Entidades assistenciais e personalidades se uniram para arrecadar doações à população da Bahia. As chuvas no estado já causaram 20 mortes e forçaram milhares de pessoas a saírem das suas casas nos últimos dias. No final de semana, duas barragens romperam no estado – em Vitória da Conquista e em Jussiape, na região da Chapada Diamantina -, alagando bairros inteiros em algumas cidades e provocando destruição.
Devido à situação, a Ação da Cidadania aumentou o trabalho que já estava planejado para a campanha Natal sem Fome e distribuiu 200 toneladas de alimentos, 1.500 colchões, 50 mil litros de água e 1.000 peças de vestuário. Segundo Daniel Souza, presidente do Conselho da Ação da Cidadania, quem quiser ajudar pode fazer doações em dinheiro, por pix ou por depósito em conta, e também em material.
“O apresentador Luciano Huck doou 500 colchões, Nizan Guanaes doou 1.000 colchões e uma empresa da Bahia vai doar mais 1.500 colchões”, diz Daniel. Uma parceria com a Coca-Cola garantiu 50 mil litros de água.
“Tudo que é necessário, que empresas e parceiros possam doar, não importa se é dinheiro ou material, é bem-vindo. Às vezes para uma empresa, como a de colchão, é muito mais fácil doar o que tem em estoque do que recurso”, explica Daniel.
A Ação da Cidadania tem uma coordenação em Porto Seguro, que estava centralizando as operações junto à Defesa Civil e ao Corpo de Bombeiros. Em função das últimas chuvas, que causaram destruição em Ilhéus e na região, a cidade passou a ser o centro de distribuição do material. “Tudo que puder ser enviado chega em Ilhéus e nosso coordenador ajuda na identificação de quem precisa e de como fazer chegar na ponta”, afirma Daniel.
Os recursos depositados na conta da entidade são transformados em alimentos. Há doações ainda de kits de higiene, com desinfetante, papel higiênico, itens de uso pessoal e cobertores.
O publicitário Nizan Guanaes se envolveu na mobilização. “Sou baiano. Estou em Trancoso. Tenho uma história de vida aqui. Estou mobilizando as pessoas. A Donata (Meirelles, esposa dele) está me ajudando muito. É um assunto muito sensível para a gente”, explica. Nizan destaca ainda a importância da participação do apresentador Luciano Huck. “Ele doou muito e foi super mobilizador, como sempre.”
O movimento voluntário União BR também trabalha na ajuda à população da Bahia. Quem quiser doar pode fazer um depósito na conta da entidade ou doar insumos em um ponto de coleta em Salvador, segundo a empresária e empreendedora social Tatiana Monteiro de Barros, que é fundadora e coordenadora da instituição.
O movimento já doou 120 toneladas de alimentos, além de água, a mais de 20 municípios. “Seguimos com a parte assistencial, com uma distribuição ininterrupta. Temos levado insumos de Salvador. Temos grandes empresas conosco, como Gerdau e Sul América”, explica Tatiana.
O trabalho acontecerá em duas fases. Na primeira, com assistência, doação de colchões, cestas básicas e água. Na segunda fase, os recursos arrecadados serão usados para ajudar na reconstrução da infraestrutura local.
“Uma das nossas metas é sempre deixar um legado. Nas nossas últimas campanhas emergenciais, fizemos isso. No Pantanal, deixamos brigadas de incêndio e comunicação nas estradas começando. Para hospitais, deixamos equipamentos e insumos. No Amazonas, deixamos usinas de oxigênio, que duram de 20 a 30 anos, para mais de 30 hospitais. O pós para a gente também é importante”, diz Tatiana, que atua ainda para fortalecer ONGs e comunidades.
Na Bahia, a União BR trabalha em parceria com a Liga do Bem, coordenada por Nelinho Chagas. Outra parceira importante é a Cufa (Central Única das Favelas), segundo Tatiana. “Somos mais fortes quando nos unimos.”
Estragos
Em entrevista mais cedo, o governador da Bahia, Rui Costa, disse que há cerca de 50 mil desalojados e que no momento está sendo feito um cadastro nominal das famílias cujas casas foram destruídas ou terão de ser demolidas. Segundo ele, serão necessárias 5 mil novas casas, num orçamento de quase R$ 400 milhões. “O estrago é gigantesco, parece um verdadeiro bombardeio que foi feito no Estado da Bahia”, disse.
Em Ilhéus, a sede da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), ficou isolada. Pessoas que estavam no local foram resgatadas e duas pessoas permanecem na sede por vontade própria, segundo a comissão.
Entre a noite do dia 25 de dezembro e a madrugada do dia 26, a sede da Ceplac serviu de abrigo para 34 pessoas e veículos que transitavam na BR-415, alagada pelas fortes chuvas. Os servidores da Ceplac que estavam no local prestaram a assistência necessária aos que passavam pela região. Foram disponibilizados alimentos às pessoas. O resgate ocorreu ontem (27). (com Reuters)