Quando frequento a feira global de arte, antiguidades e design TEFAF Maastricht, muitas vezes me perguntam quais são as melhores jóias que já vi. Essa é uma questão difícil de responder, principalmente quando se fala de artistas contemporâneos de alta joalheria que expõem na feira, já que conheço a maioria deles o suficiente para ter uma boa expectativa geral do que verei (a feira que começou ontem, 11, e vai até domingo 19, no MECC Maastricht, na Holanda).
Marca é uma palavra que normalmente não gosto de usar quando falo do trabalho dos artistas, mas há uma consistência de estilo no que eles produzem e é por isso que há pessoas dispostas a investir em suas joias. Por padrão, isso é branding.
Assim, o que procuro nesta magnífica feira de arte e antiguidades é o progresso e a consistência. Seja com visão, técnica ou o que quer que torne suas criações de joias únicas.
Nesse sentido, é difícil não notar a evolução da artista asiática-americana, Anna Hu. Ela apresenta na mostra 20 novas criações de arte, técnicas e materiais que são seus melhores até agora. Hu tem muitas influências, desde símbolos asiáticos tradicionais até flora e fauna e artistas ocidentais icônicos. Seu novo grupo de joias demonstra todas essas referências.
Um par de pérolas de concha de cores diferentes, mas formas semelhantes, foram moldadas em brincos que pendem de suas configurações. São assimétricos na cor e simétricos na forma. As pérolas são raras e é extremamente difícil encontrar duas com o mesmo formato.
“Realmente acho que é uma obra-prima entre a obtenção do material natural e a combinação do elemento oriental e espiritual da arte histórica chinesa”, disse Hu sobre a jóia.
Também há o “Colar de Borboleta Rosa”. A peça é centrada com uma rubelita natural rosa-púrpura de 17,53 quilates, flanqueada por borboletas encimadas por safiras roxas e rosa, diamantes amarelos e diamantes brancos redondos.
O colar é feito com fios de pérolas adornados com duas grandes pérolas mabe pesando um total de 26 quilates. Toda a peça é feita em ouro amarelo 18k. A combinação de materiais, aliada ao design, exigiu uma série de técnicas para a conclusão desta peça.
As pérolas de concha são, certamente, um material usado por Hu este ano. O “Spring Magpie Brooch” é uma peça lúdica, com dois pássaros de cabeças azuladas (uma clara e uma escura) esculpidas em opala com seus bicos se tocando como se estivessem em um beijo.
Atrás de um dos pássaros está uma pérola de concha de 6,67 quilates, em forma de ovo descansando em um ninho dourado. As penas de pássaros e flores que fazem parte deste cenário colorido de jóias são feitas de turmalinas Paraíba, diamantes amarelos, granadas mandarim, safiras laranja, safiras rosa, safiras roxas, granadas verdes e diamantes brancos cravejados em titânio, ouro branco e ouro rosa.
Hu não fala sobre maturidade como designer ou o progresso que fez ao longo dos anos. O que ressalta é a confiança em sua visão e a capacidade dos artesãos com quem trabalha em Paris, para completar a sua visão do que vem a ser suas peças. “Estou totalmente satisfeita como joalheria”, diz ela. “O meu nível de satisfação está cada vez maior.”
Um admirador de seu trabalho é Kazumi Arikawa, o conceituado colecionador japonês de jóias históricas. Eles se abraçaram como velhos amigos, antes de Hu mostrar a Arikawa algumas de suas criações. Arikawa não compra joias contemporâneas, mas aprecia as criações da amiga.
Para Hemmerle, a casa de alta joalheria com sede em Munique, o artesanato é o foco, com suas técnicas e usos de materiais que são únicos e muitas vezes inovadores. Uma das coisas que esta empresa pode criar são joias que são verdadeiras recriações de temas da natureza.
Pensando nisso, um par de brincos imitando agulhas de pinheiro, todo levemente curvo, é uma obra-prima de fino artesanato. Outro par de brincos apresenta uma técnica de lapidação exclusiva da marca em que uma ardósia de alumínio é recortada em finos espaços delineados. Os brincos completam-se com duas excepcionais pedras cor-de-rosa. Depois, há um anel de diamante com uma forma facetada de corte longo e envolto em fios de metal.
Otto Jakob, um ourives alemão autodidata, faz peças com ouro e esmalte que poucos poderiam sonhar. Combinando o verdadeiro artesanato do velho mundo com a tecnologia moderna, Jakob produz cenas da natureza, objetos medievais e tudo que imaginar.
A melhor maneira de ver seu trabalho é por meio do exame de um par de brincos que reproduzem as asas de um grande gafanhoto sul-americano, com suas próprias descrições de como foram criados.
Cada peça é um molde natural de ouro branco do gafanhoto. O molde de cera foi feito por meio de impressão 3D em detalhes exatos. O artesanato do velho mundo assume esse caminho. No mais, as estreitas asas anteriores são enegrecidas e cobertas com ornamentos caligráficos pintados de ouro.
As asas posteriores são esmaltadas de azul por dentro a roxo e vermelho por fora. Em seguida, é acentuado com seções pretas e pincelado com tinta dourada, que ele cria. O elemento de suspensão, em forma de lentilha, é micro-pavê cravejado de safiras azuis. Todo este trabalho se traduz num par de brincos delicados e finos como as asas de um gafanhoto.
Há pelo menos uma surpresa na feira, uma marca de alta joalheria de Hong Kong que surgiu do nada para dividir o palco com alguns dos melhores objetos e arte históricos e contemporâneos do mundo.
A empresa parece pronta para o desafio. Ainda há muito para aprender sobre esta marca, mas, para as peças que já produzem, combinam técnicas de engenharia de alta tecnologia com artesanato tradicional. Eles dizem que produzem menos de 100 peças por ano, o que os coloca no mesmo nível dos outros joalheiros da feira.
As marcas de joias Boghossian e Bhagat também expuseram.
A TEFAF Maastricht é considerada a principal feira mundial de arte, antiguidades e design. Com 270 revendedores de prestígio de cerca de 20 países, a mostra é uma vitrine para as melhores obras de arte atualmente no mercado.
Ao lado das tradicionais áreas de pinturas de Velhos Mestres, antiguidades e antiguidades clássicas que cobrem cerca de metade da feira, também é possível encontrar arte moderna e contemporânea, jóias, design do século 20 e trabalhos em papel. Os ingressos partem de US$ 45 e chegam a US$ 105.
Anthony DeMarco é colaborador da Forbes EUA, repórter especializado em alta joalheria e relógios. (Traduzido por Vitória Fernandes)