“Está se tornando muito real: nós fizemos isso e foi ótimo e agora acabou”, diz Alan Ruck sobre o fim da série Succession, da HBO. Diz estar triste, mas sorri. Sem dar spoiler, conta que as gravações das últimas cenas foram emocionantes. “Mark Mylod, meu diretor favorito do programa, estava tentando não chorar. Então, cara, o diretor se foi, que chance nós tínhamos de não desmoronar?!”
A conversa com a Forbes Brasil e veículos de outros países da América Latina acontece dias antes da exibição do episódio final, neste domingo (28). Até onde se sabe, não há continuação (ou sucessão) prevista para a série que explora as complicadas relações na família do magnata das comunicações Logan Roy – e que leva a audiência para dentro das casas, dos iates e dos aviões dos bilionários, em uma representação detalhista do universo dos super-ricos. Mas Alan Ruck brinca que, se houvesse um spin-off com seu personagem, seria ao lado da mulher, Willa, em uma fazenda, criando ovelhas.
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Para o ator, Succession pegou audiências do mundo todo porque – embora conte uma história americana, com referências ao império de mídia de Rupert Murdoch – é um conto universal sobre transferência de poder: “Basicamente você tem um rei e os filhos do rei e as outras pessoas da corte. É como Rei Lear: ‘decidi dividir meu reino em três’. Tem um tom shakespeariano”. E ficou popular porque mostra que os bilionários também sofrem. “É divertido ser lembrado de que, mesmo que você tenha todo o dinheiro do mundo, se nada o faz feliz, não importa.”
Ruck sente que participou de um programa que pode ficar para a história das séries, “sendo mencionado junto com Breaking Bad e The Sopranos”. Até pouco tempo, muita gente lembraria do ator por sua participação em Curtindo a Vida Adoidado, no papel de Cameron, o amigo de Ferris Bueller que pega a Ferrari 250 GT California do pai emprestada para uma tarde de aventuras.
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Trinta anos depois, a associação mais forte é com o personagem Connor, filho mais velho da família Roy. Deixado de escanteio na sucessão do comando dos negócios, o primogênito se lança na política. Mas nada do que faz impressiona os parentes. “Na verdade, ele poderia se tornar presidente dos Estados Unidos e seus irmãos diriam: ‘você ainda é um idiota’”, acredita o ator. “É triste saber que nesta família as coisas nunca vão mudar para ele. Mas é divertido de interpretar.”
A seguir, algumas das perguntas respondidas por Alan Ruck nesta quinta (25), por videoconferência, a um pequeno grupo de jornalistas:
Por que você acha que a série se tornou popular no mundo todo?
A razão básica é que é divertido ver os ricos sofrerem. E é divertido ser lembrado de que, mesmo que você tenha todo o dinheiro do mundo, se nada o faz feliz, não importa. É satisfatório para as pessoas comuns dizerem: “olhe para eles, estão infelizes; se eu tivesse todo esse dinheiro, seria diferente”. E não sei se isso é verdade.
Recentemente Connor confessou que se sente velho e cansado, mas parece disposto a continuar lutando até o fim. O que você pode nos dizer sobre a evolução do personagem?
Jesse [Armstrong, criador de Succession] nunca fez Connor falar por si mesmo até o final da terceira temporada. E então foi divertido vê-lo morder de volta seus irmãos desagradáveis. Ele encontrou coragem – ou simplesmente estava farto e tinha que falar o que pensava. O interessante é que, toda vez que repreende seus irmãos e sua irmã, ele continua voltando para eles. Porque não tem outros amigos. Tem Willa (sua parceira), que é a melhor coisa em sua vida, mas continua voltando para sua família porque realmente os ama. Sabe que eles nunca irão amá-lo de volta, mas não pode evitar.
O que você aprendeu com a família Roy? E o que aprendeu ao mergulhar no mundo dos super-ricos?
Bem, todos nós temos problemas familiares. Mas eles são completamente miseráveis. São talentosos – podem não ser tão inteligentes quanto pensam que são, mas são inteligentes –, e continuam atirando no próprio pé de novo e de novo e de novo. Meu sentimento básico, vindo da classe trabalhadora, é que todo esse dinheiro apenas aumenta a intensidade do que está acontecendo dentro de você e, se você é uma pessoa miserável e odiosa, então isso vai ser aumentado. Sobre o estilo de vida dos super-ricos, é bom ter coisas boas, ir a lugares legais. Mas, se nada disso te faz feliz, quem se importa?
Qual spin-off de Succession faria mais sentido para você? Como seria um com Connor?
Minha piada é: você se lembra daquele programa de TV, Green Acres (exibida de 1965 a 1972)? É sobre um cara rico e sua esposa que se mudam para o campo e vivem em uma pequena fazenda desagradável. Eu e a Willa deveríamos fazer isso, mudar para o meu rancho e criar ovelhas. Agora, um spin-off que poderia funcionar seria com Tom (Matthew Macfadyen) e Greg (Nicholas Braun), eles sendo os “irmãos asquerosos”.
Mesmo com o final da série chegando, ainda é possível visitar algumas das locações de Succession na vida real. Veja a seguir 10 lugares onde a produção foi filmada:
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HBO Peter McManus Café e Maru Karaoke Lounge, em Nova York
No segundo episódio da nova temporada, depois do fiasco de seu ensaio de casamento, Connor quer afogar as mágoas com apenas duas coisas: um bar “de verdade, com pessoas trabalhadoras” e um karaokê.
A primeira parada rende um dos momentos mais cômicos até agora na série, com os irmãos tentando fingir normalidade em um bar muito abaixo do padrão que estão acostumados – até temendo pela condição sanitária do local (só bebida enlatada, por favor). Realizando o pedido de Connor, a cena foi mesmo gravada em um bar de verdade, o Peter McManus Café, um dos mais antigos de Nova York, na 7ª Avenida.
Mas a pose de “gente como a gente” acaba logo que partem para o karaokê, nada singelo. O ambiente descolado, com clima de balada noturna e luzes neon, está repleto de jovens modernos, com suas taças de champanhe. Na sala privativa dos Roy, palco de uma das cenas mais fortes de Logan com os filhos, garrafas da bebida estão por toda parte.
O local é o Maru Karaoke Lounge, em Nova York, que funciona como um bar, lounge e karaokê no bairro de Koreatown. Quem quiser ter a mesma experiência que Roman, Connor, Kendall e Shiv pode reservar uma sala para até 12 pessoas, com três champanhes, por US$ 790 (em torno de R$ 3.900).
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Divulgação Restaurante Jean-Georges, em Nova York
Cenário do ensaio de casamento de Connor antes dos irmãos partirem em um rolê pela cidade para consolá-lo. O restaurante do chef francês Jean-Georges Vongerichten, com duas estrelas Michelin e nota máxima do ‘The New York Times”, fica no lobby da Trump Tower, em Manhattan. Por lá, são servidos pratos de alta gastronomia com influências francesas, norte-americanas e asiáticas – com um menu degustação de seis passos no valor de US$ 268 (R$ 1.300) por pessoa.
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HBO The Shed, em Nova York
Entre as megalomanias dos Roy, uma das mais mais exageradas foi a festa de aniversário de 40 anos de Kendall na terceira temporada. A extravagância foi filmada no The Shed, espaço de artes e centro cultural construído no Hudson Yards, que foi transformado pela série para incluir todos os pedidos excêntricos do aniversariante (como uma casa na árvore). Na vida real, quando nenhum bilionário está ocupando o ambiente, ele fica aberto para o público com apresentações e exposições de artistas – a mostra da fotógrafa Cláudia Andujar sobre o povo Yanomami esteve em cartaz recentemente.
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Manuel Zublena Villas Cetinale, La Foce e La Cassinella, na Itália
Na terceira temporada, o clã vai à Toscana para o casamento da Caroline, ex-mulher de Logan Roy e mãe de três de seus filhos. Durante a estadia italiana, três propriedades aparecem – e elas podem ser alugadas na vida real.
O pano de fundo para a cerimônia é a Villa Cetinale, uma propriedade de estilo barroco do século 17. Originalmente construída para o papa Alexandre VII, tem 13 quartos e jardins extensos. Bilionários da vida real se hospedam por lá, a um custo a partir de US$ 54 mil (R$ 272 mil) por semana.
A Villa La Foce, propriedade histórica de 1.400 hectares e capacidade para 24 convidados, hospeda parte dos Roy. Construída no final do século 15, fica entre as colinas do vale d’Orcia e está disponível para casamentos, reuniões familiares e outros eventos.
Já a Villa La Cassinella, nas margens do Lago de Como, é a propriedade fictícia do empresário Lukas Matsson, que negocia com os Roy uma possível aquisição. A Villa tem nove quartos, dez banheiros e hóspedes que chegam exclusivamente de barco (como Roman fez para se encontrar com Matsson), já que a casa fica em uma península particular que não pode ser acessada por estradas. Na vida real, afortunados podem alugá-la por US$ 100 mil (R$ 500 mil) por semana.
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Divulgação Whiteface Lodge, Lake Placid, em Nova York
A conferência de negócios Argestes, que se passa na segunda temporada e conta com a presença de todos os Roy, tem como cenário esse hotel nas montanhas de Adirondack, no estado de Nova York.
O Whiteface Lodge é um resort de estilo palaciano, todo feito de madeira, que inclui vários chalés – entre eles, um presidencial de 290 m² –, três restaurantes, um spa, espaço de cinema e boliche, entre outras atrações. Diárias partem, em média, de R$ 1.500 e podem ultrapassar os R$ 6.000, dependendo da acomodação.
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HBO Korčula, na Croácia
A segunda temporada termina com os Roy tirando férias em família no litoral da Croácia. Antes de navegarem pelo Mar Adriático a bordo de um iate de luxo de 279 pés, o clã passa pela ilha de Korčula, considerada Patrimônio Mundial da Unesco, onde visitam o centro histórico, a Catedral de São Marcos e o restaurante à beira-mar Cupido.
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Divulgação Six Flags Great Escape, em Nova York
As sequências nas quais a série se passa em Brightstar, um dos parques de diversão da Waystar Royco – onde a família comemora o aniversário de uma criança e Greg trabalha antes de conseguir um cargo executivo na empresa, por exemplo –, são filmados no Six Flags Great Escape, em Queensbury, no interior do estado de Nova York.
Peter McManus Café e Maru Karaoke Lounge, em Nova York
No segundo episódio da nova temporada, depois do fiasco de seu ensaio de casamento, Connor quer afogar as mágoas com apenas duas coisas: um bar “de verdade, com pessoas trabalhadoras” e um karaokê.
A primeira parada rende um dos momentos mais cômicos até agora na série, com os irmãos tentando fingir normalidade em um bar muito abaixo do padrão que estão acostumados – até temendo pela condição sanitária do local (só bebida enlatada, por favor). Realizando o pedido de Connor, a cena foi mesmo gravada em um bar de verdade, o Peter McManus Café, um dos mais antigos de Nova York, na 7ª Avenida.
Mas a pose de “gente como a gente” acaba logo que partem para o karaokê, nada singelo. O ambiente descolado, com clima de balada noturna e luzes neon, está repleto de jovens modernos, com suas taças de champanhe. Na sala privativa dos Roy, palco de uma das cenas mais fortes de Logan com os filhos, garrafas da bebida estão por toda parte.
O local é o Maru Karaoke Lounge, em Nova York, que funciona como um bar, lounge e karaokê no bairro de Koreatown. Quem quiser ter a mesma experiência que Roman, Connor, Kendall e Shiv pode reservar uma sala para até 12 pessoas, com três champanhes, por US$ 790 (em torno de R$ 3.900).