Por Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) – Os Estados Unidos determinaram que Paul Rusesabagina, retratado no filme “Hotel Ruanda”, que abrigou centenas de pessoas durante o genocídio do país africano em 1994, foi “detido injustamente”, disse o Departamento de Estado dos EUA, nesta quinta-feira.
Rusesabagina, de 67 anos, foi condenado em setembro passado a 25 anos de prisão por oito acusações de terrorismo ligadas a uma organização que se opõe ao governo do presidente de Ruanda, Paul Kagame. Ele negou todas as acusações e se recusou a participar do julgamento, que ele e seus apoiadores chamaram de farsa política.
“A determinação levou em conta a totalidade das circunstâncias, notadamente a falta de garantias de um julgamento justo. Esta determinação não implica qualquer posição sobre sua inocência ou culpa”, disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Rusesabagina, que foi festejado em todo o mundo depois de ser interpretado pelo ator Don Cheadle em “Hotel Ruanda”, de 2004, é um crítico de Kagame. Ele está detido em uma prisão ruandesa.
Ele reconheceu ter um papel de liderança no Movimento de Ruanda pela Mudança Democrática (MRCD), mas negou a responsabilidade pelos ataques realizados por seu braço armado, a Frente de Libertação Nacional (FLN). Os juízes do julgamento disseram que os dois grupos são indistinguíveis.
A designação de “detido injustamente” significa que a responsabilidade pelo caso agora será transferida do escritório de Assuntos Consulares do Departamento de Estado para o escritório do Enviado Especial para Assuntos de Reféns, aumentando efetivamente o perfil político da questão.
(Reportagem de Humeyra Pamuk e Eric Beech)