Vamos contar agora uma história de empreendedorismo que, como muitas, nasceu da necessidade de uma mulher sustentar sua família. Em 1922, Johanna Altenburg, viúva, iniciava em sua casa, em Blumenau (SC), a produção artesanal de acolchoados. Das mãos dessa mãe batalhadora nasceram os primeiros acolchoados e travesseiros confeccionados com algodão, lã de carneiro e penas de ganso. Atendendo a pequenas encomendas, o zelo de Johanna conquistou a comunidade do entorno.
A qualidade de seus produtos persistiu no pós-guerra. Em 1946, seu filho Arno assumiu o empreendimento ao lado da esposa, Anna. Para impulsionar o crescimento da empresa, que ganhava espaço no Sul e Sudeste do país, o jovem casal realizou as primeiras ampliações do parque fabril, adquiriu maquinário especializado e, em 1969, inaugurou a primeira loja, anexa ao parque fabril existente na época.
A partir de 1970, foi a vez de Rui Altenburg, o filho mais jovem de Arno e Anna, iniciar a jornada de ampliar o negócio e perenizar o legado da família. Ele tinha pouco mais de 20 anos de idade. Hoje, depois de meio século de trabalho, Rui reconhece o grande desafio que viveu ao assumir a gestão da empresa, que já impactava diretamente a vida de milhares de pessoas.
A inovação e a busca por novos produtos sempre foram predominantes em sua gestão. Rui relembra que a Altenburg foi a primeira empresa a trazer ao Brasil roupas de cama com tratamento easy care, que dispensam a utilização do ferro de passar. A empresa também foi ganhadora de um importante prêmio nacional de sustentabilidade em 2010 com o lançamento do travesseiro Ecofriendly, com recheio de fibras derivadas de garrafas PET – atualmente são utilizados mais de 150 milhões de garrafas PET na produção de travesseiros, edredons e painéis termoacústicos (no ramo de construção civil o grupo atua com a marca Ecofiber, que também atende o mercado moveleiro).
A Altenburg também trouxe para o segmento de cama a marca Tencel (Lenzing), cuja fibra celulósica que compõe o tecido é de qualidade superior ao algodão, extraída de eucalipto reflorestado, uma fonte renovável. Foi a primeira no Brasil a produzir roupas de cama com atributos sustentáveis, como o tecido de malha purgada, produzido com redução de 20% no consumo de energia, e a MalhaPET, de poliéster reciclado.
A persistência e o desprendimento para ousar seguem sendo os combustíveis que movem as ações do presidente. “Um conselho para quem está começando: é preciso ser criativo, insistente e persistente. Estagnação e medo de dar novos passos não nos fazem sair do lugar”, afirma Rui, do alto da experiência de quem enfrentou diversas crises e planos econômicos. Ao olhar para o passado, ele reconhece o esforço dos pais. “Era o sustento deles e da família. Meu pai cuidava da parte comercial e técnica, e minha mãe cuidava da criação e produção. Ela gerenciava a empresa e abria a fábrica às 5h da manhã. Ela foi uma guerreira, uma pessoa determinada, muito correta e exigente. Isso eu acabei herdando dela.”
Os filhos de Rui, que representam a quarta geração da família, também cresceram acompanhando os grandes marcos da fábrica. A criação de uma holding em 2004 anunciava o início da trajetória profissional constituída por Danielle, Tiago e Gabriel. Tiago assumiu a área de projetos em 2007, após a conclusão de sua formação em engenharia industrial têxtil. Em 2009 foi a vez de Danielle, recém-chegada da Itália, onde estudou gestão de marcas e moda, dirigir o projeto de criação da primeira Altenburg Store em São Paulo, iniciando a sonhada ampliação da rede de lojas da marca. Gabriel ingressou como trainee em 2010 e hoje está à frente do programa “Bem Mais Sustentável”, projeto que visa agrupar as iniciativas de sustentabilidade.
Nesta década e meia em que pai e filhos administram o negócio, a Altenburg passou a atuar também no varejo, com 14 lojas próprias e presença em mais de 10 mil pontos de venda pelo país, e sustenta o status de maior produtora de travesseiros da América Latina, com quatro plantas no Brasil e uma no Paraguai – que produzem 1,6 milhão de produtos e geram mais de 2 mil postos formais de trabalho. “Nunca imaginei que chegaríamos a essa magnitude”, confessa Rui, que deve passar o bastão ao filho Tiago ainda em 2022.
“Nestes 15 anos de Altenburg, aprendi que cada coisa acontece no seu tempo. Paciência e resiliência são características importantes para perpetuar o legado do meu pai, dos meus avós e da minha bisavó”, afirma Tiago. “Nos últimos anos, temos registrado um crescimento da ordem de 10% a 15%. A receita do grupo ultrapassou os R$ 610 milhões em 2021”, comemora Tiago. “Está em andamento um estudo para ampliação da rede de lojas. Também trabalhamos num e-commerce B2B, contando com a solidez de mais de dez anos da nossa operação do B2C”, completa. O continuador, como Rui prefere chamar seu sucessor, diz que o maior desafio será mesclar a avidez da juventude com o legado e os sonhos que Rui Altenburg deixará para futuras implementações. “Além disso, a internacionalização da marca, que hoje já exporta para mais de 30 países, é um dos grandes passos em médio prazo”, finaliza Tiago.
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Foto: Divulgação Johanna Altenburg cercada pelo filho Arno, sua nora, Anna, e os netos Arno Luiz, Rui e Aldo
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Foto: Divulgação Rui Altenburg: “Nunca imaginei que chegaríamos a essa magnitude”
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Foto: Divulgação Tiago, o “continuador” da quarta geração
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Pedro Waldrich/Divulgação Rui Altenburg ao lado de sua mulher, Irene, e dos filhos Tiago, Danielle e Gabriel
Johanna Altenburg cercada pelo filho Arno, sua nora, Anna, e os netos Arno Luiz, Rui e Aldo
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