artista, número de inventário, dimensões, materiais e técnicas, data e local de produção, história do objeto, localização atual e bibliografia.
No entanto, o aparecimento de uma grande quantidade de seus tesouros online reacendeu os debates sobre quem é o proprietário dos objetos e se eles devem ser repatriados. O Louvre tem um catálogo separado de obras (agora também parte de sua coleção online) chamado MNR (Musées Nationaux Récupération, Recuperação de Museus Nacionais, em tradução livre), que é para obras recuperadas pela França, mas que podem não pertencer ao país. Alguns podem ser objetos sagrados, por exemplo, e podem ser ofensivos para algumas culturas se vistos online, enquanto outros podem ter sido saqueados pelos nazistas.
O novo catálogo online explica que 61 mil obras foram roubadas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e foram levadas da Alemanha e mantidas no Louvre – 45 mil proprietários foram encontrados com sucesso e as obras de arte foram devolvidas às famílias e aos legítimos donos.
Também havia a preocupação de que algumas das outras obras do Louvre tivessem vindo de fontes duvidosas, ou seja, infiltradas para a coleção do museu durante a guerra – um curador foi contratado especificamente em janeiro de 2020 para verificar a origem de todas as obras adquiridas durante a Segunda Guerra Mundial (totalizando 13.943 peças) entre 1939 e 1945.
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Muitos historiadores de arte e curadores têm certeza de que a visibilidade do trabalho online ajudará as pessoas a verem mais do que apenas a Mona Lisa (ao contrário de visitas presenciais, onde multidões empurrando podem tornar a experiência longe de ser confortável) e buscará encorajar mais pessoas para visitar pessoalmente, assim que o museu estiver aberto.
Enquanto a França parece preparada para entrar em outro lockdown e as fronteiras permanecem fechadas para a maioria dos viajantes, as maravilhas do Louvre podem oferecer uma pausa para quem está perdendo uma viagem a Paris.
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