Presente desde o início da humanidade, quando o ser humano percebeu a necessidade de se cobrir para se proteger do frio e da chuva, a moda não tem uma origem exata – embora muitos períodos tenham sido marcantes para a sua evolução. No entanto, convencionou-se celebrar o 21 de agosto como o Dia Internacional da Moda.
Para homenagear o setor – o segundo da indústria de transformação que mais emprega no Brasil, responsável por 1,5 milhão de empregos diretos e 8 milhões indiretos segundo a última atualização da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), em 2019 -, a Forbes convidou a empresária, editora e consultora de moda Costanza Pascolato para indicar suas obras cinematográficas preferidas sobre o assunto.
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Com uma trajetória de cinco décadas na área, Costanza se mantém como uma das vozes mais influentes da indústria da moda no país. Com 735 mil seguidores no Instagram, ela conseguiu se adaptar ao mundo digital, mas sua história com o setor começou ainda na infância, com a sua mãe, Gabriella, que fundou, em 1948, a Santacostancia, uma tecelagem especializada em seda (que até então não era fabricada no Brasil) e tecidos diversos.
De geração para geração, hoje Costanza presta consultoria para a empresa familiar – que já tem 70 anos de história e é comandada pelo seu irmão, Alessandro Pascolato -, colabora há 25 anos com a joalheria H.Stern e tem diversos livros publicados. Com uma atuação ampla e longeva na indústria, seus filmes favoritos honram cenas e produções que marcaram a história da moda de alguma forma. Em sua visão, é indispensável assisti-los para entender o setor.
Além dos filmes, que vão do mistério à comédia, a consultora ainda nos premiou com um bônus ao indicar o livro “O Império do Efêmero”, de Gilles Lipovetsky, que narra os grandes momentos históricos que resultaram no fenômeno da moda. “Para mim, que o li em 1988, é o livro definitivo para entender a dinâmica da moda. Analisa e elabora o frívolo e o efêmero numa reflexão que ultrapassa a lógica do diferenciamento social”, explica.
Confira, na galeria abaixo, os cinco filmes favoritos de Costanza Pascolato para aproveitar o Dia Internacional da Moda:
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Divulgação 1- “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, de Michelangelo Antonioni
Curiosamente, a primeira indicação de Costanza é um thriller de mistério – que envolve a moda de uma maneira muito única e charmosa. Na obra de 1966, o foco narrativo é a cena de um crime e o mistério sobre ele. Dirigido pelo diretor italiano Michelangelo Antonioni, “Blow-Up – Depois Daquele Beijo” conta a história de Thomas (David Hemmings), um fotógrafo de moda de Londres que decide fotografar um casal misterioso em um parque. No entanto, quando o jovem chega em casa e revela o material, percebe que registrou mais do que o planejado. Nos negativos, a cena de um assassinato. Quando volta ao parque para confirmar suas suspeitas, descobre que há, de fato, um cadáver próximo ao local visitado mais cedo.
Baseado num pequeno conto de 1959 do autor argentino Julio Cortázar e na vida do famoso fotógrafo britânico David Bailey, o filme se passa na época da Swinging London, termo usado para descrever a efervescência cultural e o modernismo de costumes que tomaram a cidade durante a segunda metade dos anos 1960. Nesse período, como se pode imaginar, a moda também passava por uma explosão de tendências. “O filme retrata de maneira dinâmica e inesquecível o momento de influência alternativa da Swinging London nos usos e costumes que acabaram se globalizando”, explica Costanza.
A cena em que Thomas fotografa Veruschka, uma supermodelo da época, é considerada um dos momentos cinematográficos mais sexies da história graças à quebra de hábitos na moda e na aparência feminina. “Posando eroticamente com um vestido colante e cintilante, Verushka mostrou o quanto eram revolucionárias as imagens produzidas por fotógrafos-vedete como o britânico David”, conclui.
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Divulgação 2- “Gigolô Americano”, de Paul Schrader
A obra de 1980 conta a história de Julian Kaye, interpretado por Richard Gere, que vive em Beverly Hills e é um dos gigolôs mais bem pagos da cidade, atendendo mulheres sofisticadas e muito ricas. No entanto, quando ele se envolve com Michelle Stratton (Lauren Hutton), esposa de um senador, acaba tendo o seu nome envolvido em um assassinato, o que complica a sua vida. Para Costanza, o drama escrito e dirigido por Paul Schrader mergulha perfeitamente no mundo da moda quando observamos os trajes do protagonista. “Richard Gere, em papel ambíguo, veste magníficos ternos desconstruídos pelo – na época – ainda obscuro designer Giorgio Armani, marcos indeléveis da história da moda masculina”, destaca ela. De certa forma, o filme é amplamente reconhecido por ter estabelecido o estilista italiano em Hollywood.
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Divulgação 3- “Bonequinha de Luxo”, de Blake Edwards
Um clássico do cinema – responsável pela febre de meninas vestidas de Audrey Hepburn em festas à fantasia -, “Bonequinha de Luxo” narra a história de Holly Golightly, interpretada por Audrey no auge de sua carreira, uma garota de programa que está decidida a se casar com um milionário e se tornar uma grande atriz de Hollywood. Com uma vida repleta de dificuldades, ela toma seus cafés da manhã todos os dias em frente à famosa joalheria Tiffany para fugir dos problemas e sonhar com um futuro brilhante. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak, um jovem escritor bancado pela amante, com quem acaba se envolvendo de forma relutante, já que um amor poderia atrapalhar seu caminho para o sucesso. Lançado em 1961 e dirigido por Blake Edwards, a obra parece um grande desfile de moda. “Inesquecível e absolutamente atemporal a elegância de Audrey Hepburn vestida por seu grande amigo e costureiro Hubert de Givenchy”, diz Costanza.
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Divulgação 4- “A Bela da Tarde”, de Luis Buñuel
Dirigido por Luis Buñuel e baseado no livro homônimo do autor francês Joseph Kessel, “Belle de Jour” – traduzido para o português como “A Bela da Tarde” – é um filme ítalo-francês de 1967 que conta a história de Séverine, interpretada pela renomada atriz francesa Catherine Deneuve, uma burguesa parisiense casada com o cirurgião Pierre Serizy (Jean Sorel). Infeliz e entediada com sua vida e relacionamento, ela decide passar as suas tardes trabalhando como prostituta em um bordel. Para Costanza, mais do que a dicotomia entre o certo e o errado de acordo com a moral, os trajes da protagonista são feitos para deixar qualquer amante do mundo da moda desnorteado. “O guarda-roupa de Deneuve foi assinado por Yves Saint Laurent. Ele mesmo!”, diz animada. “Esse é um dos papéis mais icônicos da atriz, que vive uma história de sabor perverso entre real e irreal. Um clássico cool.”
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Divulgação 5- “Os Excêntricos Tenenbaums”, de Wes Anderson
A comédia “Os Excêntricos Tenenbaums”, de 2001, mostra que humor e moda podem ser bons amigos quando o assunto é arte. Dirigido pelo cineasta norte-americano Wes Anderson, o longa narra a história da família Tenenbaum, formada por Royal (Gene Hackman), sua esposa Etheline (Anjelica Huston) e os três filhos do casal, que já são adultos e estão morando longe de casa. Embora esse quadro familiar passe a impressão inicial de uma típica família norte-americana, Etheline, que está casada com Royal apenas legalmente, sem ligações amorosas há muitos anos, decide dar uma nova chance ao amor e aceita se casar com o contador Henry Sherman (Danny Glover). A iniciativa leva o patriarca da família a lutar para reconquistar sua esposa, o que acaba por reunir o clã novamente.
“Uma ode ao glamour decadente”, resume Costanza sobre o filme. “A estética inconfundível de Anderson com a figurinista Karen Patch tornam ironicamente acessíveis, para qualquer época, os looks inspirados na década de 1970. Com make, corte de cabelo e roupa cinicamente fora de tom, Gwyneth Paltrow, que interpreta Margot, uma das filhas do casal, tornou-se um ícone fashion, inspirando até Alessandro Michele, da Gucci”, explica a consultora.
1- “Blow-Up – Depois Daquele Beijo”, de Michelangelo Antonioni
Curiosamente, a primeira indicação de Costanza é um thriller de mistério – que envolve a moda de uma maneira muito única e charmosa. Na obra de 1966, o foco narrativo é a cena de um crime e o mistério sobre ele. Dirigido pelo diretor italiano Michelangelo Antonioni, “Blow-Up – Depois Daquele Beijo” conta a história de Thomas (David Hemmings), um fotógrafo de moda de Londres que decide fotografar um casal misterioso em um parque. No entanto, quando o jovem chega em casa e revela o material, percebe que registrou mais do que o planejado. Nos negativos, a cena de um assassinato. Quando volta ao parque para confirmar suas suspeitas, descobre que há, de fato, um cadáver próximo ao local visitado mais cedo.
Baseado num pequeno conto de 1959 do autor argentino Julio Cortázar e na vida do famoso fotógrafo britânico David Bailey, o filme se passa na época da Swinging London, termo usado para descrever a efervescência cultural e o modernismo de costumes que tomaram a cidade durante a segunda metade dos anos 1960. Nesse período, como se pode imaginar, a moda também passava por uma explosão de tendências. “O filme retrata de maneira dinâmica e inesquecível o momento de influência alternativa da Swinging London nos usos e costumes que acabaram se globalizando”, explica Costanza.
A cena em que Thomas fotografa Veruschka, uma supermodelo da época, é considerada um dos momentos cinematográficos mais sexies da história graças à quebra de hábitos na moda e na aparência feminina. “Posando eroticamente com um vestido colante e cintilante, Verushka mostrou o quanto eram revolucionárias as imagens produzidas por fotógrafos-vedete como o britânico David”, conclui.
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