Estou um pouco atrasado nesse assunto, já que o episódio final de “Physical: 100” foi lançado no início desta semana e a série está no ar na Netflix há algum tempo. Mas eu acabei de maratonar tudo em dois dias. Cara, que viagem.
Embora estejamos apenas no segundo mês do ano, eu diria que “Physical: 100” é a melhor série que vi na Netflix em 2023. Isso pode não dizer muito, já que os únicos concorrentes têm sido a 2ª temporada de “Ginny e Georgia”, a 4ª de “You” e “That ’90s Show”. Também é um gênero completamente diferente, um reality show, mas a um quilômetro de distância da nova aposta da Netflix em programas de namoro.
“Physical: 100” é uma série coreana, o que automaticamente já garante alguns pontos. A Coreia produziu alguns dos melhores conteúdos da Netflix, de “All of Us Are Dead” a “Kingdom” e “Round 6”. Esta última, inclusive, é a série que mais vem à mente durante a competição física em “Physical: 100” – tirando, claro, as mortes.
A ideia é a seguinte: o programa reúne 100 das pessoas mais atléticas da Coreia e as coloca umas contra as outras em uma série de desafios de força, resistência e agilidade para ver quem é o mais forte do país.
O resultado é que muitos homens e mulheres extremamente fortes são muito gentis e apoiam uns aos outros, e depois espancam uns aos outros e a si mesmos. É muito motivador e emocionante.
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Os participantes variam muito. Alguns competidores são homens enormes e fortes, lutadores de MMA, medalhistas de ouro olímpicos, jogadores da equipe nacional de rugby, alpinistas, praticantes de crossfit, YouTubers fitness, fisiculturistas. E o mais impressionante é que homens e mulheres estão todos competindo juntos, o que resulta em desempenhos realmente fantásticos de muitas mulheres que superam seus colegas homens em alguns dos desafios.
Existem jogos individuais, incluindo uma seleção inicial de 50 partidas em que dois jogadores devem lutar pelo controle de uma “medicine ball” (bola cheia de areia usada há décadas em exercícios) em uma arena cheia de obstáculos. Também há desafios de equipe, em que os times devem transportar sacos de areia por uma ponte frágil ou usar a força para mover um navio de duas toneladas por uma rampa. E os cinco finalistas da competição disputam em uma série de desafios que vão eliminando um a um até restar apenas um.
É fascinante ver essas pessoas quase desumanamente fortes se matando nesses desafios. E competidores que imaginamos que nunca perderiam são frequentemente superados por atletas de status inferior com resistência ou força surpreendentes.
A competição não é perfeita. Algumas vezes, as diferenças físicas são tão grandes que o próprio desafio pode acabar com a pessoa. Um homem forte simplesmente não vai vencer um desafio de velocidade. Uma equipe formada principalmente por mulheres, por mais fortes que sejam, não vencerá um desafio de força pura contra um grupo de caras com o dobro do peso. Mas o programa faz um bom trabalho ao tentar equilibrar todos os esses desafios, e fiquei surpreso com a variedade de competidores que acabaram nas finais, já que praticamente nenhum deles era o que você esperaria.
É um ótimo reality, e espero que não apenas tenha sinal verde para temporadas futuras (reality shows são baratos e esse teve um bom desempenho), mas imagino que uma versão americana deva estar chegando. E se a Netflix conseguir atrair atletas e celebridades famosas dos EUA como a versão coreana fez em seu próprio país, realmente pode se tornar um grande fenômeno.
*Paul Tassi é colaborador da Forbes USA. Ele escreve sobre videogames, televisão e filmes há mais de 10 anos, é podcaster e já publicou cinco livros de ficção científica.
(traduzido por Fernanda de Almeida)