Os resultados de 2023 do concurso Ultimate Spirit Challenge foram divulgados, e amantes de whisky escocês (ou scotch, como quiser chamar) têm várias dicas para anotar. Na 14ª edição do importante prêmio – que este ano teve recorde de inscrições, com participantes de mais de 50 países -, dois single malts da Escócia empataram na pontuação máxima da categoria de whisky: impressionantes 98 pontos dos 100 totais, dados por uma equipe de juízes que inclui alguns dos paladares mais respeitados do setor.
A primeira pontuação máxima foi alcançada pelo Highland Park 21, um single malt com teor alcoólico de 46%, produzido nas Ilhas Orkney, na extremidade norte do país. A destilaria é favorita entre conhecedores porque tende a apresentar uma leve nota de fumaça junto à doçura de frutas escuras, provenientes do envelhecimento em barris de xerez.
No caso do rótulo de 21 anos – que pode ser facilmente encontrado nas prateleiras por US$ 375 (cerca de R$ 1.790) a garrafa -, os juízes do USC o descreveram como:
“Uma dose deste belo e envelhecido whisky te cumprimenta com um buquê em camadas de iodo com toques cítricos, malte com cerejas, brasas de fogueira à beira-mar e uma massa folhada amanteigada. A diversidade de sabores chega em completa harmonia no paladar e finaliza com um toque de cacau em pó e chá preto”.
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Nada mal. Mas, apesar da relativa acessibilidade do Highland Park 21, ele divide a pontuação máxima de 2023 com um scotch ainda mais acessível: o Mortlach 16 anos. Engarrafado com precisão a 43% de teor alcoólico, esta preciosidade de Speyside está nas prateleiras a US$ 115 (R$ 550) por unidade.
Comemorando seu 200º aniversário, a destilaria recebeu o apelido de “Beast of Dufftown” por conta de seus maltes encorpados, que resultam de um processo de destilação único. Além dos condensadores de tubo de serpentina relativamente raros – que já produzem um destilado mais gorduroso -, aqui você encontrará a estranha disposição de três alambiques de lavagem e três de destilação, todos em formas e tamanhos diferentes, e cada um trabalhando independentemente dos outros. Três tipos diferentes de líquido são finalmente misturados para resultar no que a Mortlach comercializa como uma destilação de 2,81 vezes.
Veja o que os especialistas do USC acharam de tão especial no rótulo de 16 anos da marca: “Aromas intensos de figos cozidos, manteiga marrom, melaço e bolo de gengibre conduzem a um gole suave e complexo, que exala uma fruta saborosa de marmelo cozido em xarope de bordo, laranja grelhada, tâmaras e nozes torradas. Um final longo e amendoado agradará os amantes de maltes envelhecidos em barris de jerez.”
Abaixo estão mais alguns destaques do concurso em outras subcategorias de whisky escocês. Nenhum deles atingiu a marca de 98 pontos, mas chegaram bem perto:
- Blended: Dewar’s 18 Anos – 97 pontos
- Blended Malt: Johnnie Walker Green Label – 96 pontos
- Comerciante Independente: The Scotch Malt Whisky Society Cask No. 78.58 Baking Easter Treats 9 Anos – 97 pontos
- Single Malt-Highland: Aberfeldy Napa Valley Cabernet Sauvignon Cask Finish 15 Anos – 96 pontos
- Single Malt-Islay: Bowmore 18 Anos – 97 pontos.
Veja 8 dicas para aproveitar ao máximo a experiência com o whisky
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Getty Images Faça a lição de casa
Pesquisar sobre o que está no copo é um dos passos básicos para entender a bebida e, aos poucos, conhecer mais sobre características que diferenciam os whiskies (e quais agradam mais seu paladar). “Leia o rótulo, procure saber a graduação alcoólica dele, se é escocês e de qual região , se é bourbon, se é rye”, diz o bartender Ale D’Agostino, que já deu cursos sobre o destilado. Claro, tudo depende da ocasião. Em uma festa, por exemplo, você provavelmente não vai parar para “estudar” a garrafa. Mas, em casa, pode fazer sentido começar dessa forma o ritual de beber.
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Getty Images Deixe gotas de água “abrirem” o whisky
“Em uma degustação analítica, o ideal é você tomar o whisky puro, em temperatura ambiente, e depois pingar um pouco de água”, conta Porto. “Assim as moléculas hidrossolúveis se agrupam trazendo um aroma mais frutado.”
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Unsplash Saiba que o gelo altera o paladar (mas o paladar é seu)
Segundo Porto, quando profissionais buscam extrair informações sensoriais sobre a bebida, evitam colocar gelo no copo. Isso porque fica difícil controlar a taxa de diluição, além de a baixa temperatura mudar a percepção do paladar, deixando, por exemplo, o amargo mais perceptível que o doce.
Mas, se você gosta de tomar seu whisky com gelo, fique à vontade. Nesse caso, o especialista recomenda utilizar, de preferência, uma pedra grande de gelo cristalino. “A ideia é que ele demore mais para diluir e que seja o mais neutro possível, para trazer menos água e não alterar o sabor com minerais.”
Já Alexandra Corvo, fundadora e professora no Ciclo das Vinhas Escola do Vinho, deixa uma lasquinha de gelo flutuando sobre a bebida justamente para diminuir um pouco a temperatura e tornar as moléculas de álcool menos voláteis. “Isso vai ajudar na percepção aromática”, diz ela. “Porque o whisky, diferentemente do vinho, tem muito álcool – é a primeira coisa que vai bater quando você o cheira durante uma degustação. E essa técnica ajuda a driblar isso.”
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Getty Images Prove em diferentes copos
O copo próprio para degustação profissional não é o tumbler grande e baixo mais comumente associado ao whisky. “O melhor para isso é a taça ISO, uma pequena taça de vinho fortificado ou o Glencairn, copo oficial de degustação de whisky desenvolvido pela Glencairn Company, na Inglaterra”, diz Maurício Porto. “O importante é que tenha a borda de cima mais estreita do que o bojo, pois assim reúne os aromas, e não os dispersa.”
Já Alexandra Corvo sugere utilizar uma taça de vinho média, como as de vinho branco. E Ale D’Agostino opta mesmo pelo tumbler: “Eu gosto de copo baixo. Salvo nos coquetéis, porque alguns vão em copo longo.” -
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Getty Images Deguste como um profissional
Maurício Porto indica os passos: “Sirva a bebida e sinta o primeiro aroma sem girar como um vinho, pois o whisky volatiliza demais (se quiser girar para observar a textura, faça isso devagar com o pulso); dê um gole, tente identificar o sabores, espere um pouco, faça novamente a análise olfativa e, depois, dê mais um gole”.
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Getty Images Deixe o tempo agir
Perceba como a bebida vai mudando no copo. “Muitas vezes, quando o whisky é servido, está muito fechado, defumado e apimentado. Ao longo do tempo, se desenvolvem aromas diferentes, como o cítrico”, diz o especialista.
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Getty Images Combine com comida
Uma harmonização clássica é queijo azul (como gorgonzola e stilton) com whisky defumado. Fica genial”, recomenda Porto. “Outra combinação legal são whiskies levemente defumados com frutos do mar, com ostras e mariscos. E os mais leves funcionam muito bem com comida japonesa.”
Algumas possibilidades envolvendo a bebida e comida japonesa poderão ser provadas no evento “The House of Suntory Experience – The Nature and Spirit of Japan”, de que Porto é consultor. Entre 25 e 28 de maio, o projeto oferece uma série de jantares unindo gastronomia, coquetelaria, arte e tecnologia multimídia na Japan House, em São Paulo. -
Unsplash Transforme em cocktail
“Prefiro usar whiskey americano, bourbon ou rye, para coquetéis, porque o escocês, quando é muito turfado, acaba se sobrepondo demais no cocktail”, diz Ale D’Agostino. “Mas existem cocktails em que você usa whisky escocês justamente pelo defumado, que é o caso do Penicillin (com limão siciliano, mel e gengibre). O Whisky Sour (com limão siciliano, açúcar, bitter e clara de ovo) funciona tanto com um bourbon como com um whisky mais simples com escocês. Às vezes misturar funciona bem também. No Old Fashioned (com açúcar e bitter) fica interessante colocar só um pouco de whisky escocês para dar um defumado leve e equilibrar com bourbon.”
Faça a lição de casa
Pesquisar sobre o que está no copo é um dos passos básicos para entender a bebida e, aos poucos, conhecer mais sobre características que diferenciam os whiskies (e quais agradam mais seu paladar). “Leia o rótulo, procure saber a graduação alcoólica dele, se é escocês e de qual região , se é bourbon, se é rye”, diz o bartender Ale D’Agostino, que já deu cursos sobre o destilado. Claro, tudo depende da ocasião. Em uma festa, por exemplo, você provavelmente não vai parar para “estudar” a garrafa. Mas, em casa, pode fazer sentido começar dessa forma o ritual de beber.